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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A DEDICAÇÃO DE UM TEMPLO A 28 DIAS DAS ELEIÇÕES


E o que este Senhor Bispo, na esteira de outros, me estão a "vender" é uma palavra com "p" minúsculo, a palavra dos interesses, a palavra de um cristo não libertador, de um cristo (com "c" minúsculo) que manda carregar a cruz (com "c" minúsculo), para que uns quantos continuem a dominar e a esmagar como querem e entendem uma população inteira. Eu que, diariamente, confesso, tenho um momento de recolhimento pessoal, considero abjeta esta forma de conduzir um povo. Se, por este governo, não nutro qualquer respeito pela forma como age, esta Igreja feita por homens de vestes partidárias, irrita-me.


Já nada me espanta. Hoje, pela manhã, recebi uma mãe aflita com a longa lista de materiais para a escola de dois dos seus filhos. Não tinha dinheiro e já tinha batido à porta de muita gente. Hipocritamente, numa Junta de Freguesia, proporcionaram-lhe uma ajuda para outro filho, mas na condição de votar no PSD. Não liguei a este desabafo lateral porque sei o que a teia  e os tentáculos do polvo produzem na Região. Resolvi a situção dos pequenos e ponto final, porque com a Educação não se deve brincar e aqueles pobres não pediram para estar nesta situação. Até são bons alunos. O curioso desta história é que isto teve lugar nem 24 horas depois da Dedicação da Igreja de Santa Cecília, onde governo e Igreja Católica apareceram de braço dado. Pelo que li, do dinheiro público, cerca de 2,6 milhões de euros foram ali empregues, mas as pessoas, o bem supremo da vida que a Igreja prossegue, ficou para depois, isto é, a fome de muita coisa que o ser humano precisa, entre as quais, a educação, essa fome pode esperar. O dinheiro não é elástico, pois é. Eu sei. As prioridades é que estão invertidas, obviamente, que também sei. O Senhor Bispo poderia ter sido menos ostensivo, poderia deixar a Dedicação do templo para o dia 10 de Outubro, mas não, cedeu a quem mandou pagar 2,6 milhões. Quem paga, manda. Na Homília aconteceram os agradecimentos da praxe com o presidente do governo presente. Um fatinho à medida, digo eu.
Ora bem, eu não escrevo estas linhas como partidário, escrevo como cidadão e como seguidor da Palavra de Cristo. E o que este Senhor Bispo, na esteira de outros, me estão a "vender" é uma palavra com "p" minúsculo, a palavra dos interesses, a palavra de um cristo não libertador, de um cristo (com "c" minúsculo) que manda carregar a cruz (com "c" minúsculo), para que uns quantos continuem a dominar e a esmagar como querem e entendem uma população inteira. Eu que, diariamente, confesso, tenho um momento de recolhimento pessoal, considero abjeta esta forma de conduzir um povo. Se, por este governo, não nutro qualquer respeito pela forma como age, esta Igreja feita por homens de vestes partidárias, irrita-me.
Ilustração: Google Imagens.

3 comentários:

M Teresa Góis disse...

É muito triste ver o caminho que a Igreja madeirense toma e há décadas!
O estado madeirense consegue dominar e comprar até o clero e isso sabe-mo-lo de vários episódios acontecidos. Já não me irritam, despertam-me um sentimento de piedade Cristã e a esperança da justiça Divina.Ocos e balofos, não me convencem.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Nada acrescento, tão esclarecidas que são as suas palavras.

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

Hesitei dois dias, mas resolvi comentar. Em matéria de fé há muita tendência para exacerbar posições...
Não sendo cliente de nenhum credo, sendo-me indiferente a existência ou não de deuses, encontro-me numa posição privilegiada para olhar as religiões.
Sem pretender ofender ninguém, eu diria que, de uma forma geral, e passem as boas intenções de muita gente séria que lá trabalha, penso que, na prática, as religiões só têm sevido para criar clivagens e conflitos.
Quanto ao comportamento dos últimos bispos da Madeira, não vejo nada de novo. A Igreja sempre se vendeu. Por dinheiro, perdoa pecados, distribui indulgências e bençãos, faz divórcios (com outro nome, claro), garante o céu.
Em matéria de política, nunca escondeu uma grande preferência por monarquias e governos musculados.