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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

VOAM BAIXINHO


Tanto fizeram que, hoje, estão de cócoras, no meio de um deserto de ideias, escravos de si próprios, sem bússola que os oriente nem estrela que os conduza. Andam ao Deus dará, em estado de penúria e entregues à sua sorte.

O “chefe” anda a voar baixo porque, cansado e sem asas, não lhe resta senão a possibilidade quase rastejante; um outro só fala de milhões para os “senhores agricultores”, numa diabólica azáfama diária por um minuto de televisão; a Senhora entretém-se com as pobres taxas de ocupação hoteleira, não com o futuro do sector; o lugar-tenente olha para os empresários aflitos e para as grandes obras do regime e sente um calafrio espinha acima de tirar o sono; outro, anda com o rosário das contas, dá a volta, percorre a cruz e regressa à estaca zero, pelo que lhe resta empurrar com a barriga; outro, ainda, jovem nas andanças, coitado, não vai além das promessas de diálogo, como se o sistema não necessitasse de grandes opções estratégicas, contas em dia, antes que a dita paz social estoire; finalmente, o tal da “troika” que não manda aqui, diz-se, que não há “alka-seltzer” que digira tanto problema. E assim se passam os dias e os meses, no meio de uma absurda paz podre, de decadência e falência político-administrativa, onde nem os cânticos da época que ecoam, prenhes de esperança, conseguem disfarçar o mundo das realidades sentidas.
Pois é, a mentira tem sempre perna curta e o mal é alguns pensarem que o exercício da política é uma profissão. Ficam ali, amarrados, cristalizados e subservientes, porque o poder é uma espécie de estupefaciente, na esteira de Émile Chartier, quando sem controlo conduz à loucura. Dir-se-á que a alimentação do eu se sobrepõe à alimentação da sociedade. Concomitantemente, o apelo pela “máfia boazinha”, esse pensamento anormal na condução da sociedade, torna-se superior aos desígnios de um poder ao serviço das pessoas.
Tanto fizeram que, hoje, estão de cócoras, no meio de um deserto de ideias, escravos de si próprios, sem bússola que os oriente nem estrela que os conduza. Andam ao Deus dará, em estado de penúria e entregues à sua sorte.
NOTA:
Artigo de opinião, da minha autoria, publicado na edição de hoje do DN-M
Ilustração: Google Imagens.

9 comentários:

Serrão disse...

A voar baixinho anda o Chefe. Enterrados, andam os dos 11%...
Escreve o roto do esfarrapado.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Sabe,"enterrado" anda o povo da Madeira, não os partidos que, desde há muito, disseram que o "rei ia nu". Neste caso, enquanto o PSD foi o partido responsável por 35 anos de governo, ao PS não podem ser assacadas culpas pelo desastre, uma vez que nunca foi governo. Uma "pequena" diferença que faz a diferença.

António Trancoso disse...

Caro André Escórcio
Há,ainda,quem serre na Oposição,não querendo aperceber-se do estertor da enorme palhaçada que dominou esta terra ao longo de 35 anos!
Quando a chacota emergente caracterizar e reforçar o acintoso dito "Já chegámos à Madeira?", os serrotes orientaram as suas afiadas lâminas para as "ingénuas" ou tradicionais desculpas do "cumprimento de ordens"...
Não faltará muito para que os grandes beneficiários e as "meninas" Nivaldas e os "meninos" Pereiras,façam uma viragem de 180º na "adoração" ao seu ídolo,putativa "garantia" de um brilhante trilho de sucesso...
Não é preciso "descobrir a pólvora";Pedro,o "santo", não se coibiu de renegar, por três vezes,
o Homem Bom. O que não teria feito se se tratasse de um incongruente Palhaço!?!...

Anónimo disse...

Você agora pode falar de grosso, mas aonde é que anodou nos anos 90 ????...Nós Socialistas, nunca fomos mais longe por pessoas como o Senhor (posso ser seu crítico, mas tenho-o respeito). Tenho dito!!!

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Absolutamente de acordo.

André Escórcio disse...

