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domingo, 31 de março de 2013

EDUARDO GALEANO: O RESGATE DAS PALAVRAS NÃO ESCUTADAS



Este vídeo tem cerca de um ano. Descobri-o no YouTube no decorrer das minhas buscas por coisas interessantes. Sigo Galeano há muitos anos, pelas suas análises extremamente bem fundamentadas e baseadas numa permanente reflexão do Mundo. Já vi este vídeo algumas vezes. Deixei-o em arquivo e hoje  resolvi partilhá-lo com os que por aqui passarem. Vale a pena escutá-lo. São trinta minutos serenos e profundos, onde cada palavra, cada conceito conduz-nos a novas reflexões. 

ALELUIA

Boa Páscoa para todos quantos por aqui passarem.

sábado, 30 de março de 2013

SENHOR BISPO LEIA AS DECLARAÇÕES DO PSIQUIATRA DR. RICARDO ALVES


Não basta dizer que "perante as imagens de sofrimento, o discípulo de Cristo não pode ficar insensível ou indiferente. É necessário, pois, cultivar um coração compassivo, sensível à dos que sofrem". Pois, Senhor Bispo, esse sentimento é o que milhares têm e defendem, mas que resolve? Resolverá alguma coisa? Ora, o Bispo sabe, ora se sabe, que isto não vai com "compaixão", com um sentimento de pesar que nos causam os males alheios, isto vai com atitudes certas de quem tem o poder político nas mãos. Resolve-se com posições firmes, consistentes, humanistas e de respeito pelas prioridades. Porque o meu coração "não é insensível em face dos problemas dos outros" é que escrevo e tento denunciar a pouca-vergonha. Mas eu não tenho púlpito, eu não tenho a chefia da Diocese, eu não possuo a força de uma rede hierárquica capaz de colocar em sentido os responsáveis pelos dramas humanos. E o Senhor Bispo do Funchal, que não deve ser partidário, tem o dever de "(...) ajudar as pessoas a perceberem que elas podem fazer mais do que acham que podem", todavia no sentido da luta pela sua dignidade e não no sentido que deduzi das palavras ditas. Senhor Bispo, com toda a sinceridade, mude o seu discurso, claramente, por omissão, mais partidário do que assente na Palavra de Cristo. Enfrente a realidade e seja VERDADEIRO. É a única coisa que lhe peço, enquanto cristão. 


Reflecti se deveria ou não escrever em clara oposição ao que li. Decidi que a solenidade destes dias não me impedia de ter uma opinião contra o essencial da homilia de ontem do Senhor Bispo do Funchal. Irritou-me aquela lengalenga, por si só repetitiva, porque a par dos elementos da História milenar, não consegue dar um passo em frente devidamente contextualizado com a realidade. O tempo de sofrimento não é o de há dois mil anos. Ficou o exemplo. Hoje, desse exemplo e dessa Palavra, urge partir, chamando os bois pelo nomes, partir para um espaço de intervenção directa, frontal e correctora dos desequilíbrios geradores de "sofrimento". Ao Bispo, essa reserva que os cristãos podem(iam) ter nesta Região de senhorios, pede-se frontalidade e não subserviência, pedem-se contributos e não palavras para um peditório que todos nós já demos e continuamos a dar. Não basta dizer que "perante as imagens de sofrimento, o discípulo de Cristo não pode ficar insensível ou indiferente. É necessário, pois, cultivar um coração compassivo, sensível à dos que sofrem", disse. Pois, Senhor Bispo, esse sentimento é o que milhares têm e defendem, mas que resolve? Resolverá alguma coisa? Ora, o Bispo sabe, ora se sabe, que isto não vai com "compaixão", com um sentimento de pesar que nos causam os males alheios, isto vai com atitudes certas de quem tem o poder político nas mãos. Como salientou o Bispo, "(...) nos caminhos deste mundo, são muitos ainda aqueles que experimentam ao vivo os sofrimentos de Jesus e solicitam a nossa solidariedade, atenção e amor concreto". Pois, é isso que muitos milhares sentem e oferecem, mas isto não se resolve com caridade. Resolve-se com posições firmes, consistentes, humanistas e de respeito pelas prioridades. Porque o meu coração "não é insensível em face dos problemas dos outros" é que escrevo e tento denunciar a pouca-vergonha. Mas eu não tenho púlpito, eu não tenho a chefia da Diocese, eu não possuo a força de uma rede hierárquica capaz de colocar em sentido os responsáveis pelos dramas humanos. E o Senhor Bispo do Funchal, que não deve ser partidário, tem o dever de "(...) ajudar as pessoas a perceberem que elas podem fazer mais do que acham que podem", todavia no sentido da luta pela sua dignidade e não no sentido que deduzi das palavras ditas.
As pessoas, Senhor Bispo, não resolvem o problema do desemprego, elas estão atadas, metidas numa camisa de forças, tal como vi e ouvi um homem com as lágrimas nos olhos, numa recente manifestação de trabalhadores dos estaleiros navais de Viana do Castelo: "eu, com o meu trabalho, com o meu suor, consegui dar formação a uma filha; custa-me dizer a uma outra que não pode continuar porque não tenho dinheiro!" As pessoas, Senhor Bispo, amarradas a um sistema que as conduz, inevitavelmente, ao "sofrimento" sabem que os responsáveis por esse sofrimento estão a montante, estão na governação, uns há dois anos, outros há 37! As pessoas sabem que existem directórios europeus e mundiais que as condenaram ao sofrimento, em função da ganância e da especulação. É contra esses, Senhor Bispo, que deve um olhar felino e uma palavra cáustica. 
Ainda hoje, quando li as palavras do Senhor Bispo, cruzei-as com as do médico psiquiatra Ricardo Alves. Está lá escarrapachado que as pessoas estão em pânico, estão deprimidas e estão em desespero: "(...) este clima de austeridade forçada, de insegurança, leva muitas famílias - mais das classes médias e até altas, que tinham um determinado estatuto e um determinado padrão de vida, e têm que se adaptar forçosamente a um novo estatuto - a algum grau de desespero e, posteriormente, a desesperança, e muitas vezes as pessoas refugiam-se, inclusivamente, no abuso solitário, nomeadamente de bebidas alcoólicas, assim como de outras substâncias e aí podemos abordar cannabis e, claro, também de psicofármacos" (...) "as "perturbações de ansiedade estão a aumentar bastante." Este trabalho de Jornalista Sílvia Ornelas (DN-Madeira) tem o mérito de ter sido muito mais importante que a homilia do Senhor Bispo D. António Carrilho. O médico Dr. Ricardo Alves, não se colocou com reservas, disse a verdade, contextualizou, chamou a atenção e para quem é minimamente atento, percebeu que a "austeridade forçada" existe por culpa de políticos que a Igreja não afronta. São esses que estão na origem deste desastre social. E agora pergunto: como podem ter um "coração compassivo" os 25.000 que estão desempregados, as centenas que passam fome, os empresários desesperados, as crianças sem futuro e os idosos jogados a um canto? 
Senhor Bispo, com toda a sinceridade, mude o seu discurso, claramente, por omissão, mais partidário do que assente na Palavra de Cristo. Enfrente a realidade e seja VERDADEIRO. É a única coisa que lhe peço, enquanto cristão.
Ilustração: Google Imagens e DN-Madeira.

sexta-feira, 29 de março de 2013

POLÍTICA DESPORTIVA: UMA GERAÇÃO SEM ESPERANÇA?


Uma juventude não perde a "esperança" por não competir a outros níveis. Perde a esperança se o sistema educativo for de má qualidade, perde a esperança se a pobreza os conduzir ao abandono e às baixas qualificações académicas e profissionais, se a escola não lhe oferecer uma educação desportiva para a vida, sinónima de cultura, e perde a esperança se o sistema educativo for o reprodutor do que pior tem o sistema capitalista. É o que, infelizmente, temos. Eduardo Galeano escreve, no Le Monde, edição 593, Agosto de 2003, um artigo subordinado ao título: Futebol – Une industrie cannibale. Compaginada com as posições de Galeano, o Doutor Manuel Sérgio, sintetiza na edição de O Desporto Madeira de 27.11.03: "(…) O interesse do capitalismo vigente é querer democratizar na medida em que quer vender. O desporto como mercadoria, a cultura como produto vendável, segundo as leis do mercado, é tudo quanto o capitalismo sabe de cultura e desporto (…)". E nesse barco não entro! O desporto é parte integrante da cultura (a cultura nasce sob a forma de jogo, disse Huizinga): fundamenta-se na ciência, alimenta-se dos princípios que consubstanciam o humanismo contemporâneo, pode exercitar as liberdades fundamentais da pessoa, ajuda a um troca fecunda entre as várias culturas (…)". Ora, isto é muito mais que sair da ilha para competir. Certo?


