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segunda-feira, 26 de março de 2012

A CONFISSÃO


O que é espantosa é a confissão de bancarrota não ter consequências nem políticas nem criminais. É assumida como coisa normal, como se espatifar dinheiro público não fosse diferente do que dar cabo de uma fortuna pessoal. Ora, qualquer cidadão estaria em maus lençóis se se comportasse na vida de uma forma tão leviana.

Não era necessária uma confissão em voz alta: “era isso ou a bancarrota”. Pois, todos sabiam, desde há muitos anos, que o fim do processo megalómano só traria tragédia. O Diário das Sessões da Assembleia está cheio de páginas de alertas, de intervenções a demonstrar a confusão entre o crescimento e o desenvolvimento, a secundarização dos instrumentos de planeamento, a existência de contas escondidas, o sentido inauguracionista com objetivos eleitoralistas, enfim, quem as folhear, ficará chocado entre os sustentáveis alertas e a situação a que o “pecador” conduziu a Região. Seguiu aquela peregrina ideia que a “História não fala de dívidas, mas de obras”, o que significa o desejo de nela querer figurar, embora outros tenham de pagar, com suor e muitas lágrimas, as atitudes de tão tresloucada cabeça política. Como se o dinheiro não fosse um recurso escasso ou, então, estivéssemos, ainda, no tempo dos reis, das expedições ao ouro das índias. Todos os que tocaram na ferida que sangra foram espezinhados e triturados na praça pública, pela força de uma maioria que impôs sempre a razão da força sobre a força da razão.
O que é espantosa é a confissão de bancarrota não ter consequências nem políticas nem criminais. É assumida como coisa normal, como se espatifar dinheiro público não fosse diferente do que dar cabo de uma fortuna pessoal. Ora, qualquer cidadão estaria em maus lençóis se se comportasse na vida de uma forma tão leviana. A imprudência leva-o a admitir que "faria tudo o que fiz nos últimos 30 anos” (…) pois se assim não fizesse “a Madeira ainda seria um atraso". Atraso? Atraso não será aquele que reflete 22.000 desempregados, pobreza arrepiante, gerações hipotecadas, empresas em agonia, saúde e educação de rastos e falência da Autonomia? O atraso está aqui, porque o desenvolvimento não se mede, apenas, pelo número de toneladas de cimento consumidas ou pelos quilómetros de vias construídas.
E agora, pretende mexer nas “moscas” para que a loucura continue. Cuidado, porque a cartilha é sempre a mesma.
Ilustração: Google Imagens.
NOTA: Opinião, da minha autoria, publicada na edição de hoje do DN - Madeira.

3 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro André Escórcio

Será que o povo superior vai acreditar nas vozes discordantes de Jardim?

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Começo a escutar, por todo o sítio, vozes muito discordantes. Falei, ainda no sábado, com alguns operários da construção civil e o que escutei dá-me a ideia que alastra a convicção que há um culpado...
Um abraço.

Vilhão Burro disse...

Senhor Professor
Deixar um "cão raivoso" à solta,capaz de provocar sérios estragos, é culpa do animal ou do dono?
Cá para mim,como diz o Senhor Coronel,não me parece que os meus compadres estejam - e continuam a estar - isentos de responsabilidades.
Sempre votaram, e continuarão a eleger a cambada de mafiosos-fascistas que não descansará de espremer o pagode até à miséria mais extrema. A estupidez nunca se deu bem com a Liberdade Democrática. Gosta do chicote no lombo...