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terça-feira, 7 de junho de 2011

PACTO NA EDUCAÇÃO? O SECRETÁRIO SÓ PODE ESTAR A BRINCAR!


Então, com um sistema regionalizado, que não conheceu outro partido político que não o PSD-M a orientá-lo, como pode um Secretário falar do reforço da autoridade dos professores e de um pacto de regime? Será que isso depende da revisão constitucional? Então para que serve a Autonomia político-administrativa?


O Secretário Regional da Educação voltou ontem a sacudir as responsabilidades que tem, perante um sistema educativo regionalizado e sobre o qual tem todas as responsabilidades na sua condução política. Sacudiu a sua responsabilidade ao considerar que ao futuro governo da República competirá "(...) rever os currículos, reforçar a autoridade dos professores e dar condições aos alunos e aos professores para estudarem e para trabalharem" (...) "há muitas coisas a fazer no campo da Educação". E falou de um "pacto de regime" de um "acordo de regime que não se limite apenas aos partidos que vão estar no governo, mas a uma base mais alargada que garanta que aquilo que se possa fazer perdure o tempo suficiente para sabermos que está bem feito".
Li e exclamei: bem prega Frei Francisco! Então, com um sistema regionalizado, que não conheceu outro partido político que não o PSD-M a orientá-lo, como pode um Secretário falar do reforço da autoridade dos professores e de um pacto de regime? Será que isso depende da revisão constitucional? Então para que serve a Autonomia político-administrativa? Para que serve ter uma Assembleia, um governo e um orçamento próprios? Então, porque mandou chumbar todas as propostas do PS-M na Assembleia Legislativa que visavam exactamente isso? Estamos a falar, concretamente, entre outros, do Regime Jurídico do Sistema Educativo e do Estatuto da Carreira Docente. E que razões o levam a fechar-se ao debate destas importantes questões na relação com os deputados da oposição e com os parceiros sociais?
Ademais, o "pacto de regime" não constitui matéria nova. Foi lançado pelo Professor Marçalo Grilo, em 1995, enquanto Ministro da Educação do governo do Engº António Guterres sob a designação de "Pacto Educativo para o Futuro". Tratou-se de um instrumento estratégico para o desenvolvimento educativo do país. Um documento que partiu do pressuposto que a Educação constitui um assunto de todos, que deve ser politizada e não partidarizada. E como assunto de todos, visava acordos, parcerias e coordenação de esforços. Exactamente o que o PS-M propôs na Assembleia e que não teve acolhimento pela maioria PSD. E vem agora o Secretário, dezasseis anos depois, falar de um "pacto de regime" quando ele próprio furta-se ao diálogo e mantém uma surdez relativamente aos sinais da própria sociedade.
Mas o que é mais espantoso é a negação da Autonomia, quando o governante fica à espera das decisões do novo governo da República para gerar, na Madeira, os pressupostos de uma educação portadora de futuro. Há, de facto "muitas coisas a fazer na educação", a primeira das quais tem a ver com a mudança de governo na Região.
Ilustração: Google Imagens.

6 comentários:

Açor e Cagarra disse...

As suas propostas não foram apresentadas no lugar correcto.
Deveriam ter sido entregues ao vosso deputado na AR (quem era?) para que fossem avaliadas por quem tinha (agora, acabou) o poder de as implementar. O Ministério da Educação.
Essa matéria de intervir no sistema educativo está reservada à AR.
Você poderia gostar que assim não fosse. Mas para isso haveria que mexer na Constituição e na Lei de Bases o que você também não considera.
Mas agora as coisas vão mudar.
Só restam os Açores que,pelos vistos (25%) poderão também ir por esse caminho quando chegar a altura.
O Socialismo não leva a lugar nenhum. Porque não é suficiente ter boas intenções.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Eu compreendo o seu "drama partidário". Vou-lhe ser sincero: nunca vivi o pesadelo de colocar à frente da minha visão do mundo e da minha terra, o "drama partidário". Para mim, creia, o partido é apenas um instrumento para a implementação de uma política. E falo assim sobretudo pelos seus últimos parágrafos.
Mas vamos ao que interessa.
Ao contrário do que diz, as minhas propostas seguem uma linha AUTONÓMICA, que compagina a Constituição, a LBSE, vários acórdãos do Tribunal Constitucional, vários pareceres do Senhor Representante da República e, naturalmente, as minhas convicções baseadas em estudos sobre política educativa.
Os diplomas apresentados, enquanto madeirense e deputado, foram entregues no lugar próprio, na Assembleia Legislativa da Madeira. Se dali não transitaram para a República (por uma ou outra razão, com aqueles ou outros textos) foi apenas porque o PSD os inviabilizou. Nem os discutiu de forma séria. O problema é esse. Bom seria que se politizasse a Educação e não a partidarizássemos.

Açor e Cagarra disse...

Discutir para serem travados no Ministro da República?
Não tinha sentido algum.
Isso tinha que andar era na Assembleia da República. O que o seu partido nunca fez. A proposta era sua e do PS Madeira, tinha que ser apresentada pelo PS no lugar devido.
Querer que a Assembleia Regional validasse a sua opção e fosse ela (AReg) a apresentasse o seu diploma na ARep é absurdo.
Principalmente devido a todos os erros e custos de que enfermava anotados pelo PSD o que motivou o seu chumbo.
Mas talvez agora, com uma boa maioria na ARep, esse processo já se justifique. A partir do ajuste da Lei de Bases de onde tudo terá de partir. E de um diploma sem os tais erros e custos.

André Escórcio disse...

Eu quero dizer-lhe que desconfio sempre das pessoas que se escondem por detrás de pseudónimos. Eu dou a cara, escrevo, tenho opinião e aceito a dos outros. Por isso, sinceramente, não tenho paciência para argumentações falaciosas, desconhecimento da realidade, deturpação de dados constantes dos diplomas apresentados e mais, demissão do espírito autonómico.
Nessas lutas de paróquia não entro.
Se quiser, penso que já lhe disse isto uma vez, descubra-se e venha para o terreno das ideias com vontade de construir um sistema que nos ajude a sair deste gritante analfabetismo em que vivemos.
Se quiser, disponibilizo-me para vir tomar um café comigo, mais, almoçar comigo (eu pago) e discutir, serenamente, o que verdadeiramente está em causa. E ponto final.

Açor e Cagarra disse...

Agradeço a oferta. Mas assim essa discussão ficava limitada a essa mesa...
As ideias devem ser públicas e valem por elas e não pela cara de quem as produz.
É livre de as debater. Ou de não o fazer. Como é óbvio.

André Escórcio disse...

Pois, eu prefiro olhos nos olhos e com pessoas que não tenham MEDO de serem identificadas. Prefiro a sinceridade e a frontalidade. Rejeito jogos de sombras no debate.
Nunca na minha vida utilizei pseudónimos, porque sempre entendi que deveria ser aquilo que sou. Mas respeito quem assim não entenda.
Sabe, a Educação é assunto muito sério, o que implica muito estudo, muita confrontação de experiências, muita humildade, muita serenidade e muitos actos políticos. A Educação não se resolve com teorias de café, de gabinete ou com histórias para crianças.