Estou total e frontalmente em desacordo com o Professor Hélder Lopes da Universidade da Madeira, relativamente às consequências de uma alegada diminuição da actividade desportiva dos praticantes da Madeira e do Porto Santo nos quadros competitivos nacionais. Diz o docente da UMa: "Se esta situação se prolongar muito mais no tempo, estaremos a destruir a esperança das pessoas. Mas o pior está para vir, já que o maior impacto será sentido daqui a dez, 15 ou 20 anos quando os jovens, que não evoluírem agora, daqui a 15 anos, em que estariam no máximo das suas capacidades, não vão estar porque não lhes deram a possibilidade de competir com outros tão bons ou melhores do que eles". 
Ora, são múltiplos os aspectos que me levam ao desacordo. Vou por partes, embora sobre este assunto muitos textos tenha publicado e defendido, inclusive, em uma edição em livro.
Primeiro: numa Região historicamente pobre, assimétrica e dependente, o desporto não pode ser considerado uma prioridade. Neste quadro, o diálogo competitivo nacional justifica-se apenas para uma elite, como momento de aferição, motivação e até de superação. Mas, sublinho, para uma elite sujeita a regras muito apertadas de selecção. Simplesmente por uma razão: os recursos financeiros são sempre escassos e, desde há muito, que não há dinheiro. Outra coisa são as aldrabices do governo, as promessas que depois não cumpre e, por via disso, a situação delicada para a qual foram empurrados muitos dirigentes. De resto uma juventude não perde a "esperança" por não competir a outros níveis. Perde a esperança se o sistema educativo for de má qualidade, perde a esperança se a pobreza conduzi-los ao abandono e às baixas qualificações académicas e profissionais, se a escola não lhe oferecer uma educação desportiva para a vida, sinónima de cultura, e perde a esperança se o sistema educativo, genericamente, for o reprodutor do pior que tem o sistema capitalista. É o que, infelizmente, temos. Eduardo Galeano escreveu, no Le Monde, edição 593, Agosto de 2003, um artigo subordinado ao título: Futebol – Une industrie cannibale. Compaginada com as posições de Galeano, o Doutor Manuel Sérgio, sintetizou na edição de O Desporto Madeira de 27.11.03: "(…) O interesse do capitalismo vigente é querer democratizar na medida em que quer vender. O desporto como mercadoria, a cultura como produto vendável, segundo as leis do mercado, é tudo quanto o capitalismo sabe de cultura e desporto (…)". E nesse barco não entro, porque as interligações, dependências e consequências são demasiado óbvias.!
Segundo: olhe-se para a História, para todos estes anos de despesa sem controlo, de contratos-programa insustentáveis, de rios de dinheiro aplicados, mais de 350 milhões de euros nos últimos doze anos, e o que restou? Restaram, de facto, muitos títulos nacionais e alguns internacionais, efémeros e que apenas ficam para a história, que facultaram algum gozo no momento, mas que não deixaram nada para o futuro: mais de 70% dos habitantes não têm actividade física nem desportiva (15-65 anos) com alguma regularidade, um colapso financeiro de quase todo o associativismo, um quase inexistente desporto educativo escolar sem meios para crescer e só consegue não parar à custa de muitos sacrifícios dos serviços que o gerem, uma mentalidade distorcida quanto à importância cultural do desporto e uma inexplicável desproporção entre a participação dos géneros masculino (mais de 70%) e o feminino. 
Terceiro: Não me parece correcto dizer que "há miúdos que os quadros competitivos da Região não são suficientes para eles evoluírem. (...) "não é só a elite madeirense que compete ao nível nacional que está a perder. São todos os outros miúdos a quem esses serviam de modelo. Os outros miúdos olham para ele e inspiram-se neles. Deixa de haver vontade de evoluir". Esta análise carece de fundamento que não é apenas técnico. A propósito, há uns anos, um treinador olímpico da Região das Canárias, Professor Universitário, dizia-me que se contavam pelos dedos os jovens que saiam das ilhas para competir na península. E não era por falta de dinheiro, as preocupações é que eram outras. Explicou-me as mais profundas razões. Por isso questiono: "modelos", mas quais modelos? Atente-se no caso do Engº João Rodrigues, velejador com seis olimpíadas, um excepcional "modelo" de dedicação, de tenacidade, de resultados de topo mundial, de técnica e até na simpatia que irradia e pergunto: serviu de "modelo" no sentido de conduzir a uma prática, em número alargado e em qualidade, na mais barata "instalação desportiva" da Região? Isto para não falar do que os meios de comunicação, particularmente os canais de televisão temáticos, trazem. O problema não é, portanto, de "modelo", mas de paradigma de um desporto ao serviço do desenvolvimento ou de um desporto ao serviço da política. Eu defendo, obviamente, a primeira dimensão. Portanto, o que está em causa é a educação para uma outra mentalidade. O que está também em causa é o planeamento e o respeito pelas prioridades, no próprio desporto. E a este propósito, o Doutor Olímpio Bento (2001), professor universitário, já lá vão doze anos, sobre a crise da Educação Física, chamou à atenção: “(…) a reconstrução da Educação Física assume particular relevância a revolução operada nos conceitos de corpo, de saúde e de estilo de vida activa e na educação ambiental. Mais, essa reconstrução é ditada por duas ordens de razões incontronáveis: 1. pela necessidade de renovação da própria escola, no tocante à sua configuração enquanto pólo de cultura e de humanidade; 2. pela necessidade de influenciar o desporto institucionalizado que hoje ostenta as máculas de um paradoxo, ao afastar-se da cultura, da formação, da educação, do humanismo. Isto é, encontra-se em rota de colisão com princípios e valores que o fundaram como um sistema moralmente bom e resvala, cada vez mais, para a imoralidade, para o analfabetismo, para a incultura e para a trapaça. Sendo através desta área escolar que as crianças e jovens acedem ao contacto com o desporto, a escola não pode eximir-se da responsabilidade que lhe cabe nesta matéria”. Mais tarde, no livro Da Educação Física à Motricidade Humana (2002), editado pelo O Desporto Madeira, pode ler-se na pág. 36 a seguinte passagem do mesmo professor: "(…) é, portanto, curial reconstruir esta área à luz de um lema como este: "escolarizar o desporto – desportivizar a escola e a vida”. Mas atenção, como também salienta o Doutor Manuel Sérgio, desportivizar a escola e a vida num projecto que combata uma prática que constitui "uma das grandes alienações do nosso tempo". Isto é, "para além do desenvolvimento desportivo, é preciso criar um desporto ao serviço do desenvolvimento". E a Escola, neste aspecto, é determinante essencialmente porque é futuro.
Quarto: entre tanto que havia a dizer, eu felizmente sei o que é, fora do país, em representação nacional, ver a bandeira portuguesa subir ao mastro testemunhando a vitória ao som do hino nacional. Tive a felicidade de sentir esse orgulho, porque um dos nossos, um madeirense, acabava de ganhar. É indescritível a emoção e a comoção. Enquanto povo temos esse direito de sentirmos esse orgulho, mas isso não equivale dizer que todos e a todo o momento tenham de participar, quando não é essa a primeira finalidade de uma política desportiva numa terra pobre. O percurso de um atleta, seja em que modalidade for, é longo, de persistência e de progressivo sacrifício, pois o treino, a partir de um determinado momento, na palavra de Peter Daland "é dor, sofrimento e agonia". E esse espaço não é para todos, é para alguns; os outros, menos talentosos, têm de transportar a prática física e ou desportiva como bem cultural... pela vida fora. E isso está por concretizar. Só uma nota complementar: o que por estes dias está a acontecer em S. Vicente é muito mais importante que muitas competições nacionais!
Quinto: finalmente, deixo aqui uma parte do livro "Algumas Teses Sobre o Desporto", do meu Amigo Doutor Manuel Sérgio, páginas 25 a 28: "(…) O desporto é, acima de tudo, um processo de criação cultural". E dirigindo-se ao desportista, sublinha: "Considera o desporto, sobretudo como um factor educativo insubstituível, que visa tanto a saúde como a promoção e a libertação dos agentes do desporto; que procura tanto o lazer e a reabilitação, como a construção de um espaço onde seja possível educar para a cidadania. Se na prática do desporto encontrares graves inconvenientes, encaminha-te (nesta sociedade, que vivemos, da informação e do saber) para normas, valores, produtos e símbolos culturais da sociedade. Verás, aí, com nitidez, as causas das causas das anomalias do desporto. (…) O desporto é parte integrante da cultura (a cultura nasce sob a forma de jogo, disse Huizinga): fundamenta-se na ciência, alimenta-se dos princípios que consubstanciam o humanismo contemporâneo, pode exercitar as liberdades fundamentais da pessoa, ajuda a um troca fecunda entre as várias culturas (…)". Ora, isto é muito mais que sair da ilha para competir. A "esperança" mora aqui. Certo?
Ilustração: Google Imagens.

quinta-feira, 28 de março de 2013

CAVACO SILVA PÔS-SE A JEITO E LEVOU PELA MEDIDA GRANDE!


Ponto alto desta primeira intervenção foi a sua posição relativamente ao Presidente da República. Sócrates tem absoluta razão quando sublinhou: "(...) Não reconheço nenhuma autoridade moral ao Presidente da República para dar lições sobre solidariedade institucional" (...) "O senhor Presidente da República fez-me um ataque pessoal escrito, um ano depois de eu estar fora do Governo e de me ter remetido ao silêncio. Isso diz muito do Presidente da República". E foi mais longe: Em 2009 nasceu na Casa Civil do Presidente da República uma "conspiração" montada para deitar abaixo um Governo e "nunca" Cavaco "se demarcou dela". "Pelo contrário", disse Sócrates: "O senhor presidente da República assumiu-se como um opositor ao Governo". E disse mais: Cavaco Silva podia ter evitado uma crise política, mas "não tinha interesse nisso", tendo feito um "discurso de oposição ao Governo. Fez tudo para uma crise política. Foi a mão atrás do arbusto", acusou. "Isto explica a posição e o comportamento actual do Presidente da República. Vejo muita gente a questionar-se sobre porque o Presidente da República não se pronuncia mais. É que o Presidente da República esteve na origem desta solução política. É patrono desta solução." 


