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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A ESPANTOSA LATA DE UM HOMEM NA SOLIDÃO DO PODER!


O poder, muito para além da doação aos outros no sentido da construção do ótimo social, constitui uma poderosa droga extremamente viciante. Li, há já um certo tempo, um artigo do jornalista Vítor Matos que, a linhas tantas, sublinhava: "Em algumas personalidades, a conquista de poder pode ser como apanhar uma "pedra", semelhante a uma droga", escreveu Dan Bobinsky, um especialista norte-americano em liderança, num artigo em 2006. "Mas eventualmente a "pedra" passa e a pessoa precisa de uma nova infusão de poder - ou uma posição mais elevada de poder - para voltar a sentir-se estimulado". É isto que está em jogo. Ele precisa de entrar naquele portão, assumir-se como "Vigia da Quinta", na expressão do Padre Martins Júnior, porque só aí, metaforicamente, consegue ressacar, isto é, parar com a crise de abstinência de poder.


Com que então "os potenciais sucessores estão mortos de vez"! Espantosa a lata de um homem que delibera sobre o futuro dos demais. Mais espantoso, ainda, três outros aspectos: o silêncio dos visados (que o têm aguentado), a subserviência dos quadros políticos e uma população que não se apercebe da marosca ditatorial. O silêncio, o medo, a subserviência, a atitude servil, a venda aos bocados da personalidade e da identidade individual, a exemplar domesticação dos comportamentos, traz-me à memória outros tempos e outras fidelidades caninas anestesiadas pelo peso dos interesses, pelos egoísmos concertados e pela derrota de cada um quando aceitam, sem pestanejar, a imposição ditatorial de um homem. É evidente que nada tenho a ver com o que se passa na casa do vizinho. Só que esse vizinho há muito que me incomoda, porque anda a colocar em causa, não apenas o "edifício", mas toda a "freguesia". Pior, ao deliberar na sua casa, a vizinhança, temendo pela sua língua e "cadastro", permite que todo o povo viva em sobressalto. Daí as minhas preocupações, porque em última análise, já não é apenas ele e a sua "família" que estão em causa, mas todos os outros que fazem parte da comunidade. Passou de indivíduo suspeito dos males contra o desenvolvimento e bem-estar, a indivíduo-problema e com provas testemunhais da sua (i)responsabilidade.
Ora, o exercício da política não é nada disto. Quando um ser humano, portanto, dotado de inteligência, chega ao ponto de impor a sua vontade, para além do seu tempo, demonstra ou prova que é um doente do e pelo poder. O poder, muito para além da doação aos outros no sentido da construção do ótimo social, constitui, assim, uma poderosa droga extremamente viciante. Li, há já um certo tempo, um artigo do jornalista Vítor Matos que, a linhas tantas, sublinhava: "Em algumas personalidades, a conquista de poder pode ser como apanhar uma "pedra", semelhante a uma droga", escreveu Dan Bobinsky, um especialista norte-americano em liderança, num artigo em 2006. "Mas eventualmente a "pedra" passa e a pessoa precisa de uma nova infusão de poder - ou uma posição mais elevada de poder - para voltar a sentir-se estimulado". É isto que está em jogo. Ele precisa de entrar naquele portão, assumir-se como "Vigia da Quinta", na expressão do Padre Martins Júnior, porque só aí, metaforicamente, consegue "ressacar", isto é, parar com a crise de abstinência de poder.
O jornalista, nesse tal artigo, assumia, ainda, que "o poder é doce: é uma droga cujo desejo aumenta com o hábito", escreveu o filósofo Bertrand Russel a meio do século XX. Edmund Burke já tinha escrito há 200 anos: "Aqueles que foram intoxicados pelo poder... nunca o poderão abandonar de livre vontade". É o caso dele, que se esquece que tudo tem o seu tempo e que ele já teve o seu. Tem de ser empurrado. O problema é saber-se como? Agora, custa ver uma população subjugada. O meu distinto Amigo António Trancoso tem razão quando, ontem, escreveu um cirúrgico comentário: "O UI sabe, maquiavelicamente, que dizer, a um bronco, que é inteligente...vale uma fidelidade vitalícia". Mas também acredito na esteira de Vítor Matos, que "nenhuma pessoa é tão grande que não possa cair".
Ilustração: Google Imagens

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