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segunda-feira, 28 de março de 2011

AS PALAVRAS NÃO SÃO NEUTRAS...


O que para mim é intolerável é que um texto viole, intencionalmente, os princípios que devem nortear a substancial diferença entre a crítica e a difamação. Se eu escrever, por exemplo, como aliás li, que fulano é "astuto", o que estarei a dizer é que fulano tem uma habilidade para o mal e para o engano. O que estou a dizer é que é um mau carácter (...)



A propósito do meu texto aqui publicado e que titulei de "baixeza e libertinagem" entendo complementá-lo com mais algumas preocupações que assumo sobre esta matéria.
É para mim óbvio que numa sociedade verdadeiramente democrática não existem intocáveis. A crítica, mais ou menos severa, ajuda, e de que maneira, a fortalecer a Democracia. Ao longo de muitos anos, na minha participação política fui tantas vezes visado pelas minhas posições. Tenho trinta e tal anos de defesa, por exemplo, de um desporto ao serviço do desenvolvimento e não ao serviço dos interesses políticos e isso tem-me custado alguns dissabores; levo os mesmos anos a defender um sistema educativo que possa gerar sucesso e excelência e, bastas vezes, tenho sido visado. Tenho, portanto, uma larga experiência sobre ofensas graves que me atingiram na honra e no meu carácter. Eu sei quem me defendeu quando um secretário foi à RTP, quando lá prestava uma colaboração remunerada, para por-me, injustificadamente, a andar de lá para fora. E lembro-me de ter sido frontalmente ameaçado por um político quando, nos anos 80, mantinha uma colaboração semanal no Diário de Notícias. Nessa altura, porque tive algum receio, escrevi: "(...) durante todo este tempo sofri diversas pressões no sentido de pôr ponto final às despretenciosas análises que aqui tenho vindo a fazer. Na última semana, porém, fui ameaçado, coagido, sob pena de "vir a ter problemas". De forma crua e directa. Embora sem medo de possíveis represálias, vou parar por uns tempos. As férias também são necessárias. Não deixarei, no entanto, de continuar atento a esta área da Educação". Eu sei que são situações distintas, mas dá para ter presente o que uma pessoa sente em determinados momentos. É a sua seriedade e honestidade que é posta em causa. É perseguição subtil a partir da qual outras coisas acontecem.
Mas também, valha a verdade, que li ou escutei críticas a meu respeito que me ajudaram a reflectir (e de que maneira) sobre algumas posições tomadas. Críticas que nunca tocaram na minha honorabilidade. Essas sempre as considerei como fundamentais, embora, por vezes, custasse-me engoli-las. Mas como dizia o outro, é a vida, nem sempre estamos na mó de cima. Ora, o que para mim é intolerável é que um texto viole, intencionalmente, os princípios que devem nortear a substancial diferença entre a crítica e a difamação. Se eu escrever, por exemplo, como aliás li, que fulano é "astuto", o que estarei a dizer é que fulano tem uma habilidade para o mal e para o engano. O que estou a dizer é que é um mau carácter, um sujeito vil, que não sabe viver e conviver em sociedade, no fundo, que se deve ter cuidado com ele. É este o campo que repudiu.
Bom, tenho o dever de considerar a situação em causa como um momento de escrita infeliz e tão somente isso. Serenamente, passado o momento da publicação, mais a frio e em reflexão, certamente que, quem o produziu, voltaria atrás. Estou certo disso, porque conheço as pessoas. O problema é que não há regresso e, num quadro destes, manda a humildade que se reconheça o erro. A quantos, ao longo da minha vida, pedi desculpa, por motivos insignificantes! E quantos me fizeram muito mal e que hoje cumprimento e dialogo. Aprendi com um Mestre da Educação e da Vida: "anda sempre com o apagador na algibeira. Apaga as situações menos boas para que ganhem destaque as coisas boas da vida".
E sobre esta matéria, da minha parte, neste espaço de comunicção, ponto final.
Ilustração: Google Imagens.

2 comentários:

Leitor disse...

Sr. Deputado
Coloque aí um link para o texto de que fala. Para que se entenda do que escreve...

André Escórcio disse...

Obrigado.
Poderá ler o comentário ao Deputado Carlos Pereira publicada no DN (Análise da Semana) do passado Domingo.