Segui a entrevista à RTP do ex-Primeiro-Ministro José Sócrates. Depois de um prolongado silêncio de dois anos, regressou, segundo disse, "para tomar a palavra" e para exercer o "contraditório" em função de um tempo de permanente agressividade e de histórias mal contadas relativamente à sua pessoa. Sentei-me a escutá-lo com os olhos de cidadão e não com o olhar meramente partidário. Sei que não é fácil, porque se conjugam princípios, valores, conhecimentos e muitos outros aspectos que estruturam o pensamento. Todavia, fiz esse esforço de independência e, globalmente, terei de dizer que gostei. Gostei da frontalidade, dos sinais de uma pessoa preparada, com memória e da desmistificação feita com argumentos consistentes. É evidente que não é em cerca de duas horas e perante uma bateria de questões equivalentes a seis anos de governação que tudo fica esclarecido, até porque, a complexidade de alguns dossiês, permitiriam ir muito mais longe. Mas, enfim, na televisão ou na rádio, os minutos passam a correr e compreendo que alguns temas apenas passem pela rama. Com os posteriores comentários por si assinados, as peças do puzzle conjugar-se-ão, certamente.
aqui escrevi que há vários âmbitos da sua governação que me deixaram reservas, mas Sócrates disse e bem, que só não erra quem não assume uma responsabilidade. Outra coisa é prometer em campanha e não cumprir. Foi franco quando disse que, porventura, nunca deveria ter aceitado a responsabilidade de liderar um governo minoritário na Assembleia. E mais do que isso, há distância de dois anos ou de cinco, quando a crise despoleta, é fácil dizer que esta ou aquela atitude mereciam outro enquadramento, só que as análises têm de ser feitas em função das contextualizações europeias e nacionais e das próprias variáveis da época. Sócrates referiu e quanto a mim bem, o atraso estrutural do país e daí a aposta no sistema educativo, a luta pela não dependência energética, o significativo esforço financeiro para arrancar as pessoas da pobreza, a redução do défice que se situava nos 6.83%, transitado do tempo do Dr. Durão Barroso/Santana Lopes, para 2,6% (2007 e 2008), as questões derivadas da crise internacional que varreu todo o Mundo e que, inevitavelmente, atingiu, com particular severidade, os países menos preparados, mais pobres e assimétricos, a luta pela abertura de novos mercados externos, a história do PEC IV e a atitude assumida pela oposição, a questão do BPN cuja decisão pela nacionalização só pode ser entendida à luz do conhecimento existente na altura. Hoje, de facto, neste particular, é fácil dizer que o caminho poderia ter sido outro, pois poderia e deveria, digo eu, por exemplo, se a regulação do Banco de Portugal tivesse funcionado em pleno. Só que não funcionou! Da mesma forma que mantenho sérias reservas relativamente às PPP, que já vinham do governo PSD/CDS, como continuo a não entender, por exemplo, a realização do europeu de futebol, entre outros aspectos. Mesmo no campo da Educação muito escrevi contra as posições da Ministra Maria de Lurdes Rodrigues e que redundou em 120.000 professores numa manifestação. Mas, o saldo desta entrevista é para mim revelador de um político que não merece a atitude feroz e falsa de muitos que por aí andam como comentadores. José Sócrates atirou-se ao "Correio da Manhã" e fez bem, pelas calúnias de que foi vítima, inclusive, relativamente à sua vida particular.
Ponto alto desta primeira intervenção foi a sua posição relativamente ao Presidente da República. Sócrates tem absoluta razão quando sublinhou: "(...) Não reconheço nenhuma autoridade moral ao Presidente da República para dar lições sobre solidariedade institucional" (...) "O senhor Presidente da República fez-me um ataque pessoal escrito, um ano depois de eu estar fora do Governo e de me ter remetido ao silêncio. Isso diz muito do Presidente da República". E foi mais longe: Em 2009 nasceu na Casa Civil do Presidente da República uma "conspiração" montada para deitar abaixo um Governo e "nunca" Cavaco "se demarcou dela". "Pelo contrário", disse Sócrates: "O senhor presidente da República assumiu-se como um opositor ao Governo". E disse mais: Cavaco Silva podia ter evitado uma crise política, mas "não tinha interesse nisso", tendo feito um "discurso de oposição ao Governo. Fez tudo para uma crise política. Foi a mão atrás do arbusto", acusou. "Isto explica a posição e o comportamento actual do Presidente da República. Vejo muita gente a questionar-se sobre porque o Presidente da República não se pronuncia mais. É que o Presidente da República esteve na origem desta solução política. É patrono desta solução." Ele "está politicamente vinculado." Eu diria que nunca assisti a tamanha sova num político. E Cavaco colocou-se a jeito.
Um segundo ponto alto da entrevista teve a ver com a imagem que lhe ocorre quando vê o que se passa "(...) é que o Governo se meteu num buraco e acha que o que deve fazer é começar a escavar. E eu digo: parem de escavar. Parem com a austeridade. Paremos com esta loucura", pois "se continuarmos a cavar não cumprimos nem na dívida nem no défice".
Ora bem, penso que o regresso do Engº José Sócrates, agora, ao comentário político, tal como há dias referi, é de uma importância fulcral. O contraditório será restabelecido e com a pujança de um político experiente e que, ontem, demonstrou ser, como vulgarmente se diz, um animal político. Com todas as reservas, aguardemos. 
Ilustração: Google Imagens.

quarta-feira, 27 de março de 2013

EDUCAÇÃO: "OS PIRATAS"


"As palavras são assim, manipuladoras, matreiras e até mal intencionadas"


Li um artigo de opinião, na edição do DN-Madeira de 25 de Março, assinado pela Drª Eker Sommer, professora, que me deixou encantado. Narrou um assunto muito delicado e que não é tão invulgar quanto isso, um deslize pedagógico de uma colega de profissão face a uma aluna. De forma humilde e superior, a professora não deixou de integrar-se no grupo porque, sublinhou, "as palavras são assim, manipuladoras, matreiras e até mal intencionadas". Qualquer um, no seu magistério, ao longo dos anos de trabalho, não está imune a uma situação menos bem reflectida. O texto publicado constituiu, mais do que uma chamada de atenção, uma profunda reflexão, para todos quantos exercem a nobre função de educar. Excelente. A linhas tantas escreve:
"(...) E quis partilhar essa boa nova com a turma. Quis, também ela, ser pirata e tomar de assalto os seus colegas, mostrando-lhes que sair da normalidade implica reinventar-nos e, provavelmente, tornarmo-nos melhores. Brilhante lição de vida suportada por outra não menos brilhante exposição em powerpoint a fazer jus às exigentes demandas de qualquer oralidade que se preze. Tudo a postos. Entusiasmo ao rubro e, no abrir do pano, no preciso momento em que anuncia a obra de eleição, a voz cáustica da professora interrompe para manifestar a sua "franca desilusão" pela aluna em causa, ela, ter, nada mais, nada menos, do que escolhido "uma obra para criancinhas". A gargalhada coletiva subiu na mesma proporção do rubor da jovem que, num ápice, se sentiu passar de bestial a besta. E seguiu-se o descalabro... a voz trémula, a gaguez incontrolável, o peso descomunal dos minutos, a branca, a leitura automatizada dos diapositivos e o remate sem qualquer rasgo de brilhantismo. Depois, a procura desesperada pelo colo do pai que, por acaso, é meu amigo e que, numa conversa de café, me contou o sucedido, deixando-me a pensar, a mim que também sou professora e que também tenho comentários infelizes, na força das palavras ou da ausência delas. Lembrei-me de que, numa relação, seja ela entre quem for, o que é dito ou fica por dizer pode destruir ou, simplesmente, deixar de construir. Porque as palavras são assim, manipuladoras, matreiras e até mal intencionadas. Quando pronunciadas, têm sentidos que se perdem pelo caminho, ganhando outros à chegada, sempre piores. (...)"
Depois de ler o texto, que recomendo, lembrei-me de Rubem Alves, escritor, entre outros que há muito sigo, sobre a palavra EDUCAR, essa "capacidade de assombrar diante do banal". E aquela aluna quis sair da "normalidade", do banal, o que implicava "reinventar-se e, provavelmente, tornar-se melhor".  Parabéns, Caríssima Eker.

terça-feira, 26 de março de 2013

JOSÉ MANUEL CONSTANTINO NOVO PRESIDENTE DO COP


José Manuel Constantino é o novo presidente do Comité Olímpico de Portugal, sucedendo no cargo a Vicente Moura.
O dirigente, de 62 anos, foi hoje eleito com 92 votos, contra os 67 do outro candidato, Marques da Silva, que representava um projecto de continuidade.

UM HOMEM EM PÂNICO


Não basta dizer que quer deixar a governação com as contas equilibradas. Essa é conversa de treta, tantas as justificações dadas para a continuidade. Deixo uma possibilidade na esteira de Octávio Paz, Prémio Nobel da Literatura (1990), quando sublinhou que "as massas humanas mais perigosas são aquelas em cujas veias foi injectado o veneno do medo. Do medo da mudança". Será que a revolta do povo o atormenta? Ele que explique.

