Adsense

terça-feira, 22 de novembro de 2011

E DE QUEM É A CULPA PELO "ESTADO DE SÍTIO"?


A maioria dos portugueses sempre dependeu da sua força de trabalho. Mas entendo o que subjaz à expressão "proletarização da classe média": entre muitos outros, a perda de direitos, a exploração e a ausência de bem-estar. Só que não se pode ficar por aí, porque essa é a consequência de muitas e muitas acções perversas de poderes ocultos mas apadrinhados por gente de colarinho branco que, infelizmente, chegam ao poder por via do voto. O que se está a passar no mundo, nesta Europa sofredora, não é culpa dos proletários, mas de outros, dos abastados que gerem, sem rosto, o grande negócio dos "mercados".

Ouvi o Senhor Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira dizer que, embora não decretado, estávamos em "estado de sítio". Ora bem, pergunto, este estado de excepção, este perigo que a Autonomia da Madeira atravessa, fica a dever-se a quê e a quem? Será que quem governou a Madeira durante 35 anos consecutivos pode, agora, alijar responsabilidades? Obviamente que não.
Eu compreendo o desabafo e as preocupações do Senhor Presidente da Assembleia na entrevista à Lusa. Compreendo a frase através da qual diz que tendemos para a proletarização da classe média. Não porque me arrepie ser proletário por antagonismo à classe capitalista. O dinheiro, para mim, sempre constituiu um meio e não um fim. A maioria dos portugueses sempre dependeu da sua força de trabalho. Mas entendo o que subjaz à expressão "proletarização da classe média": entre muitos outros, a perda de direitos, a exploração e a ausência de bem-estar. Só que não se pode ficar por aí, porque essa é a consequência de muitas e muitas acções perversas de poderes ocultos mas apadrinhados por gente de colarinho branco que, infelizmente, chegam ao poder por via do voto. O que se está a passar no mundo, nesta Europa sofredora, não é culpa dos proletários, dos trabalhadores em geral que ganham o salário mínimo ou pouco mais do que isso, mas de outros, dos abastados que gerem, sem rosto, o grande negócio dos "mercados".
Mas também é para mim claro que o problema da Madeira, esta gravíssima e sufocante situação financeira, não tem origem nesses poderes. Somos demasiados pequeninos para podermos contar no mundo dos especuladores. Somos "peanuts". O drama madeirense tem outros contornos, fundamentalmente internos, de uma péssima governação que gastou como se o saco não tivesse fundo. Acresce aqui, obviamente, a situação em que se encontram muitos países em consequência da crise internacional, a situação de Portugal varrido pelas suas debilidades estruturais, mas quando se tornaria importante ter uma economia consistente na Região Autónoma da Madeira, uma Região com as suas contas controladas, eis que denuncia estar pior que o País. Neste contexto, o poder de reivindicação é nulo para que não se verifique a tal "proletarização da classe média". Vamos, inevitavelmente, sofrer o abalo do País em conjunto com a fragilidade regional consequência de políticas tresloucadas. 
Pior para todos os madeirenses e porto-santenses é que, ainda por cima, não dispomos de interlocutores credíveis. O Dr. Alberto João Jardim (e a sua "velha" e gasta equipa) não é um interlocutor credível e confiável. Está desrespeitado em todo o espaço nacional e europeu. Ele bem foi falar com o Ministro das Finanças, mas bem ouvi o que o ministro ainda ontem disse na Assembleia da República. Podíamos ser um exemplo de governação séria, comedida, responsável, equilibrada, factores que nos pudessem, agora, garantir capacidade reivindicativa nos direitos e na nossa capacidade autonómica de gerir e criar futuro enquanto região ultraperiférica. Mas faltam-nos essas credenciais para nos podermos afirmar no diálogo político. Até esconderam a dívida, Senhor Presidente da Assembleia! E até fogem ao debate político na Assembleia! Portanto, pode o Senhor Presidente da Assembleia lamentar a situação, pode dizer que se trata de um problema constitucional (o que teria AJJ feito se tivesse mais poderes? Talvez mais dívida!) porque, no essencial, o que emerge são lágrimas e incapacidade para dizerem tudo numa só palavra: errámos.
Ilustração: Google Imagens.

Sem comentários: