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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

EM REFLEXÃO...


Ora, ele está em reflexão. Pois bem, que chegue à conclusão que não foi o inimigo externo o culpado, não foi a Lei das Finanças Regionais a culpada, não foram os bancos, que lhe cortaram o crédito, os culpados, não foi a Constituição da República a culpada, mas as suas políticas absolutamente loucas porque desajustadas da dimensão de uma Região que deveria crescer e se desenvolver de forma equilibrada e sustentável. Que ele chegue à conclusão que deve um pedido de desculpas ao povo da Madeira.


O homem que conduziu a Madeira ao desastre disse estar em "reflexão". Eu julgo que precisa de uns dias de reflexão que conduzam a um acto de contrição. Reflexão por ter apostado, apenas, na sua sucessiva reeleição; reflexão pela dívida que acumulou e que escondeu; reflexão pelo controlo de toda a sociedade; reflexão pelo desastre económico, financeiro, social e cultural das suas políticas e reflexão pelas subtis perseguições que fez ou que o sistema se encarregou de operacionalizar ao longo de muitos anos. A prateleira está cheia de homens e mulheres que não se vergaram. Exactamente, este homem deve reflectir profundamente no que fez e no que não permitiu que se fizesse. E deve pedir perdão aos madeirenses e porto-santenses pelo sufoco que gerou nas famílias e no aperto que ultrapassará o limite das possibilidades de cada um na sequência das suas tresloucadas medidas.
Ele fala de obras e eu falo de pobreza e de desemprego. Ele fala do Continente e eu falo da Madeira AUTÓNOMA que tem órgãos de governo próprio e um orçamento próprio. Ele fala do "inimigo externo" e eu falo de um grupo e de um "chefe" que não soube ser equilibrado, que gastou tudo apenas por ambição política. Conservou-se no poder, é certo, mas destruiu a sociedade, empobreceu as famílias, deu cabo do tecido empresarial e matou, por uns tempos, a Autonomia que tanto custou a conquistar. De que servem agora os mamarrachos construídos e inaugurados com pompa e circunstância? De que serve o cimento lançado por toda a Região, tornando-a toda igual, destruindo a identidade de locais que deveriam ser preservados? Quem vai pagar a manutenção e o funcionamento de centenas de infraestruturas desajustadas dos princípios de um desenvolvimento sustentável? Eu sei, o povo, claro, o povo pagará, com o seu magro bolso e com a sua quase infinita paciência. Eu disse quase, porque aquilo que se sabia e que a última campanha eleitoral traduziu em palavras é que os madeirenses vão ser esmagados por culpa de um homem e de um partido. E esse povo naturalmente que se revoltará. Não há outros responsáveis neste processo. Não é a oposição nem a República.
A Madeira, com 260 mil habitantes, é inferior em população a muitos concelhos do país. Apenas tem a dignidade de Região Autónoma. E, por isso, teve aqui uma Assembleia, um Governo, directores regionais, directores de serviço, chefes de divisão, institutos, sociedades de desenvolvimento, empresas públicas, dinheiro europeu e nacional, eu sei lá, dispôs, organizacionalmente, de um "Estado" dentro de um Estado. Então esta gente não tem de ser responsabilizada política e até criminalmente? Eu não tenho dúvidas sobre esta matéria. Se alguém fizesse na sua vida privada o que faz na vida pública estaria hoje preso. Não teria quaisquer hipóteses de fugir à Lei.
Ora, ele está em reflexão. Pois bem, que chegue à conclusão que não foi o inimigo externo o culpado, não foi a Lei das Finanças Regionais a culpada, não foram os bancos, que lhe cortaram o crédito, os culpados, não foi a Constituição da República a culpada, mas as suas políticas absolutamente loucas porque desajustadas da dimensão de uma Região que deveria crescer e se desenvolver de forma equilibrada e sustentável. Repito, que chegue à conclusão que deve um pedido de desculpas ao povo da Madeira. E, atenção, não pode demitir-se. Vai ter de aguentar, entre dentes, este osso duro de roer, porque ganhou as eleições com maioria absoluta, após uma campanha que terá custado alguns milhões. Lá mais para a frente, então sim, se não aguentar deverá sair e abrir portas a um novo acto eleitoral clarificador. E assumo isto por dois motivos: primeiro, porque a maioria da população eleitora não votou no PSD; segundo, não me parece legítimo que algumas margens se apresentem a aproveitar situações políticas, face a um povo que votou enganado no dia 9 de Outubro. Um povo que não teve o conhecimento prévio e exacto da situação.
Dentro de algumas semanas ou, se calhar, dias, tudo ficará mais claro. Aguardemos.
Ilustração: Google Imagens.

1 comentário:

António Trancoso disse...

Caro André Escórcio
O exercício reflexivo, para quem nunca o fez,deve ser uma actividade assaz penosa. Coitado! Vai mesmo adoecer...