Há uma pergunta que deveria merecer uma rápida, cabal e clarividente resposta: por que não vai embora? Não lhe chegam 35 anos consecutivos de poder absoluto? Não lhe bastam 37 de poder do seu partido? O que é que, do ponto de vista político, este homem prossegue ou esconde? O que leva um homem com 70 anos de vida, teimosamente, querer uma cadeira de poder, quando, todos os dias, lhe chegam sinais de gente cansada de o ver e de sentir que a sua governação há muito está esgotada? Que ele é problema e não solução. O que esconde este homem para além do palco, nos bastidores, quando, diariamente, o pano cai e os holofotes se apagam? Medo da solidão, pânico, ansiedade, sofrimento, mas porquê? O que faz mover os mais próximos colaboradores em manter as estacas, porcas e parafusos em permanente revisão para que ele permaneça? Como explicar o silêncio cúmplice do Presidente da República que volta as costas aos desmandos numa Região parcela de Portugal? Todas estas perguntas, resumidas em uma só, por que não vai embora, repito, deveria ter uma resposta convincente, esclarecedora, inequívoca, para que os cidadãos percebessem os meandros de uma teia que o prende a um poder quase prisão. Mais ainda, se as suas lacunas governativas, na visão e no equilíbrio entre o crescimento e o desenvolvimento, foram sempre evidentes e criticáveis, hoje, vendida a Autonomia pela qual muitos lutaram antes de 1974, rendido à pobreza que a "obra" feita determinou, mais cedo do que era expectável, entregue o "livro de cheques" ao Ministro das Finanças, metido em um redemoinho político sem regresso, tragado pelo pântano das contas públicas e sob investigação judicial, a questão volta a colocar-se: por que não vai embora?
Não basta dizer que quer deixar a governação com as contas equilibradas. Essa é conversa de treta, tantas as justificações dadas para a continuidade. Deixo uma possibilidade na esteira de Octávio Paz, Prémio Nobel da Literatura (1990), quando sublinhou que "as massas humanas mais perigosas são aquelas em cujas veias foi injectado o veneno do medo. Do medo da mudança". Será que a revolta do povo o atormenta? Ele que explique.
Nota:
Opinião, da minha autoria, publicada na edição de hoje do DN-Madeira.
Ilustração: Google Imagens.

AS ELEIÇÕES NO COMITÉ OLÍMPICO - A MUDANÇA NECESSÁRIA


O que me levou a escrever, embora num breve apontamento ao correr do pensamento, foi o facto de ler as preocupações substantivas daquelas duas mulheres em contraponto com as eleições para o Comité Olímpico de Portugal que terão lugar hoje. De um lado, um candidato coloca quatro mulheres na sua lista de candidatura; do outro, um candidato esquece, já não digo a paridade, mas o que tem representado e representa hoje o universo das mulheres no cômputo geral dos resultados desportivos. Imperdoável.

Dr. José Manuel Constantino
Quatro mulheres fazem parte da sua lista
Há constatações absolutamente inacreditáveis. Já lá vou. Leio, na edição do Público (Domingo) a luta de duas mulheres (Graça Fonseca e Isabel Coutinho) candidatas à liderança do departamento de mulheres socialistas. Há ali um traço comum consubstanciado na “agenda progressista para a igualdade” e no risco de perda “dos direitos que foram conquistados”. Ambas sublinharam a importância de ser atingida a meta de 40%-60% definida pela ONU no que concerne à paridade no acesso aos cargos ou simplesmente na elaboração de listas eleitorais. É evidente que a paridade não pode constituir um factor absoluto. A competência deve ser determinante. E aqui, questiono, quantos homens de duvidosa competência ocupam lugares perante uma legião de mulheres de mão-cheia que ficam à porta? Por interesses mesquinhos e particulares e porque não fazem parte de núcleos que controlam as instituições, numa lógica de favores que se pagam ou, então, porque agora é a tua vez!
O que me levou a escrever, embora num breve apontamento ao correr do pensamento, foi o facto de ler as preocupações substantivas daquelas duas mulheres em contraponto com as eleições para o Comité Olímpico de Portugal que terão lugar hoje. De um lado, um candidato coloca quatro mulheres na sua lista de candidatura; do outro, um candidato esquece, já não digo a paridade, mas o que tem representado e representa hoje o universo das mulheres no cômputo geral dos resultados desportivos. Imperdoável. 
Comandante Marques da Silva, uma candidatura
de continuidade e que deixa uma imagem
contra os princípios da igualdade.
O que me leva, inevitavelmente, à leitura que arranjos de natureza eleitoral, de mesquinhos interesses por um lugarzinho, mesmo que discreto seja, acaba por ter mais peso do que os princípios e os valores que devem nortear uma candidatura que respeite a competência e a dignidade de uma instituição que deve oferecer ao País e a todo o sistema desportivo, que o mundo do desporto é de homens e de mulheres. A não ser que um dos candidatos, entre outros aspectos, não sinta roer-lhe a consciência pela significativa diferença na taxa de participação desportiva portuguesa entre homens e mulheres. E até neste particular uma lista de candidatos deve oferecer um sinal de preocupação, até porque o olimpismo não se esgota na representação olímpica. Finalmente, porque tenho presente, no quadro do movimento olímpico internacional, que a defesa da igualdade dos géneros é um dos princípios fundamentais.
Hoje é dia de eleições para a eleição do novo presidente do Comité Olímpico de Portugal. Conheço o meu Amigo Dr. José Manuel Constantino, já lá vão 44 anos, figura de quem fui colega naquela que hoje é a Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa. Apoio-o, incondicionalmente, porque neste processo de candidatura há um ciclo que se fecha e um tempo de esperança que surge no horizonte. Parece-me evidente que essa esperança alia-se a um sentido de mudança a qual terá de nascer de fora para dentro do COP. Quando uma instituição se reproduz a partir dela própria, o sinal que emerge é o da continuidade, é o dos acertos marginais que não alteram as políticas estruturantes. Ora, José Manuel Constantino é a figura que pode trazer ao Comité Olímpico de Portugal, essa necessária mudança, simplesmente porque a sua formação académica filia-se no desporto, existe nele uma enorme experiência gestionária, transporta um mundo de importantes relações com o associativismo, factores que lhe permitem trazer a inovação e a criatividade num quadro de agitação positiva de um movimento que precisa de sair, rapidamente, de muitos anos de rotinas. 
Para além de uma necessária mudança, a qual, estou certo, o movimento associativo compreenderá, ela reveste-se de uma grande importância, por um lado, para os atletas, porque podem olhar para o Dr. José Manuel Constantino como a figura que, pela sua formação, melhor posicionado está para interpretar os projectos e as necessidades, por outro, porque a importância do COP não se esgota na representação nacional ao mais alto nível. Os princípios e os valores do olimpismo precisam de ser disseminados e integrados na mentalidade do povo e, nesse aspecto particular e de relevante importância, acredito que o COP possa vir a beneficiar do seu labor. 
Não sou dirigente associativo. Apenas fui um treinador que teve o ensejo de qualificar um atleta para os Jogos de Seoul. Conheço, por isso, as necessidades e as angústias, os enquadramentos ou a ausência deles, por isso mesmo, sem qualquer menosprezo pelos dirigentes que pelo COP passaram, está na altura de uma mudança que permita que Portugal, apesar de todas as contingências e fragilidades, possa melhorar a sua respeitabilidade no seio das nações. Pelo que conheço, o Dr. José Manuel Constantino teria o meu incondicional voto. Espero que as eleições ao fim da tarde de hoje resultem na sua vitória.
Ilustração: Google Imagens

segunda-feira, 25 de março de 2013

EDUARDO GALEANO: TEMPO DE VIVER SEM MEDO!


Estamos a viver um momento de preocupação extrema. Eu diria de aflição colectiva. Um momento de receio do futuro imediato, de medo sobre o que pode vir a acontecer nos próximos tempos, quando necessário se torna não ter medo. Andamos todos apreensivos, em um constrangimento gerador de angústia, pelas dúvidas que as várias posições políticas deixam. Vemos uma Europa abúlica, sem saber para onde vai, titubeante, uma Europa com imensas contradições, despida de líderes que a conduzam e inspirem confiança; vemos o conflito entre o Norte e o Sul, o global e o local; vemos a desesperança e o conflito social a despontar como nunca, um pouco por todo o lado; vemos o desespero dos empresários e a fome a proliferar; vemos gente desbocada produzindo frases obscenas para quem pouco ou nada tem; vemos Portugal onde o governo não acerta uma previsão, um governo onde um parceiro de coligação, o CDS/PP, sugere a remodelação do governo como se a ele não pertencesse, numa espécie de estamos, mas não estamos; vemos uma intervenção externa a esmagar-nos com processos de austeridade já experimentados, mas reprovados;  vemos um Euro em queda e desacreditado, numa Europa que se desagrega, faltando, apenas, quem dê o primeiro passo. O medo invade o cidadão, mas também campeia em toda aquela gente que fala de paz e semeia a guerra. Gente que não percebeu, na louca corrida pelo lucro, do dinheiro e mais dinheiro, que a sua felicidade depende dos patamares de felicidade mínima dos demais. Vivemos tempos de conflito iminente, porque o desespero anda aí à solta, ao virar da esquina. Ontem, segui uma intervenção, que já tem dois anos, de Eduardo Galeano, jornalista e escritor uruguaio. São dez minutos deliciosos, actuais e que nos deixam a reflectir. Convido-vos a seguirem.




domingo, 24 de março de 2013

GOVERNO PSD/CDS SEM DÓ NEM PIEDADE DA REGIÃO

HIPOTECA QUE VAI SAIR DO NOSSO BOLSO?


A notícia que o governo autorizou o Marítimo a hipotecar o estádio para que a banca possa financiar a finalização da obra, só pode ser lida, em parte, como uma boa notícia. Pelo menos do meu ponto de vista. Se, por um lado, a zona envolvente ficará mais agradável aos olhos de quem ali passa, visita ou assiste a um jogo, por outro, é quase certo que, mais cedo que tarde, as dificuldades de libertação da hipoteca muito dificilmente não passarão para a responsabilidade pública. Uma das hipóteses é a do incumprimento. Com a saída do governo da SAD, com os crescentes encargos de gestão do futebol profissional (e não só), com as evidentes dificuldades financeiras, por muitos anos, do governo da Região, a questão que coloco é a de saber se o Marítimo, sem os substanciais apoios públicos, terá possibilidade de responder aos encargos de um financiamento bancário que terá de ser pago. Duvido. O Marítimo e qualquer outro não gera receitas capazes de suportar as suas despesas correntes com outras resultantes de investimentos como é o caso. 


É evidente que me custa passar na zona dos Barreiros e ver aquela obra inacabada. Olhar para aquele monstro de cimento, para aquele estádio e pensar em tudo o que ele esconde é, de facto constrangedor. Naquela que é uma zona nobre da cidade, não é bonito, não é agradável olhar para agressividade do cimento de uma "obra" por terminar. Se me perguntarem qual a solução, não sei. Não estou, minimamente, por dentro do dossier "Estádio dos Barreiros", salvo alguns textos avulsos vindos a público. De uma coisa sei, pelo menos essa é a minha opinião, é que poderiam tê-lo melhorado sem a necessidade de o transformar à custa de muitos e muitos milhões desproporcionais às possibilidades de uma Região pobre e dependente. A Madeira, certamente, que precisava de um estádio com dignidade, nunca de tantos para a prática do futebol, mesmo quando se fala de competições nacionais e internacionais. A Região tem, segundo julgo saber, 37 espaços para a prática do futebol, o que significa um espaço por cada 7000 habitantes, aproximadamente. Mas essa é uma outra história que tem a ver com uma palavra que o governo da Madeira não considera: planeamento.  
A notícia que o governo autorizou o Marítimo a hipotecar o estádio para que a banca possa financiar a finalização da obra, só pode ser lida, em parte, como uma boa notícia. Pelo menos do meu ponto de vista. Se, por um lado, a zona envolvente ficará mais agradável aos olhos de quem ali passa, visita ou assiste a um jogo, por outro, é quase certo que, mais cedo que tarde, as dificuldades de libertação da hipoteca muito dificilmente não passarão para a responsabilidade pública. Uma das hipóteses é a do incumprimento. Com a saída do governo da SAD, com os crescentes encargos de gestão do futebol profissional (e não só), com as evidentes dificuldades financeiras, por muitos anos, do governo da Região, a questão que coloco é a de saber se o Marítimo, sem os substanciais apoios públicos, terá possibilidade de responder aos encargos de um financiamento bancário que terá de ser pago. Duvido. O Marítimo e qualquer outro não gera receitas capazes de suportar as suas despesas correntes com outras resultantes de investimentos como é o caso. 
Seja como for e sublinhando que este texto não tem em conta outras variáveis, uma das hipóteses desta hipoteca é que o governo ao possibilitar o Marítimo em oferecer como garantia bancária o estádio, manifesta, simultaneamente, em acto de desespero político, o desejo de garantir, temporariamente, alguns postos de trabalho, todavia, não deixa de constituir uma hipótese que esses encargos venham a ser suportados, no futuro, pelo erário público. E no quadro de tantas dificuldades, com uma dupla austeridade às costas, com empresas a soçobrar, com tanta pobreza em crescimento, e não sendo o desporto profissional uma prioridade, como é que a população entenderá este esforço. O futuro o dirá. Certo é que tudo isto é consequência de uma péssima política desportiva.
Ilustração: Google Imagens.  

TEMPO DE OUVIR OUTRAS CORRENTES DE OPINIÃO

sábado, 23 de março de 2013

JOSÉ SÓCRATES - O REGRESSO AO COMENTÁRIO POLÍTICO


Considero, porque nós cidadãos não conhecemos missa metade, importante que José Sócrates adira ao comentário político. Comentário político que já fazia antes de ser primeiro-ministro com Santana Lopes. Será uma oportunidade de conhecermos outros pontos de vista, os outros contornos da realidade que nos contam e que nos fazem crer. As relações internacionais que manteve com os grandes líderes mundiais, o resultado desses contactos, a sua leitura dos mercados e as grandes contradições políticas internacionais, as imposições a que teve de se submeter, as suas dúvidas e os seus projectos, as angústias, enfim, existem múltiplos aspectos que ao cidadão comum interessa. Não acredito que a sua presença sirva para branquear seja o que for. Quem esteve atento e está atento, sabe que pode colocar em um dos pratos da balança o que José Sócrates fez ou diz e, no outro, as políticas menos bem sucedidas. E daí, livremente, retirará as suas conclusões. Agora, ter medo da sua presença na RTP, isso não. Para mim é um comentador tal como tantos outros. Ridículo é, na Assembleia da República, o CDS querer indagar o Director da RTP e que o PSD se sinta indignado com a alegada contratação de José Sócrates como comentador. Será que querem manter um bode expiatório para a actual situação em que Portugal se encontra?


