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sexta-feira, 15 de abril de 2011

JARDIM, A GRANDE FRAUDE


Como é possível uma Região estar à mercê de um político desta natureza e como é possível ter uma sociedade vergada à sua batuta. Ali se percebe bem o homem que sempre esteve e glorificou o Estado Novo, os caminhos politicamente tortuosos que seguiu para chegar ao poder e a nódoa (revoltante) que constituiu para a Igreja Católica toda a actividade do Bispo Santana.

Ontem, adquiri, na FNAC, o livro "Jardim, a grande fraude". Tinha uns pontos acumulados no cartão e o livro de 525 páginas custou-me € 0,61. O preço de capa é de € 22,90. Por sessenta e um cêntimos vou ter o prazer de ler toda ou quase toda a história desta "madeira nova". Devorei, de imediato, ao fim da tarde, as primeiras cem páginas. Começo agora a ler o capítulo sobre a FLAMA e as bombas.
Deixarei mais para diante um comentário sobre o livro, mas não deixo, desde logo, de assumir que sinto vergonha de ter como presidente um homem como Alberto João Jardim. Estas primeiras cem páginas, salvo um ou outro pormenor de relevante importância, não me trouxeram grandes novidades, mas as palavras lidas, contextualizadas e cruzadas com outros comportamentos, confesso que me deixaram arrepiado e revoltado. No fundo, como é possível uma Região estar à mercê de um político desta natureza e como é possível ter uma sociedade vergada à sua batuta, durante 36 anos. Ali se percebe bem o homem que sempre esteve e que glorificou o Estado Novo, os caminhos politicamente tortuosos que seguiu para chegar ao poder e a nódoa (revoltante) que constituiu para a Igreja Católica toda a actividade do Bispo Santana. A excelente e simples narração e os muitos testemunhos de figuras da época, quase que nos transporta para o âmbito da ficção, não soubéssemos nós que assim se passou. Repito, sinto vergonha de ter esta personalidade como presidente do governo. Respeito, obviamente, o ser humano, a pessoa, não o tolero enquanto político. Politicamente repugna-me. Simplesmente porque não aceito este monumental e histórico jogo de bastidores, a pouca-vergonha dos interesses e o controlo da sociedade. Sinto a revolta de ver tanta gente subjugada, incapaz de dizer basta, de colocar este regime porta fora, de acabar com esta pressão suja que apenas conduzirá à tragédia na Região Autónoma da Madeira.
Ilustração: Google Imagens.

8 comentários:

José Luís Rodrigues disse...

De facto a palavra que salta mais ao nosso pensamento é essa: vergonha... Foi o que senti ao ler o livro e mais sinto agora depois das várias recusas em relação ao lançamento do livro aqui na Madeira. Haja paciência para suportar esta «porcaria» de sociedade madeirense que nós temos.

André Escórcio disse...

Obrigado, Padre, pelo seu comentário.
Repare, o livro, tendo muito a ver com o político em questão, eu desculpo-o de todas as maroscas enquanto homem (somos falíveis), mas já não aceito que uma sociedade inteira se deixe vergar ao seu pensamento. Isso é que me custa.

Anónimo disse...

Também comprei o livro ontem na Bertrand do Fórum. Preço 22,46, -0,44 do que na Fnac. Disseram-me que o José Manuel Coelho também o comprou. Estou neste momento na página 36. Depois de ler aqui e agora o artigo do Prof. André Escórcio, diria que das duas uma : ou o povo é burro ou a oposição não soube explorar e sensibilizar a população para o facto de esta se ter deixado enganar e andar constantemente a votar neste embuste. Eu sei que era praticamente impossível remar contra uma maré de "rosas" habilmente armadilhada. Mais tarde ou mais cedo o azeite vem à tona ! A verdade dos números também, seja cá ou lá ..., basta a "bolha" deixar de ser alimentada !...

Anónimo disse...

Aos meus preclaros antecessores, lembrando apenas as palavras de Carlos Martins,justificantes do Vosso sentir:
"Madeira - Ilha bela, de sol e luz, cheia de gente sombria".
Cumprimentos.
V.D´A.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Cada página que viro sinto a angústia de não ser perceptível pela grande massa popular a história de todos estes anos. Tem toda a razão, isto é um embuste.
Falo muito distante das minhas convicções partidárias. Falo enquanto cidadão e em nossa defesa.
O que estou a ler e a recapitular neste momento, parece-me trágico.
Lamento.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário V.D'A.
Tantas vezes que dessa frase me tenho lembrado!

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

Inteiramente de acordo. Já comprei o livro (mas paguei o preço de capa…) e já li um bom bocado.
Independentemente do seu conteúdo, o que verdadeiramente está em causa é o facto de um cidadão, nesta caso jornalista, emitir uma opinião sobre o actual governante da Madeira. Poderá até estar errado, mas tem todo o direito de publicar aquilo que pensa e não são admissíveis quaisquer tentativas para o silenciar.
É que uma democracia, por mais avançada que seja, está sempre sujeita às trapaças de tiranetes que a transformam, na prática, numa ditadura disfarçada. Tiranetes estes que sub-repticiamente vão minando os pilares da liberdade mentindo, comprando juízes, calando vozes, colocando nos lugares chave os seus "boys". Processo perverso e insidioso em que o medo por um lado, e o oportunismo por outro, fazem com que cidadãos se entreguem a excessos de zelo, não tendo sequer de receber ordens expressas para colaborar com a iniquidade. É o caso das dificuldades encontradas na Madeira para fazer um lançamento condigno da obra que refere. Urge portanto que sejam denunciadas todas estas manobras porque o que está em perigo é uma das maiores conquistas de Abril, a liberdade de expressão.
Mas não nos podemos ficar por aqui. Se o problema é grave a nível regional, torna-se muito mais grave e preocupante a nível nacional. A justiça tem de ser cega e não se pode divulgar uma fraude deixando de fora outra muito maior.
Se Ribeiro Cardoso teve dificuldades em lançar o seu livro na Madeira, António Balbino Caldeira, que escreveu o livro “O Dossiê Sócrates”, nem sequer o conseguiu publicar em Portugal. Teve de o fazer na estrangeira “Lulu.com” e quem o quiser comprar terá de o fazer pela Internet, pagando demasiados custos de envio, o que torna a sua aquisição fora do alcance de muitos.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Inteiramente de acordo consigo.