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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A HIPOCRISIA DE ALBERTO JOÃO JARDIM


No meio desta história há um homem que parece querer escapar ileso. Esse homem é Alberto João Jardim. E não pode passar incólume, pois é tão (ir)responsável quanto os outros. Se os madeirenses e porto-santenses chegaram a este ponto de miséria, tal fica a dever-se às políticas de 36 anos de um poder absolutíssimo. Muitas vezes o povo esquece-se que esta região teve e tem órgãos de governo próprio, portanto, contou com uma Assembleia Legislativa, um governo, orçamento próprio e uma complexa estrutura administrativa idêntica à de um país. O povo esquece-se, porque a propaganda é dirigida nesse sentido, esquece-se que todos os sectores estão regionalizados e que existe Autonomia para decidirmos aqui o melhor para o futuro. E se hoje estamos a braços com uma colossal dívida, uma economia sem futuro, desemprego e pobreza, tal deve-se à tresloucada política de Alberto João Jardim. Na manifestação de Sábado passado gostaria de ter visto essa crítica de forma muito mais evidente e consistente. E não vi. Essa coisa de não partidarizar as manifestações, do meu ponto de vista é uma treta. Nós votamos através das estruturas políticas organizadas em partidos, portanto, eu que sou partidário, não deixo de ser cidadão, daí que tenha tanto direito a manifestar a minha indignação como qualquer outro que só se manifesta quando lhes apertam os calos! Os partidos reflectem a sociedade e a sociedade enquadra-se segundo os movimentos e princípios ideológicos.

 


Anteontem vi, na televisão, uma jovem, no meio da manifestação, com lágimas cara abaixo, dizendo que apenas quer ter futuro. Impressionou-me a sua emoção e a sua comoção. Fiquei constrangido, com um nó na garganta, porque por detrás daquelas palavras e lágrimas quanta angústia não estará ao longo de dias, semanas e meses de ausência de esperança, quantas dificuldades e quantos sentimentos de revolta por ali não andarão! Terrível. Aquela foi, porventura, a imagem que consubstanciou o dramatismo de milhões de portugueses que nunca, mas nunca viveram acima das suas possibilidades, mas que o querem fazer crer que sim.
Estou farto de tanta hipocrisia política, de tanto assassino político que mata sem um único tiro. Que mata a esperança, o direito a um futuro, aliás, como sobressai da esmagadora maioria das mensagens das pessoas que regressaram à rua, pais, avós, filhos, netos, todos, quase em uníssono, a dizer que querem viver com dignidade, que ambicionam a esperança, como se deduz daquele significativo cartaz: "Eu quero ter netos nascidos no meu país". É por tanta coisa, tanta maldade legal que estou farto da hipocrisia política, como a do Dr. Paulo Portas, Ministro de Estado e da Presidência, como se já não bastasse a de Passos Coelho. Ontem, o centrista, assumiu, pasme-se, que disse SIM à TSU "para evitar uma ruptura social". Então ele não sabia, não conseguiu perceber (ora se percebeu!) que as medidas desde há muito implementadas só poderiam resultar em ruptura social? Que as manifestações que se verificaram por todo o País são a tampa de uma panela de pressão que tarde ou cedo explodiria? Se sabia, como disse, e não se posicionou no sentido de a travar (esta e outras medidas) só se pode dizer que foi e é conivente, porque "quem cala consente". Pois bem, Dr. Paulo Portas, ontem, 24 horas depois da "ruptura social", leia-se manifestação, aquela declaração só prova que mais do que o País e as pessoas, estão os interesses de poder e os interesses ideológicos. Mas também ficou uma claríssima imagem de "bengalinha" do PSD quando sublinhou que um partido da coligação teve mais votos do que o outro. Significativo. Situação que querem repetir na Madeira, para que tudo continue na mesma.
No meio desta história há um homem que parece querer escapar ileso. Esse homem é Alberto João Jardim. E não pode passar incólume, pois é tão (ir)responsável quanto os outros. Se os madeirenses e porto-santenses chegaram a este ponto de miséria, tal fica a dever-se às políticas de 36 anos de um poder absolutíssimo. Muitas vezes o povo esquece-se que esta região teve e tem órgãos de governo próprio, esquece-se que contou com uma Assembleia Legislativa, um governo, orçamento próprio e uma complexa estrutura administrativa idêntica à de um país. O povo esquece-se, porque a propaganda é dirigida nesse sentido, que todos os sectores estão regionalizados e que existe Autonomia para decidirmos aqui o melhor para o futuro. E se hoje estamos a braços com uma colossal dívida, uma economia sem futuro, desemprego e pobreza, tal deve-se à tresloucada política de Alberto João Jardim.
Na manifestação de Sábado passado gostaria de ter visto essa crítica de forma muito mais evidente e consistente. E não vi. Essa coisa de não partidarizar as manifestações, do meu ponto de vista é uma treta. Nós votamos através das estruturas políticas organizadas em partidos, portanto, eu que sou partidário, não deixo de ser cidadão, daí que tenha tanto direito a manifestar a minha indignação como qualquer outro que só se manifesta quando lhes apertam os calos! Os partidos reflectem a sociedade e a sociedade enquadra-se segundo os movimentos e princípios ideológicos dos partidos. Se a manifestação é organizada por pessoas sem filiação partidária, pouco me interessa, ainda bem, são cidadãos, com os seus problemas e com as suas leituras relativamente ao que se está a passar. E ao tomarem uma posição, essa, logo à partida, constitui uma posição política. No fundo acabam por fazer eco de questões de princípio tantas vezes assumidas pelos representantes dos partidos, mas ignorada pelos próprios cidadãos que não fazem um esforço para compreender o que lhes é dito em tempo real. Só quando o fogo está por perto se lembram da indignação. Mas, por mim, tudo bem... interessa é que se manifestem!
Bom desviei-me do essencial. O que quero dizer é que não é apenas a dupla Coelho/Portas que está em causa, mas um mais vasto leque de personagens que por aqui infernizam as nossa vidas há mais de 36 anos. Sobretudo, um, o tal UI! E que lata teve ele ontem ao dizer que "(...) só não estive nas manifestações por uma questão de decoro institucional, porque apetecia-me também estar lá a protestar". É o homem armado em vítima, quando é, claramente, um dos réus.
Ilustração: Arquivo pessoal.

3 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro André Escórcio

Pelo menos o homem já sabe que existe a palavra decoro. Será um começo?

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
No blogue do Jornalista Luís Calisto li que ele não foi à manifestação "por decoro", mas pelo "coiro"!!!
Está bem visto e humorado.

jv disse...

Caro Fernando Vouga, ele sabe que a palavra existe, mas não sabe o que significa, porque se realmente soubesse já teria desaparecido, há muito,do mapa político.
Que tristeza de figura e que maior tristeza será para quem tem de o suportar