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quarta-feira, 16 de março de 2011

POLÍTICA DE TRAZER POR CASA


É que um Deputado não serve apenas para repetir o que o "chefe" diz. Um Deputado tem o dever de pensar pela sua própria cabeça, o que implica reunir todas as variáveis do problema para, então, assumir uma posição.

Dois assuntos debatidos ao início da manhã parlamentar, pelo conteúdo de um e sentido de voto de outro, deixaram-me irritado. E deixaram-me porque não é assim que se faz política séria. Vamos por partes:
Primeiro. O voto de congratulação pela conquista, através do Diário de Notícias, do título de "Jornal Europeu do Ano". Na oportunidade produzi a seguinte intervenção:
Senhor Presidente
Senhoras e Senhores Deputados,
Este galardão conquistado pelo DN acaba por ter mais sabor, mais interesse, quanto maior são os ataques que lhe fazem.
Foram precisos outros, lá fora, reconhecerem aquilo que alguns não querem ver cá dentro.
O sentido estético do jornal, o seu grafismo, a abrangência das temáticas, constituem uma marca que todos os madeirenses se devem orgulhar, quando são, certamente milhares que se publicam por essa Europa.
Mas este prémio espelha também, a saudável teimosia empresarial de várias gerações que o tornaram ímpar na liberdade de expressão. Teimosia empresarial de reconhecido valor, quando todos os dias têm de lutar contra um mercado com regras desvirtuadas a todos os níveis.
Enquanto uns não precisam de se mexer, apenas de publicar, o DN, todos os dias tem de procurar as receitas para manter os postos de trabalho dos seus colaboradores.Que o centenário Diário continue com o seu dinamismo, com o seu sentido de luta pela liberdade, o seu sentido de independência. São esses os factores que ajudam a melhorar a democracia.
Quando aqui vêm tantos votos de congratulação por um ou outro título conquistado por atletas desta Região, esperamos que todos os parlamentares votem favoravelmente, pois este galardão contribui, indiscutivelmente, para a nossa própria auto-estima enquanto povo insulano".
Todas as bancadas votaram favoravelmente MENOS O PSD. Que raio de posição esta (eu bem compreendo) que não consegue discernir um galardão europeu de uma leitura alegadamente política ou de critério editorial? Senti vergonha.
Segundo. A intervenção da Senhora Deputada Nivalda Gonçalves (PSD) no espaço destinado à Declaração Política Semanal. Uma intervenção toda ela virada para a República, passando completamente ao lado do que por aqui se passa. Por momentos senti-me na Assembleia da República e não na Assembleia Legislativa da Madeira. Um facto, aliás, habitual, na Assembleia.
A Deputada fez uma caracterização enviesada e de argumentação muito frágil sobre a República, mas nem uma palavra sobre soluções para o problema do País. Crítica pela crítica como se estivesse em uma mesa de café. Sobre a Madeira, sobre os reais problemas que nos atormentam nem um sinal. Refiro-me à preocupante dívida, à pobreza e ao desemprego, por exemplo. Aquilo que criticou para lá não conseguiu, aqui mesmo ao seu lado, tecer o necessário olhar para quem foi eleita pelo Povo para o defender. Não conseguiu ver por aqui os conflitos na saúde e as dívidas, o abandono e o insucesso escolar, os encargos assumidos e não pagos, a falência das sociedades de desenvolvimento e das empresas públicas e a angústia dos empresários. Falou de despesas correntes, mas esqueceu-se de olhar para a Região para o autêntico regabofe da estrutura organizativa megalómana que leva milhões do erário público.
E lá disse que o País deveria partir para eleições antecipadas. Saberá a Deputada, no actual quadro político e na actual conjuntura política internacional, o que significa isso? Quais serão as consequências desse passo?
Senhora Deputada: é preciso ter bom senso. Eu discordo de muita coisa, muita mesmo, do que se passa no País, na Europa e no Mundo, mas o momento que atravessamos, embora exija análise crítica firme, exije também equilíbrio, sentido de responsabilidade e sentido de ESTADO. É que um Deputado não serve apenas para repetir o que o "chefe" diz. Um Deputado tem o dever de pensar pela sua própria cabeça, o que implica reunir todas as variáveis do problema para, então, assumir uma posição. Por aqui fico.
Ilustração: Google Imagens e arquivo pessoal.

3 comentários:

António Trancoso disse...

Meu Caro André Escórcio
Um Deputado(do PSD)pensar pela própria cabeça?!
Deve estar a brincar...
Aquele "bando par(a)lamentar" é a emanação de uma maioritária ruralidade, culturalmente recuada, que lhe dá um poder ditatorial há mais de três décadas.
É bom,no entanto,que saibam que há quem os despreze com a mais intensa das náuseas.
Um dia,a menina deputada,há de perceber que vale mais a observação de um Sensato que um banho de uma multidão de pacóvios ululantes.
Um abraço.

Fernando Letra disse...

Que mal lhe pergunte (como por cá se diz), meu caro amigo: quem é que apresentou esse voto de congratulação?

Um abraço.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Peço desculpa pelo lapso involuntário. Não costumo falar nesse aspecto. A iniciativa foi do BE.
Obrigado, Amigo.