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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

SENHOR GENERAL, NÃO BRINQUE COM COISAS POLITICAMENTE MUITO SÉRIAS


Bom, não há nem almoços nem jantares grátis. E desde logo, pergunto, que razões subsistem para que sempre que alguém termina a sua comissão de serviço na Região, tenha de subir à Quinta das Angústias para que o vigia da quinta enalteça o trabalho realizado? Por cortesia? Politicamente, julgo que não, simplesmente porque a cortesia não deveria ir além de uma mera apresentação de cumprimentos de despedida. E ponto final. Para o enaltecimento mútuo das qualidades no quadro da propaganda política? Não sei. Os intervenientes lá saberão. Mas de uma coisa sei eu, é que o Senhor Major General, porque é militar, deveria abster-se de considerações de perfil claramente político. Não porque, enquanto cidadão, não tenha o direito a ter uma opinião. A sua opinião. Ali, deveria abster-se apenas porque é militar e não civil e porque as suas palavras não se enquadram na realidade. O Senhor Major General conhece, ora se conhece, o estado a que a Madeira chegou, exactamente, nos planos económico, financeiro, social, cultural e cívico. O Senhor Major General sabe, ora se sabe, que a Madeira tem uma gigantesca dívida de mais de oito mil milhões de euros (integrando as PPP), que tem mais de 80.000 pobres, que o desemprego atinge 23.000 pessoas, que centenas de madeirenses estão a entregar as suas habitações aos bancos, que o sistema empresarial está agonizante, que temos as piores taxas de abandono e de insucesso escolar, e, perante isto, o Senhor Major General vem falar de "qualidade de liderança", de "mérito da obra que aqui foi feita"? O Senhor Major General confunde crescimento com desenvolvimento? O Senhor Major General vem falar de um político inteligente, quando a Madeira está FALIDA, por culpas próprias, porque essa "vastíssima experiência" que, disse, o Dr. Jardim ter, não foi colocada ao serviço de um desenvolvimento equilibrado e sustentável?
 
 
O Senhor Major General Tiago Vasconcelos, no decorrer de um jantar de homenagem pelas funções que desempenhou enquanto representante das Forças Armadas na Região, brincou, eu diria mesmo, ofendeu uma larguíssima faixa da população da Madeira, que não se revê naquilo que considerou ser "um enorme surto desenvolvimentista não apenas económico, mas também social, cultural, político e cívico", o que "tem permitido à maior parte dos madeirenses serem felizes na sua terra". O Major General referia-se ao Dr. Alberto João Jardim, Presidente do Governo, o "rosto" que  pela "qualidade de liderança" é merecedor que o resto do país saiba reconhecer "o mérito da obra que aqui foi feita nas últimas décadas". A finalizar, desejou que o presidente possa continuar a servir a Madeira e Portugal por muitos e bons anos com a sua "inteligência e vastíssima experiência".
Bom, não há nem almoços nem jantares grátis. E desde logo, pergunto, que razões subsistem para que sempre que alguém termina a sua comissão de serviço na Região, tenha de subir à Quinta das Angústias para que o vigia da quinta enalteça o trabalho realizado? Por cortesia? Politicamente, julgo que não, simplesmente porque a cortesia não deveria ir além de uma mera apresentação de cumprimentos de despedida. E ponto final. Para o enaltecimento mútuo das qualidades no quadro da propaganda política? Não sei. Os intervenientes lá saberão. Mas de uma coisa sei eu, é que o Senhor Major General, porque é militar, deveria abster-se de considerações de perfil claramente político. Não porque, enquanto cidadão, não tenha o direito a ter uma opinião. A sua opinião. Ali, deveria abster-se apenas porque é militar e não civil e porque as suas palavras não se enquadram na realidade. 
O Senhor Major General conhece, ora se conhece, o estado a que a Madeira chegou, exactamente, nos planos económico, financeiro, social, cultural e cívico. O Senhor Major General sabe, ora se sabe, que a Madeira tem uma gigantesca dívida de mais de oito mil milhões de euros (integrando as PPP), que tem mais de 80.000 pobres, que o desemprego atinge 23.000 pessoas, que centenas de madeirenses estão a entregar as suas habitações aos bancos, que o sistema empresarial está agonizante, que temos as piores taxas de abandono e de insucesso escolar, e, perante isto, o Senhor Major General vem falar de "qualidade de liderança", de "mérito da obra que aqui foi feita"? O Senhor Major General confunde crescimento com desenvolvimento? O Senhor Major General vem falar de um político inteligente, quando a Madeira está FALIDA, por culpas próprias, porque essa "vastíssima experiência" que, disse, o Dr. Jardim ter, não foi colocada ao serviço de um desenvolvimento equilibrado e sustentável?
As declarações do Major General Tiago Vasconcelos tiveram o condão de me irritar. Não gosto que tomem os madeirenses por idiotas, como um povo humilde e curvado, onde uns senhores resolvem trocar mimos políticos, quando a maioria do povo, ao contrário do que disse, não é "feliz na sua terra". Estou disponível para uma visita guiada pelas desgraças da Madeira Nova que defendeu ao jantar. Disponível para levá-lo por becos e impasses, pelas zonas baixas e altas da cidade e do meio rural; pelos monstros construídos, hoje fechados ou a meio gás; disponível para proporcionar um encontro com quem sabe de economia e finanças para lhe oferecer o retrato da Madeira, onde a propósito poderá tomar conta de realidade, por exemplo, ao nível dos sistemas de saúde e de educação; disponível para acompanhá-lo num encontro com empresários; disponível ainda para assistir com o Major General a uma sessão plenária na Assembleia Legislativa com oferta de um exemplar do respectivo Regimento. 
Senhor Major General, por favor, não brinque com coisas que são, politicamente, muito sérias e tenha cuidado com o que diz, pois o povo, o Senhor sabe, anda a passar muito mal. Para mim e, certamente, para muitos, o Senhor deu um tiro de pólvora seca, mas que magoou!
Ilustração: Google Imagens.   

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