Considero sem sentido esta polémica que se gerou em torno da alegada contratação do Engº José Sócrates como comentador da RTP. Chegou-se ao ponto de ter sido aberta uma "petição pública" na NET visando uma espécie de defesa do ex-primeiro-ministro. Não sei se as pessoas pararam um pouco para reflectir ou se reflectiram em andamento, na onda das várias posições tornadas públicas. É evidente que não sou portador de todos os contornos dessa alegada contratação, sei o que por aí li, mas isso, no essencial, pouco importa. Se a RTP irá ganhar mais audiência ou não, se com isso aumentará as receitas da publicidade ou não, sinceramente, são aspectos que não domino. Parto sim do princípio que um gestor, público ou privado, não deixa de lado tais aspectos que são de relevante importância no plano da competitividade empresarial. Mas, vamos por partes:
Primeiro: José Sócrates foi primeiro-ministro, valha a verdade, num período muito complexo da História no quadro das interacções económicas e financeiras mundiais. Quando vivíamos numa certa estabilidade, confirmam os números, no seu primeiro governo conseguiu baixar o défice público que se situava nos 6.83%, transitado do tempo do Dr. Durão Barroso/Santana Lopes, para 2,6% (2007 e 2008). Julgo que não nos podemos esquecer este aspecto e que essa significativa redução foi conseguida sem colocar em causa o apoio social que conheceu, a partir de 2005, um dos maiores e mais consistentes incrementos junto dos mais carenciados da sociedade. Cito de cor, por exemplo, a baixa no preço de 4.000 medicamentos que significou uma poupança para os portugueses de 726 milhões de euros; o Complemento Solidário para Idosos, instrumento poderoso para atenuar a pobreza de 200.000 portugueses; o apoio pré-natal quando começou a ser preocupante o défice de natalidade; o Salário Mínimo que cresceu 20%; o Abono de Família, uma das prestações mais importantes que cresceu 25% no mesmo período. Tratou-se, aliás, do maior aumento de sempre conjugado com o 13º mês desta prestação social; a Acção Social Escolar, baseado nos escalões do abono de família e que veio a beneficiar milhares de alunos e suas famílias; o apoio à parentalidade, onde a licença passou de cinco para dez dias de licença, acrescido de mais um mês caso o pai ficasse com a criança; a reforma da segurança social permitindo safar o País que se encontrava no abismo para uma situação de alguma garantia de futuro; a substancial melhoria do parque escolar; a obrigatoriedade do 12º ano; o investimento na investigação científica; as ligações viárias ao interior do país, etc.. Não apenas isto, mas também a significativa abertura de Portugal ao comércio externo (que hoje estamos a beneficiar), a questão das energias renováveis, enfim, entre tantos projectos que vi com interesse futuro. 
Segundo: E surgiu a crise externa, gravíssima, a pior dos últimos 70 anos, avassaladora ao ponto de varrer desde os Estados Unidos a toda a Europa. Veja-se a situação de Espanha, que tinha tido superavit e que está hoje com 25% de desemprego, a situação da Grécia, da Irlanda, da Islândia, da Itália, da própria França e agora do Chipre, entre outros que andam com o credo na boca. O sistema colapsou, mais por razões externas de natureza especulativa que internas, e isso penso que não pode nem deve ser atribuído a uma única pessoa. Está aos nossos olhos que Portugal, pequeno país, periférico, pobre, assimétrico e deficitário no plano industrial, nesta onda de desconfiança total, seria atingido com maior gravidade. Por outro lado, estamos a sofrer as consequências do desnorte e contradições das políticas europeias.  
Terceiro: Que houve erros, obviamente que sim. Aconteceram situações sobre as quais tive muitas dúvidas sobre a oportunidade. Não me posiciono porque não conheço os dossiers, concretamente, aos projectos de "alta velocidade" ou ao novo aeroporto, iniciativas que tanto deram que falar. Hoje, afloram que a Portela tende para o esgotamento e que a "alta velocidade", entre Lisboa e Madrid, afinal, parece fazer algum sentido. Começará pelo transporte de mercadorias e não tardará o de passageiros! Não sei e poucos saberão, pois são dois dossiers extremamente complexos. Não concordei, por outro lado, com o Europeu de futebol e com o investimento em estádios que, sabia-se, não terem um efeito multiplicador. Foi um erro. Uma outra, embora não dependendo do primeiro-ministro, foi a questão da supervisão bancária que veio a determinar, desde logo, o escândalo do BPN. Neste caso, ainda assim, estou convencido que a intervenção do governo, através do Ministro das Finanças, ficou a dever-se ao facto da dimensão do "buraco" não ser suficientemente conhecida. Havia, porventura, no contexto de então, o receio do contágio o que se tornava preocupante. Mas deixou-me muitas dúvidas, obviamente que sim.
Quarto: Na história recente da democracia nunca um primeiro-ministro esteve tão debaixo de fogo como José Sócrates, desde que tomou posse. Não vou aqui enunciar os casos, mas toda a sua vida foi permanentemente vasculhada, desde os bancos de escola até à riqueza da sua família, passando pelas decisões enquanto Secretário de Estado do Ambiente. E ainda continuam. A verdade é que nada se provou quer em Tribunal quer a outros níveis de natureza política e social. Momentos houve que fiquei com a impressão que era, politicamente, um homem a abater. Porquê, não sei. Mas foi sempre sensível um interesse em denegrir a sua imagem, vendê-la como um aldrabão, um interesseiro e um desonesto. A questão da TVI, na luta que travou com a jornalista Manuela Moura Guedes, o que posso dizer é que se lá estivesse teria procedido da mesma maneira. Aquilo não era jornalismo, era ataque intencional, feroz e infundado contra uma pessoa. E mais tarde, muitos concluíram que assim era. 
Quinto: Independentemente dos prós e contras da sua figura de político, dos que entendem que tem um trabalho meritório ou não, que foi mais apanhado pela tempestade financeira mundial ou não, José Sócrates é hoje um cidadão como qualquer outro. Tem o direito de viver  fora do País ou em Lisboa. A opção é sua. Julgo que não devemos ter reservas sobre o seu passado político, independentemente dos que estão a favor ou contra. E dou um exemplo: José Manuel Durão Barroso é tido - nas altas esferas da governação europeia e mundial - como o perfeito instrumento do Clube Bilderberg. Daniel Estulin, que investiga há muitos anos o Clube de Bilderberg, diz que as suas fontes lhe confirmaram que Henry Kissinger, um membro permanente de Bilderberg, terá dito o seguinte sobre Durão: é "indiscutivelmente o pior primeiro-ministro na recente história política. Mas será o nosso homem na Europa". Talvez porque abriu as portas dos Açores a uma reunião que determinou a invasão do Iraque! A História um dia narrará os bastidores desta acção. E questiono: o que é hoje a UE, com a sua responsabilidade, inviabilizará a sua alegada candidatura, em 2016, à Presidência da República? Provavelmente que não.
Sexto: Considero ridículo que, na Assembleia da República, o CDS queira indagar o Director da RTP e que o PSD se sinta indignado com a alegada "contratação" de José Sócrates como comentador. Será que querem manter um bode expiatório para a situação em que Portugal se encontra, uma vez que, volta e meia falam da herança política de Sócrates? Aliás, tal como na Região da Madeira, onde prevalece o inimigo externo, a República, para apagar a irresponsabilidade governativa regional. Talvez. E que razões levam a que ninguém fale de outros comentadores, entre os quais vários que foram ministros com responsabilidades governativas? E, já agora, quem se lembra que o Professor Cavaco Silva, primeiro-ministro durante dez anos, com duas maiorias absolutas, deixou o país com um défice de 8,9% do PIB.
Sétimo: Considero, por tudo isto, escrito ao correr do pensamento, porque nós cidadãos não conhecemos missa metade, que José Sócrates é bem vindo ao comentário político. Comentário político que já fazia antes de ser primeiro-ministro tendo como parceiro Santana Lopes. Será uma oportunidade de conhecermos outros pontos de vista, os outros contornos da realidade que nos contam e que nos fazem crer. As relações internacionais que manteve com os grandes líderes mundiais, o resultado desses contactos, a sua leitura dos mercados e as grandes contradições políticas internacionais, as imposições a que teve de se submeter, as suas dúvidas e os seus projectos, as angústias, enfim, existem múltiplos aspectos que ao cidadão comum interessa. Não acredito que a sua presença sirva para branquear seja o que for. Quem esteve atento e está atento, sabe que pode colocar em um dos pratos da balança o que José Sócrates fez ou diz e, no outro, as políticas menos bem sucedidas. E daí retirará as suas conclusões. Agora, ter medo da sua presença na RTP, isso não. Para mim é um comentador tal como tantos outros. Aliás, penso que a RTP deu um tiro certeiro no plano da competitividade empresarial. Os mais de 100.000 que votaram contra a sua presença da RTP, penso que estarão lá todos caídos para o ouvir. A televisão pública só ganhará com isto.  E logo veremos, já na próxima Quarta-feira, com uma entrevista inicial conduzida por Vítor Gonçalves. Da minha parte não estarei de pé atrás. Ouvi-lo-ei como a qualquer outro.
Ilustração: Google Imagens.

sexta-feira, 22 de março de 2013

CARTA AO ULRICH: SEM AÇÚCAR NEM AFECTO


Olha, meu estupor, sabes o que acontece às casas que as pessoas te entregam? Sabes, pois… São vendidas por tuta e meia, o que quer dizer que na maior parte dos casos, o pessoal apesar de te ter dado a casa fica também com a dívida. Não vale a pena falar-te do sofrimento, da vergonha, do vexame que integra a penhora de uma casa, porque tu não tens alma, banqueiro que és. Tal como não vale a pena referir-te que os teus lucros vêm de crimes sucessivos. Furtos. Roubos. Gamanços. Comissões de manutenção. Juros moratórios. Juros compensatórios, arredondamentos, spreads, e mais juros de todas as cores. Cartões de crédito, de débito, telefonemas de financeiras a oferecerem empréstimos clausulados em letrinhas microscópicas, cobranças directas feitas por lumpen, vale tudo, meu tratante. Mesmo assim tiveste de ser resgatado para não ires ao fundo, tal foi a desbunda. E, é claro, quem pagou o resgate foram aqueles contra quem falas todo o santo dia.

Por
ALICE BRITO  - Jardim das Delícias. Advogada e Dirigente do BE. 
"Sei que a raiva não é boa conselheira. Paciência. Aí vai.
Havia dantes no coração das cidades e das vilas umas colunas de pedra que tinham o nome de picotas ou pelourinhos. Aí eram expostos os sentenciados que a seguir eram punidos com vergastadas proporcionais à gravidade do seu crime. Essa exposição tinha também por fim o escárnio popular. Era aí que eu te punha, meu glutão.
Atadinho com umas cordas para que não fugisses. Não te dava vergastadas. Vá lá, uns caldos de vez em quando. Mas exibia-te para que fosses visto pelas pessoas que ficaram sem casa e a entregaram ao teu banco. Terias de suportar o seu olhar, sendo que o chicote dos olhos é bem mais possante que a vergasta.
Terias, pois, de suportar o olhar daqueles a quem prometeste o paraíso a prestações e a quem depois serviste o inferno a pronto pagamento. Daqueles que hoje vivem na rua.
Daqueles que, para não viverem na rua, vivem hoje aboletados em casa dos pais, dos avós, dos irmãos, assim a eito, atravancados nos móveis que deixaram vazias as casas que o teu banco, com a sofreguidão e a gulodice de todos os bancos, lhes papou sem um pingo de remorso.
Dizes com a maior lata que vivemos acima das nossas possibilidades. Mas não falas dos juros que cobraste. Não dizes, nessas ladainhas que andas sempre a vomitar, que quando não se pagava uma prestação, os juros do incumprimento inchavam de gordos, e era nesse inchaço que começava a desenhar-se a via-sacra do incumprimento definitivo.
Olha, meu estupor, sabes o que acontece às casas que as pessoas te entregam? Sabes, pois… São vendidas por tuta e meia, o que quer dizer que na maior parte dos casos, o pessoal apesar de te ter dado a casa fica também com a dívida. Não vale a pena falar-te do sofrimento, da vergonha, do vexame que integra a penhora de uma casa, porque tu não tens alma, banqueiro que és.
Tal como não vale a pena referir-te que os teus lucros vêm de crimes sucessivos. Furtos. Roubos. Gamanços. Comissões de manutenção. Juros moratórios. Juros compensatórios, arredondamentos, spreads, e mais juros de todas as cores. Cartões de crédito, de débito, telefonemas de financeiras a oferecerem empréstimos clausulados em letrinhas microscópicas, cobranças directas feitas por lumpen, vale tudo, meu tratante. Mesmo assim tiveste de ser resgatado para não ires ao fundo, tal foi a desbunda. E, é claro, quem pagou o resgate foram aqueles contra quem falas todo o santo dia.
Este país viveu décadas sucessivas a trabalhar para os bancos. Os portugueses levantavam-se de manhã e ainda de olhos fechados iam bulir, para pagar ao banco a prestação da casa. Vidas inteiras nisto. A grande aliança entre a banca e a construção civil tornavam inevitável, aí sim, verdadeiramente inevitável, a compra de uma casa para morar. Depois os juros aumentavam ou diminuíam conforme era decidido por criaturas que a gente não conhece. A seguir veio a farra. Os bancos eram só facilidades. Concediam empréstimos a toda a gente. Um carnaval completo, obsessivo, até davam prendas, pagavam viagens, ofereciam móveis. Sabiam bem o que faziam.
Na possante dramaturgia desta crise entram todos, a banca completa e enlouquecida, sendo que todos são um só. Depois veio a crise. A banca guinchou e ganiu de desamparo. Lançou-se mais uma vez nos braços do estado que a abraçou, mimou e a protegeu da queda.
Vens de uma família que se manteve gloriosamente ricalhaça à custa de alianças com outros da mesma laia. Viveram sempre patrocinados pelo estado, fosse ele ditadura ou democracia. Na ditadura tinham a pide a amparar-vos. Uma pide deferente auxiliava-vos no caminho. Depois veio a democracia. Passado o susto inicial, meu deus, que aflição, o povo na rua, a banca nacionalizada, viraram democratas convictos. E com razão. O estado, aquela coisa que tu dizes que não deve intervir na economia, têm-vos dado a mão todos os dias. Todos os dias, façam vocês o que fizerem.
Por isso falas que nem um bronco, com voz grossa, na ingente necessidade de cortes nos salários e pensões. Quanto é que tu ganhas, pá?
Peroras infindavelmente sobre a desejável liberalização dos despedimentos.
Discursas sem pejo sobre a crise de que a cambada a que pertences é a principal responsável.
Como tu, há muitos que falam. Aliás, já ninguém os ouve. Mas tu tinhas que sobressair. Depois do “ai aguenta, aguenta”, vens agora com aquela dos sem-abrigo. Se os sem-abrigo sobrevivem, o resto do povo sobreviverá igualmente.
Também houve sobreviventes em Auschwitz, meu nazi de merda!
É isso que tu queres? Transformar este país num gigantesco campo de concentração?
Depois, pões a hipótese de também tu poderes vir a ser um sem-abrigo. Dizes isto no dia em que anuncias 249 milhões de lucros para o teu banco. É o que se chama um verdadeiro achincalhamento.
Por tudo isto te punha no pelourinho. Só para seres visto pelos milhares que ficaram sem casa. Sem vergastadas. Só um caldo de vez em quando. Podes dizer-me que é uma crueldade. Pois é. Por uma vez terás razão. Nada porém que se compare à infinita crueldade da rapina, da usura que tu defendes e exercitas.
És hoje um dos czares da finança. Vives na maior, cercado pelos sebosos Rasputines governamentais. Lembra-te porém do que aconteceu a uns e ao outro."
Ilustração: Google Imagens.

