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quinta-feira, 16 de junho de 2011

FALTAM 115 DIAS...


O exercício da política deve ser sempre interpretado como um serviço público à comunidade. Nunca como um emprego. Daí o meu desprendimento. Estou, quando acredito, mesmo em um mar de adversidades; interrompo, quando descortino que a minha coluna está a ser tocada ou violentada. Não está em causa a divergência de opinião, pois entendo-a como princípio basilar da vivência democrática, qual fermento que ajuda o colectivo a crescer. O que tenho sérias dificuldades em aceitar e "digerir" é o silêncio calculista, perturbador e as zonas translúcidas dos processos.


Tenho as minhas convicções políticas, profundamente enraizadas pela experiência de vida. Não foram, apenas, as minhas leituras, a confrontação do essencial dos textos, a "herança" do meu pai, mas a permanente ligação do que fui conjugando com a vivência do mundo real, partindo do universal para o local e vice-versa. Sou socialista e ponto final. Filiado, isso sim, nos princípios e nos valores, de uma "declaração de princípios" que não rasgo ou apenas olho  quando dá jeito. Sempre gostei de responder às exigências sócio-políticas do mundo contemporâneo, aos valores da liberdade, da igualdade, da solidariedade, da integração social, da diversidade e da iniciativa, responder à defesa da promoção dos direitos humanos, neste pressuposto, também, aos direitos primaciais das liberdades, garantias e da democracia política, responder à paridade entre géneros na vida cívica, económica, cultural e social, responder ao combate às desigualdades e discriminações, responder a uma economia de bem-estar, de regulação do mercado na defesa da coesão social e territorial, o que implica a defesa do Estado Social, a independência do poder político face aos poderes económicos, responder, ainda, radicalmente, à defesa da democracia, do ambiente e da sustentabilidade, da intervenção democrática dos trabalhadores, responder a uma cultura humanista, científica e tecnológica e a uma nova ordem económica internacional. É por isso que sou socialista e com orgulho. É por isso que tantas vezes digo que o PS é para mim muito mais, repito, muito mais, do que os lugares que circunstancialmente ocupei ao longo da vida ou agora ocupo. O partido é apenas um instrumento capaz de conduzir à implementação desses princípios orientadores. Obviamente que respeito os outros amigos de percurso político, distribuídos por vários partidos, mas luto pelas minhas convicções, sem atropelos e tentando sempre procurar os pontos de encontro e não os desencontros.
O exercício da política deve ser sempre interpretado como um serviço público à comunidade. Nunca como um emprego. Daí o meu desprendimento. Do meu currículo, de Assembleia constam apenas dois mandatos.  Estou, quando acredito, mesmo em um mar de adversidades; interrompo quando descortino que a minha coluna está a ser tocada ou violentada. Não está em causa a divergência de opinião, pois entendo-a como princípio basilar da vivência democrática, qual fermento que ajuda o colectivo a crescer. O que tenho sérias dificuldades em aceitar e "digerir" é o silêncio calculista, perturbador e as zonas translúcidas dos processos. Gosto da frontalidade, do debate olhos nos olhos, de reconhecer a inteligência dos outros, dos processos de integração e não de divisão, gosto de viver no sentimento que sou apenas mais um que conjuga esforços com os demais.
Mas, enfim, a vida é assim, muitas vezes não é aquilo que ambicionamos. Temos de aceitar os desencontros com serenidade, na esperança de novos encontros. O problema central, esse, de facto, é um problema, é que a Madeira está, mais ou menos, a 115 dias de eleições legislativas regionais. E este aspecto preocupa-me, aliás, como já aqui escrevi. Não disputo lugares, quero uma alternativa de poder. E é neste sentido que tem de ser encontrada uma saída política geradora de CONFIANÇA, só possível com credibilidade política, técnica e notoriedade social, para que se possa cumprir a tal "declaração de princípios" com que iniciei este texto ao jeito de desabafo. A cada dia que se passa o tempo escasseia e não é através de calculismo e de pressões que o problema maior se resolve. Este é o meu "drama", porventura, não o de muita gente.
Ilustração: Google Imagens.

4 comentários:

Espaço do João disse...

Meu aro André.
Ser Socialista, quanto a mim é dizer que sou sócio.
Sim!!! Sou também sócio duma sociedade que cada vez mais foge do bem estar de cada um. De tanto ver singrar os incompetentes, os parasitas e como diz o Miguel Esteves Cardoso " os lambecus", cada vez me sinto mais distante deste mundo cruel.
Estamos a 115 dias de eleições? Eu diria que o 115, vai permanecer, pois o 112 já está instalado mas, muita gente continua a ligar o 115.
Enquanto não se desmantelarem todos os "óculos escuros",esse pobre povo será sempre espezinhado e maltratado. POVO laborioso fora da Madeira, mas na sua terra acomodativo e cegueta.
Possivelmente quando abrir os olhos, já é demasiado tarde.
Um abraço
João

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário, Caríssimo João.
Vamos lá ver se não necessitamos de um 112.

António Trancoso disse...

Meu Caro Amigo
Subscrevo integralmente tudo o que escreveu. Também partilho o "drama" que o incomoda,embora o meu não possa comparar-se com o seu, substancialmente agravado pelo "dever de ofício" que o vincula.
Creia que,dadas as circunstâncias, não o invejo!
Um abraço.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário. É de Amigo e de pessoa que pensa a política. Um abraço.