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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O PROBLEMA É DE POLÍTICAS E NÃO DE PESSOAS


Não é aceitável que se faça um apagão nas propostas feitas, que constituem alternativa a este poder, no plano económico, financeiro, da educação, dos assuntos sociais, enfim, em todos os sectores, áreas e domínios centrais da governação, tudo isso seja esquecido, não confrontado e tudo se resuma a uma história especulativa como se já fossem conhecidos os resultados eleitorais.

As eleições regionais realizam-se daqui por nove meses. Estará em julgamento político o trabalho deste governo regional nos últimos quatro anos. Neste caso, talvez, o trabalho de 34 anos de poder que conduziu à situação com a qual hoje nos confrontamos e os seus inevitáveis reflexos no futuro imediato, de médio e de longo prazo. Os eleitores, se forem bem esclarecidos, do meu ponto de vista, olharão para a Legislatura que agora termina, equacionarão em que redundaram as políticas e olharão para o futuro, neste caso, para quem está em condições de assegurar o futuro da Região. E digo isto porque sinto que existe uma tendencial formatação da opinião pública, isto é, que a solução está no interior do PSD, baralhando e dando de novo, e não na oposição, particularmente no PS, como partido, historicamente, alternativo de poder. Sinto que a "cama" está a ser feita, como se isto fosse um jogo de rotação de pessoas, daqui para ali, e não um problema de políticas, de concepções ideológicas e de posicionamentos sustentáveis. E a opinião pública, devagarinho, como se tudo fosse ingénuo, vai sendo inteligentemente fabricada, ao ponto de, na hora da verdade, na hora do voto, a população só encontre uma saída, a da continuidade.
Ora, a nove meses das eleições, a questão que se coloca não é e não deveria ser fulanizada, neste político que será aquilo, ou naqueloutro que assumirá a pasta tal! O problema é de políticas, é de confrontação de propostas que foram feitas e chumbadas em todos os sectores de actividade, é de mobilização da população para um debate sobre o futuro da Região, de pedagógica preparação para o acto da decisão e nunca de formatação da opinião pública. O resultado final, seja ele qual for, ao jeito de uma "evolução na continuidade" de Marcelo Caetano ou de significativa mudança, será ditado pelo Povo, soberano que é no acto solitário da decisão. Não me parecem, por isso, correctas, todas as especulações que possam ser feitas. Da mesma forma que não me reveria, pelo menos neste momento, numa situação especulativa sobre qual seria o conjunto de personalidades que constituiriam o elenco governativo do PS no caso de vitória eleitoral. 
O que sei e tenho, obviamente, os dados, é que não é aceitável que se faça um apagão nas propostas feitas, que constituem alternativa a este poder, no plano económico, financeiro, da educação, dos assuntos sociais, enfim, em todos os sectores, áreas e domínios centrais da governação, tudo isso seja esquecido, não confrontado e tudo se resuma a uma história especulativa como se já fossem conhecidos os resultados eleitorais.
É evidente que conheço a Região onde vivo e reconheço, numa hora que é difícil, a necessidade de vender o produto. Mas existe também uma ética e uma moral que devem ser preservadas. E neste aspecto há princípios que não abdico, exactamente porque são princípios, e há valores que os sigo, estruturados que se encontram em pensamento. Não abdico disso. Quando vejo a decadência do sistema político, quando assisto a indicadores extremamente preocupantes, quando olho em redor e vejo tanta gente desencantada, quando, em cima da mesa estão tantas propostas de solução e dou comigo a ver que, tendencialmente, o problema será de vira o disco e toca o mesmo, sinceramente, só tenho uma palavra para caracterizar o que sinto: desilusão. Mas não desisto!
Ilustração: Google Imagens.

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