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sábado, 15 de janeiro de 2011

NO BANCO DA ESCOLA OU O BANCO NA ESCOLA?


Na Escola Finlandesa não não há bancos a visitar escolas, o que existe, no ensino básico, é uma disciplina fundamental designada por "Economia Doméstica".


Só entra por aqui quem não
tem outras soluções!
Na Finlândia
é diferente.

Há dias segui pela comunicação social que 20 alunos da Escola Básica  do 1.º Ciclo com Pré-Escolar do Galeão (São Roque, Funchal) tinham tido um contacto com a Economia. Resumiu o DN local: "Meio a sério, mais a brincar, o Banco Espírito Santo levou o projecto "No Banco da Escola" os conhecimentos básicos de como poupar. (...) Em colaboração com a Direcção Regional de Educação, a iniciativa que, na Região Autónoma da Madeira, pretende chegar a 360 crianças madeirenses, 21 turmas de 10 escolas, e no global, a 1.450 escolas e 48.100 alunos de todo o País, engloba-se no programa de ciência e literacia financeira do BES.
Confesso que não gostei. E não gostei porque esta iniciativa não constitui "no banco da escola" mas o "banco na escola". Não está em causa a instituição bancária, obviamente, de quem sou, aliás, cliente, mas o procedimento. Não sei o que está por detrás desta iniciativa, mas o BES, certamente, saberá. Estas iniciativas não são inocentes, obviamente. Daqui a dias oferecem aos pais um qualquer produto de poupança, sei lá, com um depósito da responsabilidade do Banco. Tudo é possível. E não sei se atrás desta iniciativa não estará, por exemplo, abertura ao crédito por parte do governo. Enfim, mas estes são aspectos marginais e especulativos da minha parte. Não é por aí que quero entrar. Quando li a notícia, de imediato, lembrei-me do que se passa na Finlândia, país de referência, que visitei e no qual me integrei no conhecimento do que se refere, entre outras, à sua política educativa.    
Na Escola Finlandesa não não há bancos a visitar escolas, o que existe, no ensino básico, é uma disciplina fundamental designada por "Economia Doméstica". Para além do idioma e literatura finlandeses, de outros idiomas, estudo ambiental, educação cívica, religião ou ética, história, estudos sociais, matemática, física, química, biologia, geografia, educação física, música, artes, trabalhos manuais, lá está a economia doméstica. É essa que deveria fazer parte do currículo e não um ou outro banco que entra escola adentro, obviamente, para lá semear a sua imagem. Até porque essa imagem no quadro de uma inicitiva muito pouco inocente, tarde ou cedo, acabará por arrastar para o crédito, para o consumo desmedido, pela atraente política de marketing e de publidade. Convenhamos, dificilmente para a poupança. O ensino da economia familiar tem outros contornos, mais profundos e sustentáveis que não podem circunscrever-se a umas "palhaçadas" que colocam os miúdos divertidos, mas com a imagem construída na sua consciência. 
Mas o problema disto é que a Secretaria Regional de Educação e Cultura apoia e aplaude. Ao invés de repensar toda a estrutura curricular, separando o essencial (matriz nacional) do acessório, e nesse essencial sugerir disciplinas de relevante importância na formação dos jovens, segue o caminho mais fácil e abstruso, isto é, se não sei como fazer, outros que façam. Assim, sempre propociona uns momentos de comunicação social. Que tristeza! 
Ilustração: Google Imagens. 

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