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domingo, 7 de agosto de 2011

UM GOVERNO PERMISSIVO, CÚMPLICE E IRRESPONSÁVEL


Há quantos anos se fala na necessidade de um plano integrado para as zonas altas do Funchal? E durante todo este tempo que raio de fiscalização existiu para impedir a construção de natureza expontânea? Quem fechou os olhos e porque motivos os fechou? Quem "incentivou" a criação de associações cujo objecto central foi, exactamente, como sublinha o Arquiteto Luis Vilhena, "ajudar" a consolidar a desorganização do espaço? E quem fez ouvidos de mercador à necessidade de criação de um banco de solos? E quem apostou na cota 500, perfeitamente evitável se outra fosse a preocupação pelo planeamento?


Refere um estudo a que o DN teve acesso que 90 casas/construções estão situadas em local de elevado risco e, por isso, devem ser desocupadas e desactivadas. Para além destas, centenas de outras estão em zonas de risco moderado, o que também obriga a medidas muito concretas. "A CENOR, empresa que realizou o estudo entre Março e Abril de 2010, recomenda monitorização permanente, uma vez que correm o risco de ficarem com as fundações descalças ou soterradas por deslizamentos de encosta".
Nos comentários on-line o Arquiteto Luis Vilhena, e muito bem, questiona: "Quantas destas casas em risco foram construídas durante os mandatos de Miguel Albuquerque? Quantas foram construídas com os blocos de cimento e telhas oferecidas durante as campanhas eleitorais pela própria Câmara? A política desta Câmara, assim como a das anteriores, sempre foi a de fechar os olhos ao problema e continuam a seguir o mesmo caminho".
Ora, na verdade, há quantos anos se fala na necessidade de um plano integrado para as zonas altas do Funchal? E durante todo este tempo que raio de fiscalização existiu para impedir a construção de natureza expontânea? Quem fechou os olhos e porque motivos os fechou? Quem "incentivou" a criação de associações cujo objecto central foi, exactamente, como sublinha o Arquiteto Luis Vilhena, "ajudar" a consolidar a desorganização do espaço? E quem fez ouvidos de mercador à necessidade de criação de um banco de solos? E quem apostou na cota 500, perfeitamente evitável se outra fosse a preocupação pelo planeamento?
Noventa casas/construções constitui um número por baixo. As outras "centenas" em risco moderado estarão quantificadas? Eu estou em crer que são alguns milhares que nunca deveriam ter sido construídas por ausência de qualquer respeito pela segurança das pessoas e dos bens. Por todo o lado os problemas de fundo são os mesmos: zonas instabilizadas, casas descalças, árvores de grande porte e condições propícias a inundações.
O governo e a autarquia sempre tiveram neste aspecto um olhar permissivo, cúmplice e irresponsável. Eu diria que não ajudaram as pessoas, antes criaram problemas às pessoas. E agora, como resolverão os problemas decorrentes da detecção dos erros cometidos? Quanto custará aos contribuintes a solução dos problemas gerados e derivados da negligência política?
E o povo, coitado, acaba sempre por pagar a factura: vê a sua habitação demolida, os anos de trabalho pela ribeira abaixo e tudo porquê? Será que não conseguirá, mesmo assim, abrir os olhos e travar esta onda de 35 anos de erros políticos e de desleixo? Ainda hoje o Dr. Maximiano Martins falava da necessidade de uma rigorosa utilização dos instrumentos de planeamento em todas as suas vertentes de análise. Sei do que fala. Fui Vereador da Câmara Municipal do Funchal durante doze anos e sei quanta luta eu e a Drª Violante Saramago Matos, entre outros depois de nós, desencadearam na defesa de princípios que nunca deveriam ter sido abandonados.
Espero, sinceramente, que em Outubro próximo, o povo tenha o bom senso de dizer basta a tanta insensatez.
Ilustração: Google Imagens.

2 comentários:

Galeão disse...

Quntas vezes vimos os deputados da oposição nas zonas altas a incentivarem a construção desregrada? A pedirem estradas em substituição de veredas? Esgotos, carreiras dos HF e outras necessidades, para essas habitações ilegais?
Calma com as responsabilidades...
Serão de todos.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Da parte do Partido Socialista certamente que nunca viu. Estive na Câmara, como sublinhei, 12 anos e as actas das reuniões são muito claras sobre essa matéria. Para além das actas todos os pragramas e manifestos eleitorais são muito claros.