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sexta-feira, 20 de maio de 2011

MENOS ESCOLA, MELHOR ESCOLA!


Os alunos não precisam de mais escola, mas de melhor escola. São dois aspectos completamente distintos. Não é por iniciar mais cedo, nas primeiras duas semanas de Setembro e prolongando-se até Julho, que os jovens adquirirão as necessárias competências para a vida. Não é por aí que o problema da qualidade educativa se resolve. Resolve-se com melhor escola.


Ontem, circunstancialmente, já no final do programa, ouvi um jornalista falar sobre o desporto e sobre a escola. Não vou entrar em pormenores, mas dois aspectos registei: que os alunos precisam de mais tempo na escola, iniciando as suas actividades do ano lectivo uma semana mais cedo; depois, que o desporto escolar deveria estender-se por todo o ano. Vamos lá, fundamentalmente, ao primeiro aspecto, porque considero-o de maior importância.
Os alunos não precisam de mais escola, mas de melhor escola. São dois aspectos completamente distintos. Não é por iniciar mais cedo, nas primeiras duas semanas de Setembro e prolongando-se até Julho, que os jovens adquirirão as necessárias competências para a vida. Não é por aí que o problema da qualidade educativa se resolve. Resolve-se com melhor escola. É evidente que há um número de dias e de pausas na actividade lectiva considerados fundamentais, e esse está mais ou menos aferido pelos padrões internacionais. Há países que começam a actividade mais cedo mas têm maior número de pausas lectivas, em função de vários factores, entre os quais, a questão climatológica. Portanto, repito, o problema situa-se numa concepção de melhor escola e não de mais tempo na escola.
Os tempos são diferentes, os enquadramentos do conhecimento também, mas sempre digo que, no tempo do meu tempo, as actividades lectivas começavam a 07 de Outubro, com pausas idênticas às de hoje (Natal, Carnaval e Páscoa). E em Janeiro, recomeçava, também, a 07. Isto não significa que fosse uma boa escola, apenas esclarece que não é o facto de mais tempo passado no espaço escolar que determina melhor qualidade e sucesso educativo. Da mesma forma que a designada "Escola a Tempo Inteiro", na esteira de muitos e qualificados autores (sociológos, psicólogos, pedagogos e outros analistas sociais), emerge da desorganização social (familiar, inclusive) e, particularmente, da desestruturação do mundo laboral, e não, objectivamente, por factores de necessidade educativa. Daí se possa, sumariamente, dizer que o que está em causa, grosso modo, é a reorganização do sistema educativo, uma vasta autonomia dos estabelecimentos de educação e ensino, um mais racional e adequado número de alunos por escola e por turma, uma permanente formação do quadro docente, uma outra estrutura curricular e programática, enfim, o assunto é vastíssimo no quadro de uma melhor escola que não passa por mais tempo na escola, sublinho, uma vez mais. 
Quanto ao Desporto Escolar, esse é mais um assunto que está escalpelizado desde os primórdios dos anos 80. Há trinta anos que há trabalhos sobre o clube escolar, a associação concelhia do desporto escolar e a federação regional do desporto escolar. Há trinta anos que há estudos desenvolvidos e negados pelo governo. Nada é novo. Pela parte que me toca, humildemente, escrevi inúmeros textos sobre esta matéria e publiquei dois livros, um dos quais no "Ano Europeu da Educação pelo Desporto", em 2004. O essencial está lá. Portanto, trata-se de uma matéria recorrente, que tende a compaginar o "desporto educativo escolar", em substituição da "Educação Física", com toda a restante actividade do sistema educativo. E sendo assim, digo eu agora, já não há pachorra para aturar tanto devaneio e tanta mentira do governo regional.
Ilustração: Google Imagens.

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