Adsense

segunda-feira, 27 de junho de 2011

OUTUBRO, ALI TÃO PERTO!


Preferem, neste Orçamento Rectificativo, avançar com mais um aval de reforço das garantias prestadas às instituições de crédito. O resto, o prioritário, pode esperar. A fome pode esperar, as empresas podem esperar, os despedidos podem esperar, os calotes, enfim, podem esperar. A obra pública para inaugurar a tempo das eleições, essa não. Essa é prioritária, é essa que garante discursos, garante os palcos para os ataques aos que denunciam, garante, nesse dia e só nesse dia, uma mesa com o churrasco e o vinho seco.

Uma nota, neste meu dia muito atarefado e sem grande margem para escrever o que na alma me vai. Mas vamos a isto. Uma pequena nota quando preparo o debate sobre o Orçamento Rectificativo que, na próxima Quarta-feira, estará em debate na Assembleia Legislativa da Madeira. Trata-se de uma nota de indignação, quando verifico que este governo continua cego e surdo à realidade. Mudo, não, porque fala que se farta e apresenta-se sempre fidalgo, embora se saiba com uma mão à frente e outra atrás. Metaforicamente, em pino, não deita um cêntimo que acuda a realidade. Mas, fala, barafusta, exibe o acessório e esconde o essencial, aquilo que faz falta e que o povo reclama.
A televisão, todos os dias, funciona como uma "passerelle", porque o importante é debitar palavras e mesmo que não entendíveis, lá pensarão que "mais vale uma imagem que mil palavras". Penso até que há secretários regionais mais apostados na promoção da sua imagem pública do que em governar. Tenho presente o Dr. Manuel António, o inefável secretário dos recursos naturais e ambiente. Ele, todos os dias, "inventa" qualquer coisita para lá estar, correndo até o risco do presidente do governo ver-se ultrapassado nos contabilizados minutos de exposição. Enfim, dir-se-á que é a estratégia de guerra onde vale a superioridade de fogos (palavras) através da presença do "exército". Neste caso, os verdadeiros problemas, cada vez mais estão a ficar para depois, determinante é aparecer, dizer umas coisas e proporcionar o sentimento que o governo trabalha.
Bom, mas iniciei este texto com a minha indignação relativamente ao Orçamento Rectificativo. Embora este governo esteja a terminar o seu mandato, ainda seria tempo para o governo corrigir a longa listagem de calotes que estão a conduzir as empresas a estados de falência e ao despedimento. Existem estados de gravíssima aflição empresarial, que se encontram no limite das possibilidades, entre aqueles que investiram e que se vêem agora perante uma montanha de problemas onde se inclui o drama da facturação não liquidada. Mas a isto o governo não atende. Vejo os estabelecimentos de educação e ensino sem um cêntimo, com dívidas a fornecedores até ao céu da boca, com dívidas aos professores, mas o governo a isto não atende. Vejo o sistema de saúde agonizante, com milhões de dívidas às farmácias e a empresas parceiras e convencionadas, que estão a colocar em causa milhares de colaboradores, mas a isto o governo não atende. Vejo a pobreza a crescer e famílias de mão estendida e vejo vinte milhões em novas obras na marina do Lugar de Baixo, sem a certeza de que o mar, lá para Novembro, não os levem embrulhados nas ondas. É a lógica da aparência e da opulência, de uma riqueza que não existe, enquanto a esmagadora maioria, cada vez mais, está confinada a um redil como se de animais se tratasse. Preferem, neste Orçamento Rectificativo, avançar com mais um aval de reforço das garantias prestadas às instituições de crédito. O resto, o prioritário, pode esperar. A fome pode esperar, as empresas podem esperar, os despedidos podem esperar, os calotes, enfim, podem esperar. A obra pública para inaugurar a tempo das eleições, essa não. Essa é prioritária, é essa que garante discursos, garante os palcos para os ataques aos que denunciam, garante, nesse dia e só nesse dia, uma mesa com o churrasco e o vinho seco.
Mas quando, gente da minha terra, se livrarão deste quadro político, mas quando, gente da minha terra, entenderão que este é o caminho da catástrofe social?
Ilustração: Google Imagens.

Sem comentários: