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terça-feira, 24 de julho de 2012

BURRO VELHO NÃO APRENDE LÍNGUAS


Numa hora dolorosoa é inaceitável o presidente do governo realizar uma jantarada de agradecimento às trupes carnavalescas, quando o momento não está para carnavais. O problema destas situações é que não se enquadram, apenas, no campo do deslize político, elas fazem parte da cultura de poder da maioria. Numa outra, provavelmente, isto não aconteceria. A família do autarca continuaria as suas férias e o presidente da Câmara interrompê-las-ia e pelo seu concelho ficaria. Do mesmo modo que o Presidente do Governo cancelaria o jantar, quando centenas estão a passar mal. Centenas vítimas dos incêndios, para não falar dos milhares de desempregados desesperados, muitos com sérias dificuldades para garantirem uma mesa com o mínimo.

Há situações que um político não pode falhar, sobretudo pela imagem negativa que deixa e pelo seu efeito multiplicador. Quando ainda toda a população se encontra numa fase de "rescaldo", refazendo-se da recente tragédia, completar o período de férias no Porto Santo ou realizar um jantar oficial na "Quinta das Angústias" com os representantes de trupes carnavalescas, parece-me muito pouco sensato para não dizer outra coisa. Certas situações, as mais delicadas, obrigam a redobrados cuidados, aliás, não só pelo efeito político das atitudes, mas sobretudo pelo respeito às populações. Podia, até, tudo estar sob controlo, no primeiro caso, os incêndios no concelho de Santa Cruz (67% afectado) controlados e a substituição do presidente da Câmara totalmente assegurada, mas não é do mais elementar bom senso viajar até à ilha dourada e aí, descontraidamente, banhar-se. Da mesma forma, numa hora dolorosa, o presidente do governo realizar uma jantarada de agradecimento às trupes carnavalescas, quando o momento não está para carnavais.
Ora, o problema destas situações é que não se enquadram, apenas, no campo do deslize político, elas fazem parte da cultura de poder da maioria. Numa outra, provavelmente, isto não aconteceria. A família do autarca continuaria as suas férias e o presidente da Câmara interrompê-las-ia e pelo seu concelho ficaria. Do mesmo modo que o Presidente do Governo cancelaria o jantar, quando centenas estão a passar mal. Centenas vítimas dos incêndios, para não falar dos milhares de desempregados desesperados, muitos com sérias dificuldades para garantirem uma mesa com o mínimo.
Mas a propósito deste jantar ainda questiono: qual a sua razão? Então essas trupes não receberam, ou vão receber, os subsídios visando a sua participação? Que justificação pode ser dada para convidá-los para um jantar? Mais propaganda e controlo do associativismo? Animam as ruas do Funchal através dos subsídios, até aí, tudo bem, pela importância de tais manifestações no sector do turismo, mas jantar à custa do contribuinte, numa época difícil, quando o cofre está vazio e as responsabilidades são enormes? Que razoabilidade existe nesta situação quando a ordem é cortar no supérfluo?
Mas esta é cultura existente. A cultura do quero, posso e mando, a cultura do desperdício, a cultura que utiliza o poder para uma contínua propaganda partidária. É esta a cultura que assenta na ausência de rigor e de respeito pelos cidadãos. Daí que, todos os pedidos de demissão caiam em saco roto. Também, por aí, falta-lhes a cultura de serviço público à comunidade e, portanto, a cultura do desprendimento quando erram ou quando deixam uma inaceitável imagem junto dos eleitores. Mas é assim e pronto, dirão, os outros é que estão errados, são frustrados e, por isso, imbecis, invejosos, etc. etc.. O habitual.
Há gente que muito tem a aprender, mas como "burro velho não aprende línguas", para já, nada há fazer. Há que aguardar pelo próximo acto eleitoral.
Ilustração: Google Imagens.

4 comentários:

jorge figueira disse...

Vivam as práticas hedonistas apregoadas na coluna do cidadão do JM pela pena (teclado se for capaz dessas modernices) de Joana Peixoto. Meu Caro: a vida são dois dias e o Carnaval três.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
O que me preocupa são os filhos e netos de todos os presentes e os do futuro.

jorge figueira disse...

Comungo as suas preocupações.

André Escórcio disse...

Obrigado.