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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

RIDÍCULA, INCULTA E OFENSIVA


Ora, a toponímia deve ser extremamente rigorosa, hierarquizada e fundamentada em relevantes, significativos e ímpares contributos em um determinado sector. Com o devido respeito pessoal por cada uma daquelas personalidades, não conheço nada que fique a marcar o seu contributo decisivo para uma Educação melhor e portadora de futuro. Esta minha observação não tem nada de partidária, mas de factual e de respeito por todos aqueles que a História da Madeira, a passada e a mais recente, identifica como grandes figuras, eu diria, notáveis figuras no conhecimento, na cultura e no ensino.


Considero ridícula, uma clara manifestação de incultura e extremamente ofensiva esta decisão do governo regional em atribuir a vários estabelecimentos de educação e ensino nomes de ex-governantes e de um chefe de gabinete. Curiosamente, nenhum deles professor de profissão.  Pergunto: e os homens e mulheres de todas as expressões culturais, e todos os outros(as) das letras e das ciências? O melhor que estas personalidades deveriam fazer era recusar esta atribuição por não fazer qualquer sentido, ser provocadora e completamente despropositada. O que pensarão os professores dessas escolas? E o novo secretário da educação? Pactua com isto? O que fez Dr. Brazão de Castro pela Educação? E o Dr. Francisco Fernandes? E o Engº Santos Costa? E o chefe de gabinete Dr. Luís Dantas?
Ora, a toponímia deve ser extremamente rigorosa, hierarquizada e fundamentada em relevantes significativos e ímpares contributos em um determinado sector. Com o devido respeito pessoal por cada uma daquelas personalidades, não conheço nada que fique a marcar o seu contributo decisivo para uma educação melhor e portadora de futuro. Esta minha observação não tem nada de partidária, mas de factual e de respeito por todos aqueles que a História da Madeira, a passada e a mais recente, identifica como grandes figuras, eu diria, notáveis figuras no conhecimento, na cultura e no ensino. Os nomes constantes da decisão do governo foram, apenas, políticos de circunstância, políticos de turno, que exerceram funções directas ou indirectas no governo e nada mais do que isso. Um deles, o Engº Santos Costa, ficará com o seu nome numa rua e numa escola de Machico. É "obra"! Aliás, não deixa de ser curioso que os comentários à notícia no on-line do DN são, até este momento, todos no sentido que aqui defendo.
Que pobreza e que tristeza utilizar a responsabilidade governativa para distribuir reconhecimentos partidários, ainda por cima no sensível sector da Educação. É mais uma atitude contra os professores da Região e contra todos quantos em várias áreas foram ou são reconhecidos pelo seu mérito. Continuem subservientes a um político que os agride com situações desta natureza...
Ilustração: Google Imagens.

8 comentários:

Pica-Miolos II disse...

Caro André Escórcio
Tenho alguma dificuldade em pronunciar-me em causa própria. Unicamente direi,que,ao longo da minha carreira docente,conheci Colegas,portadores de diferentes convicções político-partidárias,os quais,devotadamente,sempre se empenharam na nobre missão de ajudar a aprender,a dotar os seus alunos da capacidade de Pensar.
Para os nossos "esclarecidos" governantes,contudo,importantes, importantes,dignos de homenagens,nomes de ruas ou outras comendas, são os "artistas" do chuto na bola,ou,os das flamistas bombas assassinas (ao que é voz corrente,parece que um deles foi agraciado,com o respectivo nome, numa rua do Caniço)...
O que é dramático...é que o denominado "Povo Superior" aplaude!

Fernando Vouga disse...

Caro André Escócio

Sempre considerei de péssimo gosto o critério de usar como topónimos pessoas relacionadas com a política recente ou com acontecimentos de menor relevância. O resultado é sempre o mesmo: por mudança de regime, por mero oportunismo, por dá cá aquela palha, muda-se tudo, como se tal resolvesse alguma coisa de substantivo. Veja-se a "Ponte de Lisboa" que já foi Salazar, hoje é 25 de Abril e, muito provavelmente, amanhã terá outro nome qualquer, já que o 25/04 está com baiza cotação em bolsa.
Esta mudança que aqui refere não passa de mais um acto de arrogância e desespero da parte dos actuais detentores do poder, o que não deixa ter tanto de ridículo como de efémero...

Anónimo disse...

Infelizmente quem manda pode!

João Santos disse...

