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quarta-feira, 13 de junho de 2012

A DITADURA


O PSD esteve no hospital, não para ouvir e posicionar-se contra os quase 15.000 em lista de espera por uma intervenção cirúrgica, não para falar das centenas que vivem no hospital abandonados pelas famílias, não para falar das arreliadoras taxas moderadoras, não para falar do despedimento de dezenas de enfermeiros, não para falar dos enfermeiros licenciados e que continuam a receber como bacharéis, não para falar de médicos explorados e contratados a preços low-cost, não para falar dos medicamentos e outros consumíveis que faltam a todo o momento, não para falar da monstruosa dívida acumulada, não para falar da gestão privada de um hospital que deveria ser PÚBLICO, não para falar de um hospital velho e inseguro face a um novo hospital que não entrou nas prioridades do governo, não para falar do sistema convencionado e, portanto, do "roubo" que o governo está a fazer às empresas privadas (laboratórios e outros) conduzindo-as à falência depois de tanto investimento no conhecimento e capacidade instalada, não para falar do muito que o pessoal de saúde ainda faz com tão limitados meios, mas para falar das "OBRAS" que vão estar concluídas dentro de três anos, certamente, a tempo das próximas eleições. Senhora deputada Rafaela Fernandes, por favor, poupe os madeirenses às suas conversas políticas de treta.

Não é a primeira vez que os deputados são impedidos de visitar instituições que são públicas. Ontem, uma vez mais, foi com o PCP que, legitimamente, no âmbito das suas funções, o deputado Edgar Silva viu boicotada uma visita à Escola Prof. Eleutério de Aguiar, uma escola de educação especial, pioneira no apoio aos surdos-mudos, note-se, muito antes de 1974. Outros partidos, sistematicamente, ao contrário do que está definido em Lei, são impedidos de desempenharem as suas funções, ora porque o momento e até a hora não é oportuna, ora porque só o secretário da correspondente pasta pode autorizar. E isto acontece quando, de facto, o governo não tem nada que autorizar, quanto muito, por deferência e por respeito ao Parlamento, as instituições devem ter conhecimento para poderem desencadear o processo de bem receber os deputados, acompanhando-os na visita. Nada mais. As instituições públicas não são feudos do governo e, ademais, as disposições legais dão poderes aos deputados no acesso a tais espaços. Mas, aqui, nesta terra, onde a democracia e o respeito pela legalidade constitui uma mera caricatura, os responsáveis pelas instituições embora tendo conhecimento da lei, metem o rabinho entre as pernas, certamente, porque não querem ter chatices! Só os deputados do PSD têm livre acesso. Basta um simples telefonema ou, a pedido interno, por razões de propaganda, as portas logo se abrem. 
Ainda anteontem, numa conferência de imprensa, o grupo parlamentar do PSD-M deu conhecimento público de uma visita às "consultas externas" do hospital. Uma visita claramente fabricada. Estava eu a seguir essa declaração e dei comigo a reflectir que o grupo parlamentar do PS esteve dois anos à espera de uma reunião com a anterior administração do hospital, sistematicamente solicitada e nunca agendada! Ora, só quem tem a consciência pesada, só quem é subserviente, só quem não tem coluna, só quem é partidário esclerosado comporta-se daquela maneira. Só quem tem medo e só quem teme que o povo saiba outros lados da história é que assume posições absolutamente desconformes com a lei e sobretudo com o que deriva da palavra DEMOCRACIA.
O PSD esteve no hospital, não para ouvir e posicionar-se contra os quase 15.000 em lista de espera por uma intervenção cirúrgica, não para falar das centenas que vivem no hospital abandonados pelas famílias, não para falar das arreliadoras taxas moderadoras, não para falar do despedimento de dezenas de enfermeiros, não para falar dos enfermeiros licenciados e que continuam a receber como bacharéis, não para falar de médicos contratados a preços low-cost, não para falar dos medicamentos e outros consumíveis que faltam a todo o momento, não para falar da monstruosa dívida acumulada, não para falar da gestão privada de um hospital que deveria ser PÚBLICO, não para falar de um hospital velho e inseguro face a um novo hospital que não entrou nas prioridades do governo, não para falar do sistema convencionado e, portanto, do "roubo" que o governo está a fazer às empresas privadas (laboratórios e outros) conduzindo-as à falência depois de tanto investimento no conhecimento e capacidade instalada, não para falar do muito que o pessoal de saúde ainda faz com tão limitados meios, mas para falar das OBRAS que vão estar concluídas dentro de três anos, certamente, a tempo das próximas eleições. Senhora deputada Rafaela Fernandes, por favor, poupe os madeirenses às suas conversas políticas de treta.
Tarde ou cedo isto vai acabar. Os deputados serão respeitados e as diversas verdades, com responsabilidade, poderão ser escutadas ou lidas por todos. 
Ilustração: Google Imagens.

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