A anterior resposta refere-se ao comentário do visitante Dr. António Trancoso.
Passo, agora, ao comentário do "Anónimo". Pergunta (penso que é esta), por onde andei nos anos 90!
Sou lhe vou dar um dado apenas: em 1993, fui cabeça de lista à Câmara Municipal do Funchal, convidado pelo Dr. Mota Torres, e eu e a equipa que escolhi, conseguiu o melhor resultado de sempre do PS no Funchal. Quase ganhávamos a Câmara face a um candidado do PSD que não era fácil bater, o Professor Virgílio Pereira. Teria bastado que o Dr. Ricardo Vieira (CDS) tivesse acordado connosco na estratégia que propusémos e a oposição teria ganho a Câmara.
Esse resultado não se fica a dever, apenas, à equipa que escolhi, mas ao grande dinamismo do PS.
Repito: por onde andei? Olhe, 1996 fui candidado à presidência do PS tendo por adversário o Dr. Emanuel Jardim Fernandes e, nesse mesmo ano, entrei para a Assembleia Legislativa sob proposta do mesmo Dr. Emanuel J. Fernandes 1996/2000). Durante os anos 90 fui Secretário Geral do PS e Vice-Presidente. Fui Vereador na Câmara Municipal do Funchal durante doze anos. Entre 2000 e 2007 regressei ao meu local de trabalho, a escola e, em 2007, por proposta do Dr. Jacinto Serrão, regressei à Assembleia.
Finalmente, sou militante, aceito todo o tipo de crítica, não defendo qualquer verdade absoluta, desejo a qualidade, o rigor, a disciplina e o projecto sério e honesto. Dou a cara e escrevo todos os dias neste blogue em nome de uma Madeira melhor. Nunca me escondi em anonimatos e quero o melhor para os SOCIALISTAS.

António Trancoso disse...

Corrigenda:
No meu comentário,onde se lê orientaram, deverá ler-se orientarão.
Pela inadvertida incorrecção, apresento as minhas desculpas.

Anónimo disse...

Muito bem! Obrigado pelo seu esclarecimento. Já agora, e se me permite, gostaria de saber qual a sua opinião única e exclusivamente dos nossos resultados em Outubro de 2011? Considera que o Dr. Maximiano foi um bom candidato?

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu novo comentário.
Os resultados foram péssimos. Ninguém pode ignorar a decisão dos madeirenses e porto-santenses. Mas é, no mínimo, esquisito, que o Povo soberano, tivesse retirado um deputado ao PS, um deputado ao PCP, retirasse o BE da Assembleia e, em contrapartida, tivesse entregue três deputados ao PTP e um ao PAN. Isto demonstra muita coisa. Considero que o mau resultado do PS não se deve a qualquer má estratégia do Partido, mas a muitas outras variáveis conhecidas mas que não temos capacidade para alterar. Esquisito, também, o facto de ter entregue 9 mandatos ao CDS-M que, no essencial, ideologicamente, defende o mesmo que o PSD. Entregou para que ficasse tudo na mesma.
Quanto ao Dr. Maximiano Martins, pela competência e pelo seu passado profissional e político, do meu ponto de vista, foi um excelente candidato.
Não é mentira que a "Madeira Faliu" e que só um economista poderia dar um novo sentido político à Região. No entanto, ele foi criticado por ter dito, diariamente, a verdade!
Mais. Pela primeira vez o PS apresentou uma equipa de pessoas credíveis em várias áreas como alternativa de poder. O eleitorado não quis saber disso. Nem deu o benefício da dúvida. Bastaria que comparassem com aqueles que governam hoje a Região.
Eu sei, todos sabemos, o peso do partido do poder, a engrenagem que está montada, desde Juntas, Câmaras, Casas do Povo, clubes e associações. A influência que têm junto da população. E conhecemos agora que existem 58.000 pessoas sem instrução (INE) e o que isso representa na compreensão e definição das opções políticas. Apesar disso, o PS distribuiu cerca de 500.000 documentos para ler e divulgar a mensagem. Poucos leram e poucos compreenderam.
Sabe, no estádio cultural em que nos encontramos, talvez a única saída seja a de alguém disponibilizar três milhões de euros para a campanha. Aí, entre muitas outras possibilidades, em vez de 30.000 jantares do PSD, pudéssemos fazer 60.000! Opção que me arrepia!!!
Mas a verdade é que a campanha do PSD terá custado vinte vezes a do PS.
Ora, a questão, hoje, depois de tantos anos a experimentar várias opções, é esta: como levar as pessoas a reflectirem sobre o que o PSD lhes "vende". Trata-se de um debate importante. Agora, à luz do que aqui aflorei, culpar o PS ou a candidatura pelo desaire, penso que não é correcto. Todos nós temos a consciência tranquila do trabalho diário de dezenas e dezenas de militantes em toda a Região e, apesar disso, o povo não ouviu e não quis saber do que estava em jogo. Há que continuar a luta.