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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

CONTINUA ABERTA A ÉPOCA DE CAÇA: CHUMBO EM CIMA EM TODAS AS PROPOSTAS!


Quantas vezes se ouve da boca do presidente do governo a palavra SOLIDARIEDADE? Li em Eduardo Galeano: "eu não acredito em caridade. Eu acredito na solidariedade. A caridade é vertical, expressa-se de cima para baixo. A solidariedade é horizontal, pois respeita a outra pessoa e aprende com o outro. A maioria de nós tem muito a aprender com as outras pessoas".


Faz sentido um pouco de luz solidária!
Esta semana os debates voltaram ao Parlamento. E foram discutidos assuntos de relevante importância. Tudo chumbado!
Destaco a proposta visando o "Acréscimo ao valor da retribuição mínima mensal nacional, para vigorar na Região Autónoma da Madeira". Em discussão estiveram três projectos (BE/PCP e Governo). O PS também teve uma proposta, apresentada a 24 de Novembro de 2010, que "estabelecia a taxa plurianual de acréscimo da retribuição mínima garantida a aplicar na RAM". Uma proposta de valor crescente de 3, 4 e 5%, relativamente aos anos de 2011, 2012 e 2013. O PSD chumbou-a. Agora, estão em debate outras três propostas. A do Governo prevê um aumento de apenas 2%, uma taxa que se mantém de 1987 e as restantes apresentam acréscimos na ordem dos 5%. Este debate foi interrompido e recomeçará no dia 16 de Fevereiro.
Mas o que é curioso e relevante é que, apesar dos partidos terem solicitado que aquelas três propostas baixassem à Comissão Especializada, para análise, discussão e, certamente, todos encontrarem uma plataforma de entendimento quanto ao valor mais ajustado, pelo andar da carruagem, estou certo que o PSD chumbará as propostas da Oposição e viabilizará a sua que corresponde aos desadequadíssimos 2%.
Este foi mais um sinal que ao governo e à maioria parlamentar lhe falta humildade política e responsabilidade social em função das necessidades da população. Tudo é cortado. Nem um cêntimo para os pobres, para quem passa necessidades, para quem tem direitos mas que que sente a falta de justiça social. Cortam na mesma lógica daquela antiga declaração, "nem um tostão para Timor", lembram-se? Eu lembro-me das palavras do presidente do governo em 29 de Agosto de 1999, que "a filosofia popular ensinou-me que cada um se deve governar por si".
Esta ausência de solidariedade, de saber governar olhando para as margens e não apenas para o grupo mais próximo, não faz de um governante um Homem e um grande líder. Quem se perde no egoísmo e nas redondezas do seu umbigo, demonstra visão curta e ausência de solidariedade. Fala de solidariedade sem sentimento. Aliás, pergunto, quantas vezes se ouve da boca do presidente do governo a palavra SOLIDARIEDADE. Muito poucas ou nenhumas. Franz Kafka escreveu que "a solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana". No discurso do presidente a solidariedade não converte em direito o que a caridade dá por favor, na esteira de José Ingenieros.
Li em Eduardo Galeano: "eu não acredito em caridade. Eu acredito na solidariedade. A caridade é vertical, expressa-se de cima para baixo. A solidariedade é horizontal, pois respeita a outra pessoa e aprende com o outro. A maioria de nós tem muito a aprender com as outras pessoas".
Só que ele não aprende nem quer aprender. Prefere a caridade. Deveria ler Antoine De Saint Exupery: "A verdadeira solidariedade começa onde não se espera nada em troca". Neste governo há sempre uma troca: peguem mais nove euros e passem para cá o voto. E a solidariedade não é isso. Mas quando toca a desgraça, sabe juntar as mãos, fazer um olhar terno e pedir que lhe resolvam os problemas. Foi assim no aeroporto com o Primeiro-Ministro, cuja fantástica foto (DN-Lisboa) aqui reproduzo, uma vez mais.
Que raio de governo este...
Ilustração: Google Imagens.

3 comentários:

Pica-Miolos II disse...

Não me canso de admirar a expressão mais conseguida da Hipocrisia e da Sabujice!!!

Estado solidário disse...

Eu acredito em solidariedade. Não na solidariedade estatal, imposta, mas na solidariedade que emerge de cada um.
Talvez você chame a esta última caridade.
A primeira, imposta, tem o resultado a que assistimos todos os dias: definem-se níveis de solidariedade (a dimensão do Estado Social) e depois, toca a "esticar a corda". Impostos, dívida - interna e externa - espreme-se quem trabalha e as empresas que produzem. Para garantir a tal solidariedade imposta.
No fim, a "galinha dos ovos de ouro" morre e, com ela morre tudo: Quem produzia e que usufruía.
Socialismos.

André Escórcio disse...

Meu caro "Estado solidário".
Começo pela sua frase: "mas na solidariedade que emerge de cada um".
Exacto. Estou preocupado com a solidariedade que aqui se passa e não na solidariedade de outras paragens. Mas ainda assim, vimos quanto o Povo Português, de Norte a Sul, até de Timor, quanto ele foi solidário após o 20 de Fevereiro. A contrária não tem sido verdadeira. Veja o que se passa na solidariedade da Madeira para com o drama do Povo açoriano em diversos momentos. Zero.