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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

AMIGOS UNS DOS OUTROS...


Não é, com toda a certeza, um jantar anual, com palco e discursos enfeitados com palavras enternecedoras que, aliás, um padre melhor não faria, que irá esbater essa fome de muitas coisas que aquela população idosa reclama. A "fome", por exemplo, de poder ir a uma farmácia e adquirir a totalidade dos medicamentos receitados, quando a dívida ao sector farmacêutico já atinge um calote de 77 milhões de euros. Melhor que um jantar teria sido o anúncio de medidas que fossem ao encontro das carências mais sentidas pela população, sobretudo a idosa, bloqueada que está por inúmeros factores.


Com que então... "vamos de ter de ser amigos uns dos outros", assumiu o vice-presidente do governo regional no jantar de Natal que reuniu, segundo li, 1200 idosos do concelho da Calheta. É o espírito natalício no seu melhor, mas que nunca se traduz ao longo do ano nos diversos comportamentos políticos do governo. No "citador" do Google descobri uma frase de Kant, muito sugestiva: "A amizade é semelhante a um bom café: Uma vez frio, não se aquece sem perder bastante do primitivo sabor". Isto é, andaram trinta e tal anos a arrefecer e, agora, o vice pretende a amizade, sinónima de compreensão pelos tempos difíceis que já batem à porta, com o sabor primitivo da palavra amizade! É óbvio que cada vez mais serão aqueles que não vão nessa historieta de circunstância. Este governo não pode passar incólume pelo que fez e por aquilo que deveria ter feito e não concretizou. Se existe drama na sociedade parece-me óbvio que ele se fica a dever aos péssimos actos de governação. E não é, com toda a certeza, um jantar anual, com palco e discursos enfeitados com palavras enternecedoras que, aliás, um padre melhor não faria, que irá esbater essa fome de muitas coisas que aquela população idosa reclama. A "fome", por exemplo, de poder ir a uma farmácia e adquirir a totalidade dos medicamentos receitados, quando a dívida ao sector farmacêutico já atinge um calote de 77 milhões de euros. Melhor que um jantar teria sido o anúncio de medidas que fossem ao encontro das carências mais sentidas pela população, sobretudo a idosa, bloqueada que está por inúmeros factores. Mas o governo prefere tocar outra música, prefere adormecê-los, sedá-los na cumplicidade de um jantar, de um discurso ao jeito de "amai-vos uns aos outros como vos amei", do que enfrentar a situação com coragem e com medidas protetoras da envelhecida população.
Aquele jantar anual, que não o critico se outro fosse o paradigma de governação, traz no seu bojo um claríssimo interesse político. E aí, pelo menos para mim que detesto a hipocrisia, não há amizade que resista. Basta confrontar, melhor, comparar, o discurso do presidente do governo, por ocasião do jantar de Natal dos militantes do PSD-M, com o do vice-presidente. Um, tipo caterpillar desengonçada pelos anos de actividade, outro, de paz e amor, enfim, porque a plateia é diferente e assim exige.  Mas assim se faz esta paupérrima política regional, servida sempre fria e com olhos enviesados, prenhe de discursos ofensivos, mas, pelo Natal, uma política que veste, de acordo com as circunstâncias, a pele de cordeirinho e proclama a amizade, a tolerância, a compreensão, mesmo que nem um cêntimo os pobres pensionistas vejam cair na magra carteira, através do orçamento regional. Faltam só 365 dias para um novo jantar. Até lá, muita amizade entre todos e continuem a comer o pão que o diabo amassou!
Ilustração: Google Imagens.

5 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro André Escórcio

Pois é. Quando tinham poder, ameaçavam, matavam, esfolavam, humilhavam, esbanjavam e ainda lhes sobrava tempo.
Agora que andan de mão estendida à caridade e devem a cão e a gato, estão muito cordatos.
Enfim, lá diz o ditado: «se queres conhecer o vilão mete-lhe o pau na mão».

André Escórcio disse...

Nem mais!

Vilhão Burro disse...

Oh! Senhor Coronel
Essa do vilão...mexe comigo!
Saiba V.Exa. que a minha mão nunca segurou um bastão. O único pau-bastão que vi,e bem ao longe,segurava-o um General da Brigada do Reumático...
Eu cá sou vil(h)ão,mas também esforço-me por ser democrata!

Fernando Vouga disse...

Caro Vilhão (com H)

Está-se a fazer de novas. Ou seja, mais burro do que insinua o seu nome...
Como deve saber, melhor do que eu, o termo "vilão", na grafia continental, digamos assim, quer dizer facínora. Enquanto que o seu muito madeirense "Vilhão" significa "aldeão". Quando muito, "bronco" ou "inculto".
Mas estou com a sensação de estar a ensinar o padre-nosso ao cura.

Pica-Miolos II disse...

Ah! Pois...
"O Xaramba foi às lapas,
a mulher aos caranguejos,
a filha ficou em casa,
a dar ABRAÇOS e BEIJOS"

à bandidagem!