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segunda-feira, 6 de junho de 2011

AS SEITAS E OS POLÍTICOS COM p MINÚSCULO


Nem na vitória soube ser generoso. Na consciência deveria ter presente as suas manobras de bastidores, o "seu" Jornal da Madeira, as cumplicidades de muita gente neste tenebroso polvinho que tão bem cozinhou, os rios de dinheiro que correram a seu favor, oriundos dessa magnânima Europa e do País que tanto o enerva e, portanto, a consciência deveria aconselhá-lo à generosidade no momento da vitória. Mas não, preferiu, pela palavra, esmagar partidos de relevante importância na Democracia. 

Os políticos com P maiúsculo sabem vencer com generosidade. Os políticos com P maiúsculo sabem também assumir uma atitude de grande elevação quando perdem. Manda a Democracia que assim se comportem. Ontem, assisti a duas atitudes discursivas completamente díspares e que caracterizam bem as duas personalidades em questão. Na hora da derrota o Engº José Sócrates foi brilhante. Fez um discurso irrepreensível. Não andou para ali com "rodriguinhos", com desculpas esfarrapadas, com ataques a este e àquele, antes assumiu o veredicto do povo eleitor, sempre num tom de voz em que, em momento algum, demonstrou amargura. Um discurso de um democrata, que lutou pelas convicções num primeiro momento, mas que aceitou a derrota com total fair-play. Gostei. E gostei porque durante todo aquele momento ele trouxe-me à memória, em contraponto, o desengonçado discurso do Professor Aníbal Cavaco Silva na noite que o povo lhe concedeu um novo mandado de Presidente da República. Nessa noite, do Presidente eleito senti, a espaços, o azedume da campanha. Como se ele não tivesse de ser confrontado. Ontem, o discurso do Engº José Sócrates, goste-se ou não dele, foi um discurso sem raiva, foi um discurso sereno de um político com P maiúsculo.
Pelo contrário, mais tarde, ouvi as declarações do Presidente do Governo Regional. Foi uma intervenção de um político com p minúsculo. O mínimo foi considerar os partidos da oposição, particularmente o PS e o CDS, como "SEITAS". Nem na vitória soube ser generoso. Na consciência deveria ter presente as suas manobras de bastidores, o "seu" Jornal da Madeira, as cumplicidades de muita gente neste tenebroso polvinho que tão bem cozinhou, os rios de dinheiro que correram a seu favor, oriundos dessa magnânima Europa e do País que tanto o enerva e, portanto, a consciência deveria aconselhá-lo à generosidade no momento da vitória. Mas não, preferiu, pela palavra, esmagar partidos de relevante importância na Democracia. 
A palavra "seita" envolve, todos sabemos, um conceito tendencialmente depreciativo e foi essa a intenção que quis transmitir. Ora, que a oposição diverge da doutrina ou do sistema dominante é evidente que sim, mas é a DEMOCRACIA que o exige. Sem os partidos opositores ele não seria nunca vencedor. Se o foi, uma vez mais, é porque outros com significância social apresentaram-se com os seus programas e lutaram pela vitória.
Mas o mais interessante é o facto de ter juntado às ditas "seitas" a RTP e a RDP-Madeira. Como se a oposição tivesse dado a sua concordância às lideranças dessas estações de "serviço público" ou como se elas tivessem de estar ao seu serviço. Quem foi ouvido e quem concordou (eu conheço todos os ingredientes do cozinhado) com tais nomeações, ainda por cima, foi exactamente ele, enquanto presidente do governo regional da Madeira. Só que aquele momento tinha de ser aproveitado para desferir mais um ataque, para meter medo, colocá-los de sobreaviso, porque agora, na República, meus senhores, mandamos nós. Cuidado!
Ilustração: Google Imagens.

3 comentários:

Pica-Miolos II disse...

"Se queres conhecer o vilão,mete-lhe na mão o bastão."

André Escórcio disse...

Absolutamento de acordo.

Espaço do João disse...

Nunca vi um cão raivoso, obedecer ao dono.
Mesmo que lhe dê de comer à mão, morde sempre.