QUE FEZ DR. BRAZÃO DE CASTRO PELA EDUCAÇÃO? Foi somente o grande impulsionador do ensino pela região! Lembro-me bem de todas as escolas que inaugurou e de tudo o que fez pelo ensino na região! Ainda se atrevem a perguntar o que fez ele?? Realmente é que têm uma memoria muito curta vocês! Ainda para mais, tendo sido o Dr. Brazão de Castro professor quando terminou o curso. Realmente escrever sem saber é um dom que muitos agora têm...mas apenas serve para estupidificar as massas!

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário, Senhor João Santos. Fui professor desde 1971 até 2007. E a partir de 2007 estive na Assembleia Legislativa. Humildemente, toda a minha vida foi de permanente estudo sobre este importante sector. Sei pouco em relação ao que deveria saber, mas o suficiente para tecer os comentários que fiz. O sistema educativo não se confina à inauguração de estabelecimentos de educação e de ensino. É muito mais do que isso. E porque assim é basta olhar para os muito pouco abonatórios resultados da Educação, ao nível do posicionamento dos nossos jovens no contexto nacional e basta ter presente os elevados níveis de insucesso.
De resto, o problema que coloquei não foi esse que acabou por equacionar. O essencial está no facto de existirem vários homens e mulheres das letras, das ciências e das artes cujo reconhecimento talvez se justificasse. Compare, por exemplo, o madeirense Herberto Helder com o Brazão de Castro. Este é apenas um exemplo, para não comparar com Santos Costa e outros! E por aqui fico.

João Santos disse...

Então sendo o Sr. uma educação acima da média, ou pelo menos superior à minha, devia de ter em consideração os contributos que o agora ex-secretário dos Recursos Humanos tanto fez pela Educação e em especial pela Juventude da nossa ilha. Sei bem as dificuldades que os meus filhos tinham em ir à escola pois não havia nenhuma a menos de 1h30m de autocarro. Lembro-me bem destes tempos e lembro-me também do esforço da Secretaria Regional da Educação nos anos do Dr. Brazão de Castro a levar a educação a todas as esquinas da nossa ilha. Os meus filhos puderam estudar e agora ter uma vida melhor que a minha com cursos superiores. Sendo o Sr. também com uma vida pública bem conseguida devia de ser o primeiro a felicitar por este homem, que deu 32 anos da sua vida ao povo madeirense, ser reconhecido com algo como o nome de uma escola, curiosamente pela breve investigação que fiz online, a ultima que inaugurou em termos de melhoramentos ou alargamentos. Sei que os politicos na madeira servem muito de saco de pancada, mas no caso deste Sr. fico muito contente que o trabalho da sua vida seja agora valorizado. Infelizmente e devido a factos da vida estive ausente da região durante os últimos 12 anos, e não conheço bem o trabalho dos outros homenageados, mas não duvido que por uma ou outra razão mereçam isto.

Falou-me do Herberto Hélder, não posso deixar de dizer que também seria uma digna homenagem, embora ache que por todo o trabalho ao serviço publico dos jovens e da educação (e ainda mais por todo o trabalho com as comunidades madeirenses pelo mundo, o qual vivi de perto), o Dr. Brazão de Castro merecia até mais que esta homenagem.

Não querendo de qualquer modo denegrir a imagem de outros que também merecem ser homenageados pelo trabalho que fizeram nesta Pérola do Atlântico.

Vilhão Burro disse...

Senhor Professor
Eu cá acho que o sr.Santos merece um lugarzinho de Assessor de Qualquer Coisa que justifique,depois,uma merecida e fiel Comenda.
O Senhor Professor,às vezes,sem ofensa,até parece invejoso...

Fernando Vouga disse...

Caro Vilhão Burro

Pessoalmente, não tenho nada contra os contemplados. Porém, este gesto de Jardim tem muito que se lhe diga.
Em primeiro lugar, tantos elogios no recente discurso de tomada de posse e estas distinções tresandam a rebuçado para calar eventuais despeitados. Poderá não o ser, mas que tresanda, tresanda…
Em segundo lugar, quando um governante se esmera, não faz mais do que a sua obrigação. É para isso que é escolhido, é para isso que é bem pago, é para isso que acumula mordomias. Pelo que, ao ser premiado, fica-nos a sensação de que governar bem é um favor e que governar mal é a norma…
Em terceiro lugar, esta distinção é uma vitória de Pirro, já que é muito provável que dentro de poucos anos os seus nomes sejam substituídos, o que não deixa de ser humilhante para os visados.
Faço no entanto votos de que um próximo governo, de outra cor, tenha a clarividência suficiente para rebaptizar as escolas com outro critério. Este é demasiado rasca e a Madeira merece melhor.