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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A MÚSICA DO VICE-PRESIDENTE


Quando os vejo no pequeno écran, quase antecipo o que vão dizer, quase leio nos seus lábios a mentira engendrada para desviar as atenções e as culpas que têm na complexa situação regional. Pois, disse bem o vice: a política "cega" "coloca em causa princípios elementares da pessoa humana". Pergunto: mas terá alguma moral para assim falar quem de forma cega, por políticas absolutamente erradas, desenvolvidas num espaço territorial limitado, dependente e pobre, conduziu à falência do tecido empresarial, ao desemprego que não pára de crescer, à pobreza e à quase insolvência da Região?
 
 
Fabulosa fotografia
de Teresa Gonçalves/DN. Título:
"A Música do Vice-Presidente"
Assumiu ontem o Vice-Presidente do Governo Regional da Madeira: "a despesa é uma espécie do monstro das várias cabeças da mitologia grega, incapaz de ser saciado, e o desemprego começa a assumir-se como o flagelo do século, principalmente o desemprego jovem, porque castra o futuro da nação e empurra uma faixa etária altamente qualificada para o crescente fenómeno da emigração". Quase perfeito. Apenas enganou-se numa palavra: Nação. Deveria ter dito Região. Simplesmente porque é governante na Região Autónoma da Madeira, vice-presidente de um governo com 36 anos de maioria absoluta. Mudando a palavra Nação por Região, assino por baixo. Mas essa não foi a sua intenção. O seu objectivo foi empurrar para longe as suas próprias responsabilidades, o que não lhe fica bem. As responsabilidades do governo a que pertence. Falou como se fosse um presidente de Junta a refilar contra a Câmara. Por outras palavras, eu sei que é assim, mas não tenho nada a ver com isso.
Quando leio declarações daquele tipo sinto uma náusea. Não apenas porque já poucos enxergam aquele naipe de governantes, como é o meu caso, mas sobretudo pelo que dizem, pela lata política que evidenciam, pela mentira e pela irresponsabilidade que denunciam. Ainda por cima quando tais lengalengas vêm de um governante com enormes responsabilidades no endividamento da Região, pois tutelou (tutela) as Sociedades de Desenvolvimento (ou de "endividamento") e tudo o que directamente tem a ver com a Economia. Quando os vejo no pequeno écran, quase antecipo o que vêm dizer, quase leio nos seus lábios a mentira engendrada para desviar as atenções e as culpas que têm na complexa situação regional.
Complementou o governante: a política "cega" "coloca em causa princípios elementares da pessoa humana". Certo, mas pergunto: terá o vice alguma moral para assim falar, quando de forma cega, por políticas absolutamente erradas, desenvolvidas num espaço territorial limitado e finito, dependente e pobre, conduziu à falência do tecido empresarial, ao desemprego que não pára de crescer, à pobreza e à quase insolvência da Região? Mais. Terá alguma moral para falar quem vê, às dezenas, médicos, enfermeiros, professores, gente qualificada, entre eles muitos jovens, em vários sectores de actividade, a abandonar a Região porque não vêm futuro por estas bandas? 
O monstro dos heliportos, das marinas,
dos centros cívicos, das piscinas,
das PPP, dos interesses a satisfazer...
por aí fora!

Há, de facto, um "monstro de várias cabeças", mas quem o alimentou está no governo regional, quem lhe deu alimento diário através das obras megalómanas, quem tudo resolveu através da subsidiodependência, quem submeteu toda a sociedade e todo o associativismo à vontade do poder, controlando-os através de uma teia de interesses múltiplos, quem gerou uma colossal dívida pública face à qual estão todos os madeirenses e porto-santenses a pagar duplamente, quem gerou esse "monstro de várias cabeças" tem nome(s) e, portanto, aquelas palavras ditas, ainda por cima, no endividado até ao pescoço concelho de Machico, deveria(m) ter vergonha na cara e abster(em)-se daquele tipo de paleio. É que já não há pachorra para os ver e para os aturar, politicamente, claro. Aquela música, NÃO, obrigado!
Ilustração: Teresa Gonçalves/DN, com a devida vénia. Google Imagens (2).

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