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quinta-feira, 8 de março de 2012

TEMO PELA AUTONOMIA



Embora a situação seja muito complexa é sintomático que o governo, particularmente, o Dr. Alberto João Jardim, continua a falar como se a mesma não fosse grave, como se 21.000 desempregados, com a possibilidade de atingir os 25.000 a curto prazo, não constituísse um drama com repercussões incalculáveis. Ao contrário de enfrentar o problema com medidas, no fundo, através da razão da existência de um governo, pelo contrário, continua a disfarçar através de um discurso pobre, repetitivo e angustiante para quem o segue. Ouço-o dizer que este será um "Orçamento de aperto, porque temos que ganhar a sustentabilidade da Região Autónoma" e, logo aí, pergunto, então este homem só depois de ter endividado a Região até ao tutano é que vem falar de sustentabilidade? Então essa sustentabilidade não deveria ter sido considerada, todos os anos e ao longo de todos os mandatos e de todos os Planos e Orçamentos? Não será esta a mais clara assunção da irresponsabilidade da sua governação?


Mesmo em "Braille" leiam a situação!
A situação, trágica, a que este governo regional da Madeira nos conduziu, relativamente a todos aqueles que defendem uma verdadeira e ampla Autonomia, constitui, hoje, um quadro de grande preocupação. Face a todos os ingredientes que se jogam no complexo labirinto das questões financeiras, bem avaliadas as coisas, sinceramente, eu temo pela perda da Autonomia. É evidente que, no plano substancial da decisão política, parte dela está já hipotecada. Quando são outros a determinarem o que pode e o que não pode ser concretizado, obviamente, que a Autonomia fica ferida. E essa situação que, hoje, vivemos arrastar-se-á, com toda a certeza, por muitos anos. A dívida da Região, a verdadeira e não a camuflada, aquela que atinge os oito mil milhões de euros, levará muitos anos a ser saldada, a não ser que a República, uma vez mais, tarde ou cedo, coloque o contador das dívidas próximo do zero. O que não acredito. Por lá o quadro não é de vacas gordas e, por outro lado, existem por aqui acrescidas responsabilidades de quem não soube ser governo durante trinta e tal anos consecutivos.
Embora a situação seja muito complexa é sintomático que o governo, particularmente, o Dr. Alberto João Jardim, continua a falar como se a mesma não fosse grave, como se 21.000 desempregados, com a possibilidade de atingir os 25.000 a curto prazo, não constituísse um drama com repercussões incalculáveis. Ao contrário de enfrentar o problema com medidas, no fundo, através da razão da existência de um governo, pelo contrário, continua a disfarçar através de um discurso pobre, repetitivo e angustiante para quem o segue. Ouço-o dizer que este será um "Orçamento de aperto, porque temos que ganhar a sustentabilidade da Região Autónoma" e, logo aí, pergunto, então este homem só depois de ter endividado a Região até ao tutano é que vem falar de sustentabilidade? Então essa sustentabilidade não deveria ter sido considerada, todos os anos e ao longo de todos os mandatos e de todos os Planos e Orçamentos? Não será esta a mais clara assunção da irresponsabilidade da sua governação?
Para mim isto é muito claro. Gastou, irresponsavelmente, e não colhe aquela treta de dizer que algumas obras tinham de ser feitas para aproveitar os fundos estruturais. Não colhe, porque sabia-se e hoje confirma-se que essa opção traria consequências muito graves no futuro. As próximas gerações estão já endividadas, e a falta de sustentabilidade global em todos os setores determinará que a própria economia regional não cresça e não gere riqueza. A Região apesar do extraordinário consumo de cimento continua pobre, cada vez mais pobre e cada vez mais dependente. E é esta situação que ele nunca quis ver e não quer enxergar! O problema, continua a sublinhar, é da Constituição da República. Esse livrinho é que é a culpado pela situação da Madeira. Não foi ele e o seu governo que não respeitaram os princípios pelos quais se regem o desenvolvimento, entre outros, o da prioridade estrutural, o da autosustentação, o da continuidade funcional, o da interação, o da integração, o da otimização dos meios, o da transformação graduada, enfim, não foi ele o irresponsável por não ter considerado estes princípios basilares, a responsabilidade é da Constituição da República, voltou esta semana a afirmar. Bom, analisado por um outro prisma, eu diria, talvez seja, talvez, talvez a Constituição devesse limitar as loucuras, as megalomanias e prever penalizações drásticas para quem tão mal se comporta na gestão e administração da coisa pública.
Agora, sendo a situação muito grave e não se vislumbrando qualquer atitude que coloque de lado a crispação do diálogo, temo que venha por aí alguém que retire, ainda mais, a já de si frágil Autonomia que a Região dispõe. É complicado do ponto de vista constitucional, eu sei, mas tudo é possível, quando em causa estão 270.000 pessoas que precisam de ter futuro e, antes disso, precisam, tal como diz o Sérgio Godinho:
(...) Só há liberdade a sério quando houver
A paz, o pão
habitação
saúde, educação
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir".
Ilustração: Google Imagens.

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