Adsense

sexta-feira, 20 de julho de 2012

QUE MEDO TÊM DE D. JANUÁRIO!


Talvez, por estas e outras razões, a Igreja terá perdido cerca de dois milhões de fiéis nos últimos anos! Prefere o silêncio à denúncia e prefere a lengalenga à utilização da Palavra em defesa de uma sociedade mais justa. É o que por aqui se passa com D. António Carrilho que, perante tanto desmando, descontentamento, imbecilidades, mentiras, aldrabices e agressões a um povo que sofre, prefere as margens e o não conflito saudável. Eu sei que há quem pense que para ser poder há que beijar o anel do bispo! Convencionou-se que é assim. Só que não vou por aí. Prefiro a autenticidade, o respeito mútuo, uma Igreja de Cristo e não uma Igreja de silêncios, rejeito uma Igreja que ao tentar se mostrar apolítica, acaba por ser, genericamente, mais partidária do que se possa pensar. "Estar no meio de nós" dispensa o silêncio e os salamaleques, pelo contrário, implica a presença da Palavra contextualizada com a vida real. É disto que os governos não gostam e é disto que a Conferência Episcopal foge como o diabo da Cruz!



Escrevi, há dias, um texto em que trouxe à colação o nome de D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas, figura que conheço, pessoalmente, e por quem nutro uma grande consideração. É um Homem de frontalidade total, que não se coloca com rodriguinhos quando fala, que não faz fretes, é inteiro, não vive para dentro da Instituição, mas para fora, para a sociedade, com a Palavra correctora dos desmandos e oportunismos de alguma classe política. Aprecio-o, por isso mesmo, porque ao contrário de outros que fingem, assobiam para o lado, ignoram, que se colam ao poder, D. Januário é autêntico, tem um rosto e uma convicção de uma Igreja defensora dos que são colocados na fogueira dos interesses partidários. Foi, por isso, que quando D. Januário Torgal considerou que "este governo é profundamente corrupto", por acreditar que os seus membros "são equívocos, porque lutam pelos seus interesses, porque têm o seu gangue, porque têm o seu clube e porque pressionam a comunicação social", logo o ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, veio desafiá-lo a escolher entre "ser bispo das Forças Armadas e comentador político". D. Januário, e bem, contrapôs: "Um bispo não tem que escolher entre a sua função de membro da Igreja ou de comentador político. Um bispo tem de falar de tudo, é sua obrigação interceder pelos mais frágeis. Se isso é ser comentador político, que seja". E disse mais: "o que chateia esta gente é saber que alguém da Igreja fala. Eles não estão habituados a este tipo de realismo".
Ora bem, esta intervenção, através do Ministro da Defesa, coordenador das Forças Armadas a que D. Januário está adstrito, é cirúrgica e intencional. Logo o Ministro da Defesa! É, pois, notório que o poder gosta de utilizar a Igreja, mas não gosta que os membros da Igreja se pronunciem sobre os seus actos. Bom é que se remetam à Sacristia, passeiem pelo adro e que mantenham o silêncio, a paz podre, este mundo de enganos que apenas a alguns interessa. É lamentável que a própria Conferência Episcopal tivesse vindo a considerar que as palavras do bispo são "simplesmente declarações a nível pessoal". No fundo, a Conferência Episcopal assumiu o que Aguiar-Branco disse: "o senhor bispo causa embaraço é à Igreja e não ao Governo". Talvez, por estas e por muitas outras razões, a Igreja terá perdido cerca de dois milhões de fiéis nos últimos anos! Porque prefere o silêncio à denúncia e prefere a lengalenga à utilização da Palavra em defesa de uma sociedade mais justa. É o que por aqui se passa com D. António Carrilho que, perante tanto desmando, descontentamento, imbecilidades, mentiras, aldrabices e agressões ao povo da Madeira, um povo que sofre, prefere as margens e o não conflito saudável.
Eu sei que há quem pense que para ser poder há que beijar o anel do bispo! Convencionou-se que é assim. Só que não vou por aí. Prefiro a autenticidade, o respeito mútuo, uma Igreja de Cristo e não uma Igreja de silêncios, rejeito uma Igreja que ao tentar se mostrar apolítica, acaba por ser, genericamente, mais partidária do que se possa pensar. "Estar no meio de nós" dispensa o silêncio e os salamaleques, pelo contrário, implica a presença da Palavra contextualizada com a vida real. É disto que os governos não gostam e é disto que a Conferência Episcopal foge como o diabo da Cruz!
Ilustração: Google Imagens

2 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro André Escórcio

Como deve calcular, não sou propriamente advogado de defesa deste governo...
A intervenção do senhor bispo não me agradou, não propriamente pelo seu conteúdo, mas pelo estilo algo arruaceiro, que não dignifica o seu mister. E a corrupção não é exclusiva da actual equipa governativa.
Por outro lado, não me parece muito sensato atirar pedras aos governos, quando a instituição a que pertence não brilha pela cristalinidade dos vidros do seu telhado.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Caríssimo, obviamente que compreendo o seu comentário, sobretudo a parte final do mesmo.
Mas a este propósito transcrevo aqui a síntese de dois comentários que fiz, no fb:
"Passei algumas horas com D. Januário, faz já algum tempo, e penso conhecer o seu pensamento. Nunca descortinei posionamentos partidários, mas pensamentos políticos. E a Igreja tem de ser política e nunca partidária. Nem sempre é assim. Veja o que se passa na Região. Aliás, D. Januário não é o único. Há muitos Bispos LIBERTADORES e que seguem as respectivas teorias. Eu prefiro a Palavra, a Mensagem devidamente contextualizada, só que essa dói a muita gente que, circunstancialmente, esteja no poder. Entre classificar as situações (a palavra "corrupção" aplicada por D. Januário, entendia no quadro dos princípios e dos valores e não no sentido que é habitualmente entendida) e manter-se calado, como se nada estivesse a acontecer, prefiro que se fale e que se traga a Mensagem de Cristo para junto de todos, sobretudo da classe política. Repito, esteja ela no poder ou na oposição".
Por outro lado, escutei e li considerações pouco abonatórias relativamente a outros governos.
Finalmente, eu julgo que precisamos de uma Igreja, independentemente das convicções de cada um, que não se esconda e abrigue debaixo de um qualquer poder. Utopia minha, talvez, à luz da História. Mas gostaria que assim fosse. Um abraço.