CATÁSTROFE SOCIAL: 25.000 DESEMPREGADOS


Ele, o responsável pelos Recursos Humanos, nem uma palavra sobre a catástrofe social de 25.000 desempregados. E do Conselho do Governo, ontem reunido, face aos assustadores números do desemprego, resultou, apenas, a aprovação do relatório anual sobre a participação da Região Autónoma da Madeira no processo de construção europeia durante o ano de 2012. Esta é a imagem de uma Região com um governo que se marimba nas questões importantes, que não comenta, não esboça sequer uma preocupação, talvez porque não tenha qualquer solução para atenuar o drama. Vinte e quatro mil, novecentos e setenta e seis desempregados significa que, no mês de Fevereiro, em média, 17 pessoas por dia perderam o emprego. Hoje, certamente, o número de 25.000 já foi ultrapassado! E nem uma palavra. Nada de substancial têm a dizer.



Antes, aparecia o ex-governante Brazão de Castro a martelar números, gaguejando, inventava mil e uma coisas para dizer que aquilo não era bem assim, enfim, tentava mascarar a realidade como podia. Agora, o actual detentor da pasta dos Recursos Humanos, nem pia! Ontem, no dia que se soube de mais um passo em direcção à catástrofe social, o secretário, Jaime Freitas, de fatinho vestido, todo aprumadinho, no Dia Mundial da Árvore, pegou na enxada e ajudou a plantar aquela que será uma árvore. 
Melhor teria sido que apresentasse um programa de combate ao terrível flagelo do desemprego. Mas não, estava na agenda e lá foi, certamente em substituição do secretário do Ambiente e dos Recursos Naturais, que anda por Jersey e que ontem dizia, pasme-se, que  os enfermeiros madeirenses tinham ali uma porta aberta. Falou da "exportação" de mão de obra qualificada, quando deveria estar preocupado com a exportação de uma das principais produções da Madeira, a banana, que ainda ontem num hipermercado do "Continente" apresentava os seguintes preços: a da Madeira, € 2,49 ao kg. e a da Colômbia, € 0,99 ao kg. Isto é, com tantos problemas por resolver e que estão muito para além do paleio e das promessas diárias "aos senhores agricultores", o secretário regional dos Recursos Naturais, Manuel António Correia falou da "exportação" de pessoas e pouco adiantou sobre questões que de facto afectam os agricultores madeirenses. Bom, mas esta é uma história que veio a talho de foice. 
Regresso ao desemprego para dizer que a árvore que o secretário da Educação precisa de plantar, urgentemente, nesta terra escalvada de um sistema educativo de sucesso, é aquela que pode trazer esperança aos milhares que alunos dos estabelecimentos de educação e ensino. E a verdade é que se passou quase um ano e meio desde que tomou posse e não me lembro de uma, repito, uma única medida susceptível de criar uma ruptura com o passado gerador de um sistema portador de futuro. O que fica deste mandato, pelo menos até agora, é o afastamento de professores, o drama dos conselhos executivos a braços com imensos problemas gestionários e administrativos, escolas com dívidas acumuladas, onde se incluem alguns milhões aos docentes, um sistema de avaliação do desempenho docente que é uma lástima burocrática e sem sentido, iníquas avaliações no ensino básico, sobretudo no 1º ciclo, associativismo em falência e, sobretudo, uma ausência conceptual sobre o que, de facto, deseja para o futuro. Ninguém conhece o seu pensamento político e, portanto, aquela árvore ontem plantada pelo secretário da Educação e dos Recursos Humanos não é mais do que um simbólico acto de tapar a floresta do desencanto. Como não sabe para onde vai, qualquer caminho lhe serve.
Ele, o responsável pela Educação, mas também pelos Recursos Humanos, nem uma palavra sobre a catástrofe social de 25.000 desempregados. E do Conselho do Governo, ontem reunido, face aos assustadores números do desemprego, resultou, apenas, a aprovação do relatório anual sobre a participação da Região Autónoma da Madeira no processo de construção europeia durante o ano de 2012. Esta é a imagem de uma Região com um governo que se marimba nas questões importantes, que não comenta, não esboça sequer uma preocupação, talvez porque não tenha qualquer solução para atenuar o drama. Vinte e quatro mil, novecentos e setenta e seis desempregados significa que, no mês de Fevereiro, em média, 17 pessoas por dia perderam o emprego. Hoje, certamente, o número de 25.000 já foi ultrapassado! E nem uma palavra. Nada de substancial têm a dizer. Aguentem-se, pensarão estes governantes.
Ilustração: Google Imagens e Victor Hugo (DN-Madeira)

quinta-feira, 21 de março de 2013

BEM PREGA... "FREI" PASSOS COELHO


Quase todos os jornalistas que vão para cargos de nomeação directa saem com requisições de serviço, como se estivessem a ser convocados pelo Governo para ir para a guerra. Ou seja, o lugar no quadro fica assegurado. E as administrações, que recusam com frequência licenças sem vencimento a jornalistas que querem tirar mestrados e valorizar-se profissionalmente, usando o argumento de que são indispensáveis ao funcionamento do jornal, mostram-se depois disponíveis para aceitar estas saídas para o Governo, mesmo que às tantas elas já representem 10 ou 15% da redacção, como é o caso do DN. E mostram-se disponíveis porquê? Não é porque concordem, nem porque não lhes desse jeito aliviar o quadro. É porque não querem chatices com os Miguéis Relvas desta vida. Caído o Governo, corrido o pessoal dos gabinetes e das administrações, esses jornalistas regressam então alegremente às redacções de origem, como se aquele período às ordens dos políticos, passado a praticar spin, fosse um curso de formação profissional - que, com sorte e boa capacidade argumentativa, até os vai habilitar a exercer melhor a sua actividade no futuro.

