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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O PARTIDO É UM MEIO, NÃO UM FIM!


Os mesmos que o toleraram e que se subjugaram ao longo de anos, paulatinamente afastar-se-ão para saltarem, na primeira oportunidade, para o barquinho que está em acelerada construção. Na prática e para o povo da Madeira, isto significará virar o disco e tocar o mesmo. Passos Coelho ver-se-á livre da figura de Jardim, transportará para a Madeira a coligação que por lá existe, o CDS esvoaçará e, no meio disto, o povinho continuará a pagar a factura, porque, convenhamos, o livrinho da direita política é só um.

Os resultados eleitorais foram aqueles e sobre eles pouco mais há a dizer, tantos foram os comentários aduzidos. Agora, de um coisa estou convicto: esta legislatura não terá quatro anos. Se conseguir aguentar um ano já será muito. Vários factores contribuem para esta minha convicção: desde logo, o próprio PSD, na República, que deseja ver o Dr. Alberto João Jardim apeado do poder. São várias e inequívocas as posições assumidas que demonstram o afastamento das cúpulas do PSD nacional relativamente às políticas do homem que governa esta Região. E esse posicionamento está muito para além dos cortes nas transferências, se bem que, por aí, tentem encostá-lo à parede. Há, pela leitura que faço da situação, sensíveis manobras internas, alegadamente, com Miguel Relvas como testa de Passos Coelho, a movimentar-se para que o PSD renasça com outro protagonista e, nesta fase, com a bengalinha do CDS/PP. Não é por acaso que Miguel Albuquerque se "atreve" a comentar o poder de Jardim e com uns acenos de simpatia do CDS local. Parece-me existir aqui um jogo de sombras, pleno de hipocrisias e que a maioria da população não se apercebe. Há muito jogo escondido, mas com alguns a conhecerem as cartas dos outros.
Miguel Albuquerque, por exemplo, amigo de Passos Coelho, não foi convidado para qualquer lugar no governo da República. Quando Albuquerque não pode renovar a sua candidatura à Câmara do Funchal, aquele facto tem uma óbvia leitura política.  Ora, neste contexto, Jardim tem um campo minado e sairá pela porta pequena, isto é, pelos fundos, porque não terá dinheiro, porque será abafado pelas imposições do Orçamento de Estado e pelas regras que serão ditadas pela ajuda externa. Concomitantemente, o seu passado de ofensas e de descabeladas atitudes não lhe garantem que alguém lhe deite a mão. Há uma certa "vingança" que começa a se servir fria.
Há, penso eu, uma certa inevitabilidade neste quadro o que me leva a prognosticar que não se aguentará. Os mesmos que o toleraram e que se subjugaram ao longo de anos, paulatinamente afastar-se-ão para saltarem, na primeira oportunidade, para o barquinho que está em acelerada construção. Na prática e para o povo da Madeira, isto significará virar o disco e tocar o mesmo. Passos Coelho ver-se-á livre da figura de Jardim, transportará para a Madeira a coligação que por lá existe, o CDS esvoaçará e, no meio disto, o povinho continuará a pagar a factura, porque, convenhamos, o livrinho da direita política é só um.
Grosso modo este é o desenho político que se me afigura plausível. Neste contexto, de Jardim a não aguentar a pressão, sem dinheiro para governar como gosta, obrigatoriamente, os partidos que têm um outra leitura da (re)construção social, deveriam organizar-se no sentido de uma proposta consistente e entendível pelos eleitores. Sendo provável que a população da Madeira e do Porto Santo seja chamada a um novo acto eleitoral clarificador, o bom senso aconselha a uma concertação de esforços em torno de um objectivo: atempadamente, bloquear aquela ofensiva de bastidores só possível através da apresentação de um projecto e de pessoas capazes de oferecerem ao povo uma alternativa consistente. A pulverização de interesses menores só ajudarão à audição da música que toca há trinta e tal anos. Com algumas variações ao piano, mas com a melodia de sempre. Quero eu dizer com tudo isto que, para ser presidente de um partido e putativo candidato à presidência do governo, necessário se torna muito mais do que o desejo de o ser.
Ilustração: Google Imagens.

5 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro amigo André Escórcio

Dou-lhe os parabéns por esta sua análise. Já por várias vezes, aqui e no meu "deprofundis", tive a oportunidade de emitir opiniões muito próximas da sua.
Com a saída de Jardim, o PSD não perde, para já, a maioria na Madeira e o "enfant terrible" deixa de incomodar. Chama-se a isto matar dois coelohos com uma só cajadada.
Depois, são possíveis vários cenários. A ver vamos.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Como disse, "a ver vamos".

Anónimo disse...

há muito que p jardim é o empecilha da Madeira, A sua visão é acertiva, basta ver que no dia da eleição estava o jardim e a jota, todos os outros ficaram na sombra. Mais claro que isto é impossivel.

Trindade para o PS disse...

Novas eleições?
Para subir dos 11,5% ?
Qualquer solução alternativa à actual passará pelo PSD e pelo PP. E pelo fim do actual PS. Esse balão de oxigénio não terá o seu PS.

Anónimo disse...

A Bósnia parece estar a instalar-se no PDS/M, fazendo fé naquilo que vejo escrito no blog de Filipe Malheiro. Nuvens bem negras com "facadas" e intrigas por todos os lados estão lá descritas. Permitam-me porém um reparo: acham mesmo que estará em causa a breve trecho a dicotomia esquerda direita? Acho que não. Aceito, porém, enganar-me. Jorge Figueira