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domingo, 1 de janeiro de 2012

UMA MENSAGEM "INCOLOR, INSÍPIDA E INODORA"


Não gostei que voltasse à cantilena que vivemos, durante anos, acima das nossas possibilidades. Quem viveu, pergunto? Certamente que não foi a maioria do povo, desde os pobres à classe média. Se se estava a referir aos governantes que não souberam administrar e gerir a "coisa pública", então aí o Professor Cavaco Silva não pode esquecer-se que foi Primeiro-Ministro, nos anos 80, durante dez anos consecutivos, em uma época determinante na estrutura organizacional do País, que impunha medidas que, a serem tomadas, hoje estaríamos a delas desfrutar.


Eu diria que o melhor do espaço dedicado ao Senhor Presidente da República, para se dirigir aos portugueses na mensagem de Ano Novo, terá sido o Hino Nacional. De resto, as suas palavras, do meu ponto de vista, nada adiantaram. E eu esperava que fosse um momento naturalmente curto, caracterizador da situação, incisivo quanto aos problemas que a todos afecta. Ora dizer que Portugal, tal como toda a Europa, precisa de “uma agenda orientada para o crescimento da economia e para o emprego”, é bater na tecla todos os dias repetida por analistas e comentadores. Por isso, é pouco, é curto e nada adianta. De um Presidente da República obviamente que temos de esperar mais, muito mais, exige-se distanciamento partidário, mas, ao mesmo tempo, rigor e determinação, com as palavras e os conteúdos certos entendíveis pela generalidade do povo. Ademais, não gostei que voltasse à cantilena que vivemos, durante anos, acima das nossas possibilidades. Quem viveu, pergunto? Certamente que não foi a maioria do povo, desde os pobres à classe média. Se se estava a referir aos governantes que não souberam administrar e gerir a "coisa pública", então aí o Professor Cavaco Silva não pode esquecer-se que foi Primeiro-Ministro, nos anos 80, durante dez anos consecutivos, em uma época determinante na estrutura organizacional do País, que impunha medidas que, a serem tomadas, hoje estaríamos a delas desfrutar. Na Educação, por exemplo, enquanto trave-mestra de todo o processo, o então Primeiro-Ministro, num espaço de dez anos, nomeou cinco Ministros da Educação. Por esta e outras substantivas razões, para os portugueses que não têm memória curta, esta Mensagem de Ano Novo foi do tipo "timex", não adiantou nem atrasou! Mais, não entendo como se fala de crescimento económico, quando ele, ao leme do governo, atingiu um défice público de 8,9%.
Enfim, uma Mensagem onde faltou coragem para equacionar os problemas e contextualizá-los. De resto, um Presidente não pode ser "incolor, insípido e inodoro". 
Ilustração: Google Imagens.

4 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro André Escórcio

Nem outra coisa seria de esperar. Cavaco Silva é um verdadeiro artista em falar sem dizer nada de substantivo. Falou porque era obrigado a isso e foi, como sempre, fiel ao "não me comprometas".
De resto, tem a sua desculpa. Num país cuja Constituição consagra a liberdade de expressão, o PR é, curiosamente, o único cidadão que não pode dizer o que pensa.

Anónimo disse...

Esta crítica constante aos políticos e em especial ao presidente da república já começa a cheirar mal.
Vamos lá ver o seguinte:

1º Os políticos apenas defendem a sua classe em geral e as suas pandilhas em particular.

2º Nunca, até hoje, foi feita uma lei a pensar na população. As leis derivam da necessidade em regular coisas em que os políticos têm algum tipo de interesse.

3º Os políticos estão-se cag***** para Portugal e para os portugueses.

4º Quem manda no MUNDO é o DINHEIRO e nada mais.

5º Para se conseguir PODER, principal meio para se conseguir DINHEIRO vale TUDO.

Portanto, deixem-se de coisas parvas, porque não vão conseguir mudar nada.

PS: Feliz 2012

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário (Fernando Vouga). Sintetizou muito bem com as seguintes palavras... "artista... não me comprometas". É exactamente issso que caracteriza a cinzenta figura em questão.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário (Anónimo). Temos de gerar uma nova ordem mundial quanto à forma de estar e exercer a política. Esse seu sentimento, na generalidade, é verdadeiro. Há muita hipocrisia.