Eis um artigo de José Miguel Tavares. É caso para dizer que bem prega... "frei" passos Coelho! E, depois, é tudo mentira.
"Com a ida do jornalista Licínio Lima para a Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, elevam-se para 10 - convém repetir este número: dez - os jornalistas que transitaram da redacção do Diário de Notícias para cargos de nomeação directa do Governo de Pedro Passos Coelho.
Por ordem alfabética: Carla Aguiar é assessora do ministro da Administração Interna, Eva Cabral é assessora do primeiro-ministro, Francisco Almeida Leite é vogal da administração do Instituto Camões, João Baptista é assessor do ministro da Economia, Licínio Lima foi nomeado para director-geral adjunto de Reinserção, Luís Naves é assessor de Miguel Relvas, Maria de Lurdes Vale é administradora do Turismo de Portugal, Paula Cordeiro é assessora do ministro das Finanças, Pedro Correia é assessor de Miguel Relvas e Rudolfo Rebelo é assessor de Pedro Passos Coelho. Espero não me estar a esquecer de ninguém.
Entre estas pessoas há, como é óbvio, de tudo: gente inteligente e competente, gente inteligente mas pouco competente, e gente pouco inteligente e muito incompetente.
Eu sei disso porque trabalhei durante vários anos com quase todos na redacção do Diário de Notícias. No meio dos dez há inclusivamente uma amiga minha, e se trago para aqui esta lista com nomes concretos não é para acusar ninguém de se ter andado a vender ao Governo enquanto jornalista (embora, a bem da verdade, não ponha as mãos no fogo por todos) e muito menos para acusar o Diário de Notícias de ser um viveiro de "laranjinhas" - até porque na altura de José Sócrates o jornal era acusado de andar a fazer fretes ao PS.
Se exponho isto publicamente é, isso sim, porque a minha consciência me obriga a denunciar, com mais do que palavras vagas, a extrema hipocrisia do Governo de Passos Coelho, que anda por aí a pregar um novo Portugal e uma nova forma de fazer política, e depois continua a encher gabinetes e administrações de jornalistas. O problema, aliás, não é só encher os gabinetes e as administrações - é também a forma como os enche. 
Quase todos os jornalistas que vão para cargos de nomeação directa saem com requisições de serviço, como se estivessem a ser convocados pelo Governo para ir para a guerra. Ou seja, o lugar no quadro fica assegurado. E as administrações, que recusam com frequência licenças sem vencimento a jornalistas que querem tirar mestrados e valorizar-se profissionalmente, usando o argumento de que são indispensáveis ao funcionamento do jornal, mostram-se depois disponíveis para aceitar estas saídas para o Governo, mesmo que às tantas elas já representem 10 ou 15% da redacção, como é o caso do DN.
E mostram-se disponíveis porquê? Não é porque concordem, nem porque não lhes desse jeito aliviar o quadro. É porque não querem chatices com os Miguéis Relvas desta vida. Caído o Governo, corrido o pessoal dos gabinetes e das administrações, esses jornalistas regressam então alegremente às redacções de origem, como se aquele período às ordens dos políticos, passado a praticar spin, fosse um curso de formação profissional - que, com sorte e boa capacidade argumentativa, até os vai habilitar a exercer melhor a sua actividade no futuro.
Querem uma explicação para o estado em que Portugal se encontra? Têm aqui mais uma. Enquanto os portugueses são espremidos de segunda a domingo, e Pedro Passos Coelho utiliza discursos comoventes sobre a necessidade de modificar a mentalidade da pátria, o que se vê nas estruturas do Estado é o mesmo de sempre - ou até um bocadinho pior, porque saltarem dez jornalistas de uma única redacção deve ser algo inédito na história da democracia portuguesa.
Pela boca morre o peixe, e pela boca há-de morrer este Governo, que é incapaz de manter a elevação ética necessária para impor os níveis gigantescos de sacrifícios que os portugueses estão a suportar.
Promulgam-se novas leis laborais, exige-se a perda de velhos hábitos, tudo se quer flexibilizar, mas o círculo dos protegidos, esse continua ao abrigo de todas as tempestades. Com as empresas de media a atravessarem extremas dificuldades, com cortes salariais constantes e falta de perspectivas na profissão, qualquer lugar num gabinete de imprensa é uma atracção irresistível para um jornalista que começa a ver a sua vida a andar para trás.
Só que tudo isto mina de forma indelével a imagem de políticos e de jornalistas, duas classes essenciais para nos tirarem do pântano onde nos encontramos, mas que todos os dias, de forma suicida, se vão afundando um bocadinho mais. Até porque se dá esta suprema ironia - cereja em cima do bolo da incompetência - de quantos mais jornalistas se contratam mais desgraçada parece ser a comunicação do Governo. 
E diante disto, até eu, que votei no PSD, fico cheio de vontade de cantar a Grândola. É uma vergonha, senhores".
Nota:
Este jornalista colabora no programa “GOVERNO  SOMBRA”, com Ricardo Araújo Pereira e Pedro Mexia, ao sábado, na TVI 24.
Ilustração: Google Imagens.

O IMPÉRIO DA MENTIRA

CHORE, CHORE... A "INJUSTIÇA"!


Não tem razão alguma em dizer que usurparam as "competências aos órgãos das regiões autónomas". Os senhores é que entregaram essas competências e agora choram esta terra ser "equiparada a uma simples autarquia". Eu não choro, eu lamento, eu vos abjuro, eu desejo-vos bem longe da coisa pública, para que a Madeira recupere a imagem degradada e a dignidade que perdeu. Os culpados têm rosto e o senhor é um desses rostos políticos. O governo a que pertence não é confiável aos olhos da população da Madeira, muito menos aos olhos dos governantes da República. E prova-se o que acabo de sublinhar: lutaram contra o governo do partido socialista, e estavam no seu direito no quadro do exercício de oposição, assumindo que com um governo PSD tudo seria diferente. Provou-se que não. Agora, a Madeira está pior do que estava, pois ninguém liga ao governo da Madeira. Até o Centro Internacional de Negócios (a reclamada tábua de salvação), cujo ex-secretário de Estado, Dr. Sérgio Vasques, foi acusado de ter feito um intencional "veto de gaveta" (expressão sua), mas que o actual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Dr. Paulo Núncio (CDS/PP), oferece a imagem que o assunto está morto e com funeral marcado. E aqui pergunta-se: de quem foi a responsabilidade de todo o processo? Chore, senhor secretário, chore que isso só lhe faz bem. Alivia, por horas, a sua consciência, mas não a do povo da Região. Esse chora de verdade, com as lágrimas do desemprego e da pobreza a que o senhor e os seus amigos de governo condenaram.

O gesto diz tudo:
uma política que vale "zero"

Chora o Secretário do Plano e Finanças, Dr. Ventura Garcês: a lei é "injusta, centralizadora e punitiva"; estão em causa "reduções significativas de transferências do Estado para esta região autónoma"; "subscrevemos o rigor e o controlo orçamental. O que não queremos aceitar de maneira nenhuma é que sejam impostas condições mais gravosas do que as impostas ao Estado. Uma região autónoma não pode ser equiparada a uma simples autarquia"; "as competências que são dadas à comissão de acompanhamento de políticas financeiras usurpam competências aos órgãos das regiões autónomas". Chore, senhor secretário, chore que isso só lhe faz bem. Alivia, por horas, a sua consciência, mas não a do povo da Região. Esse chora de verdade, com as lágrimas do desemprego e da pobreza a que o senhor e os seus amigos de governo condenaram. 
Então a lei das Finanças Regionais é "injusta, centralizadora e punitiva"! Pois é. E quem fez com que aqui chegássemos? Quem é que escondeu centenas ou milhares de facturas que conduziu a um buraco financeiro sem precedentes na História recente da Região? E quem é que mentiu aos deputados sobre a verdade das contas da Madeira e, há poucos dias, veio com a treta, repito, treta, que tal ficou a se dever a dois sistemas informáticos incompatíveis? (entre secretaria das Finanças e a secretaria do Equipamento Social). Quem é que, por essa via, a da mentira das contas, entregou a Autonomia da Região? E quem não forneceu todos os documentos necessários a uma correcta avaliação da situação financeira, aos deputados da Assembleia, aquando da Comissão de Inquérito? E quem, no tempo das vacas gordas, ainda por cima, ao invés de negociar com firmeza, mas com elegância, ofendeu com palavras e atitudes os governos da República? E quem é que fez da "obra" megalómana, descontextualizada da realidade e inoportuna, um meio para perpetuar o poder? E quem, lá mais para trás, disse que um bom político governa sem dinheiro? Lembra-se(?)... senhor "secretário do estado" a que isto chegou? Faça um esforço, antes de atirar areia para os olhos dos madeirenses e portosantenses. Tem hoje, na RTP-Madeira, uma oportunidade política de falar a verdade.
É, por isso, que não tem razão alguma em dizer que usurparam as "competências aos órgãos das regiões autónomas". Os senhores é que entregaram essas competências e agora choram esta terra ser "equiparada a uma simples autarquia". Eu não choro, eu lamento, eu vos abjuro, eu desejo-vos bem longe da coisa pública, para que a Madeira recupere a imagem degradada e a dignidade que perdeu. Os culpados têm rosto e o senhor é um desses rostos políticos. O governo a que pertence não é confiável aos olhos da população da Madeira, muito menos aos olhos dos governantes da República. E repare, contra os quais nutro, também, o desejo de não os ver por perto. Todavia, prova-se o que acabo de sublinhar, pois os senhores lutaram contra o governo do partido socialista, e estavam no seu direito no quadro do exercício de oposição, assumindo que com um governo PSD tudo seria diferente. Provou-se o contrário. Agora, a Madeira está pior do que estava e ninguém liga ao governo da Madeira. Para a República este governo de que faz parte não é mais do que gestor da massa falida! Até o Centro Internacional de Negócios (a reclamada tábua de salvação), cujo ex-secretário de Estado, Dr. Sérgio Vasques, do anterior governo, foi acusado de ter feito um intencional "veto de gaveta" (expressão sua), mas que o actual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Dr. Paulo Núncio (CDS/PP), oferece a imagem que o dossier está morto e com funeral marcado. E aqui pergunta-se: de quem foi a responsabilidade de todo o processo? Quem inquinou as negociações com a UE quando permitiu que fosse apresentado a Bruxelas, pela mão da SDM, uma proposta que aligeirava o critério da criação de emprego, conduzindo mesmo à sua eventual destruição? Uma solução em contraponto às necessidades de criação de emprego na RAM, processo totalmente incompreensível no panorama das exigências da UE? Diga lá quem foi? Quem é que chegou ao ponto de apresentar um Projecto de Resolução na Assembleia da República, confirmando que para o Governo Regional do PSD os critérios de criação de emprego na praça madeirense não eram relevantes? Isto é, tiveram a insensatez de apresentar uma proposta de "destruição de emprego contra mais benefícios fiscais"? Diga lá a quem se deve a falta de transparência que nem o actual governo da República mostra interesse em pegar?
Senhor Secretário, chore, chore e inunde de lágrimas o umbigo do governo a que pertence. Mas, apesar disso, não me comove nem à maioria da população. Arranje outro discurso porque esse já não pega.
Ilustração: Google Imagens.