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sexta-feira, 1 de março de 2013

PRECISAMOS DE POLÍTICOS CULTOS


Custa-me aceitar, entre tantos exemplos, que um bando de técnicos da designada "troika" seja recebida com salamaleques e que venha impor, em nome de outros, aquilo que não podemos suportar. Irrita-me, quando temos um povo inteiro encostado à parede, cada vez mais pobre, que os governantes portugueses se verguem aos diversos interesses, sobretudo aos de uma Alemanha, que já fez o que fez, e agora, sem a presença das armas, nos ajoelha sem dó nem piedade. Vejo-os de passo apressado nas repetidas imagens dos canais de televisão, a entrarem no nosso espaço para ditarem ordens e fazerem ouvidos de mercador perante os alertas das diversas instituições. E não há políticos que ponham ordem nisto. Eles entendem que assim está bem, vendem a dignidade de um povo e denunciam que pouco ralados estão que sendo este um processo POLÍTICO sejamos "controlados" por técnicos. Secundarizam a NEGOCIAÇÃO e aceitam a SUBMISSÃO. É evidente que os compromissos assumidos têm de ser liquidados, mas tal como um cidadão vai à banca e negoceia os seus créditos, o mesmo deve-se passar com a negociação entre os países e as instituições financiadoras internacionais. Não é o banco que nos impõe como temos de viver. Que gente ridícula esta que despreza o seu povo em nome dos interesses de outros. Amanhã, nas ruas terão uma resposta.


Segui com grande interesse a entrevista de ontem, na SIC, a Manuel Alegre. De forma impecável esteve a Jornalista Ana Lourenço. Um exemplo de como se deve entrevistar, pois não se coloca como o centro da atenção, antes, de forma serena e acutilante deixa as questões pertinentes, garantindo espaço para que o convidado explane o seu posicionamento. Mas não é esse aspecto que aqui me traz. Ouvi-o e, no final, fiquei com dois sentimentos a bailarem na minha cabeça: primeiro, que estamos a perder, fruto da idade, a participação activa de políticos de mão cheia. Olho em redor e tomo consciência de tantas figuras de saber, de cultura e de experiência política que a velocidade do tempo está a deixá-los nas margens dos processos políticos. É a lei da vida! Quando agora deles precisávamos face à conjuntura, uns já partiram e outros, de quando em vez, aparecem a facultar o testemunho do seu pensamento. Homens e Mulheres, alguns que passaram pela amarga experiência do exílio, que foram presos e torturados, que transportavam ou transportam uma vastíssima leitura histórica dos processos políticos mundiais, que leram, estudaram e conviveram com tantos outros  pensadores, que sofreram por convicções e que possibilitaram, através da sua saudável teimosia, que tivéssemos chegado a Abril de 1974; segundo, em contraponto, que estamos entregues a fraquíssimos continuadores dessa notável obra que teve o ser humano e a nossa Pátria como centro das preocupações. Basta que os confrontemos sem que seja necessário aqui explicitar os seus nomes. É o dia e a noite, na estrutura do pensamento, no conhecimento, na cultura, na capacidade de ir para além das palavras ditas. Não quero com isto dizer que, ontem, tudo era são e que não se conjugavam interesses ideológicos que muito penalizaram os povos. O meu sentimento é que na nossa esfera de portugueses contámos com figuras de proa e que hoje essas figuras escasseiam. Estamos entregues a pessoas de fraca qualificação política, a maioria dos quais apenas desempenha a função de correias de transmissão da engrenagem inteligentemente montada por directórios com sede para além da fronteira. Podem trazer na lapela o pin da bandeira de Portugal, mas é gente sem força, sem convicções e que mais preocupada anda em fazer o trabalhinho sujo para, mais tarde, terem a recompensa que os "mercados" e os grupos de comando ditarão. Políticos que pouco ralados estão que alguns descubram as suas incoerências e fragilidades, o que disseram ontem e o que dizem hoje, a impreparação para compaginar o saber académico com o sentido político da realidade, interessa-lhes, sobretudo, serem referenciados como homens de mão de outros poderes que não olham a meios para atingirem os seus fins.
Custa-me aceitar, entre tantos exemplos, que um bando de técnicos da designada "troika" seja recebida com salamaleques e que venha impor, em nome de outros, aquilo que não podemos suportar. Irrita-me, quando temos um povo inteiro encostado à parede, cada vez mais pobre, que os governantes portugueses se verguem aos diversos interesses, sobretudo aos de uma Alemanha, que já fez o que fez, e agora, sem a presença das armas, nos ajoelha sem dó nem piedade. Vejo-os de passo apressado nas repetidas imagens dos canais de televisão, a entrarem no nosso espaço para ditarem ordens e fazerem ouvidos de mercador perante os alertas das diversas instituições. E não há políticos que ponham ordem nisto. Eles entendem que assim está bem, vendem a dignidade de um povo e denunciam que pouco ralados estão que sendo este um processo POLÍTICO sejamos "controlados" por técnicos. Secundarizam a NEGOCIAÇÃO e aceitam a SUBMISSÃO. É evidente que os compromissos assumidos têm de ser liquidados, mas tal como um cidadão vai à banca e negoceia os seus créditos, o mesmo deve-se passar com a negociação entre os países e as instituições financiadoras internacionais. Não é o banco que nos impõe como temos de viver.
Que gente ridícula esta que despreza o seu povo em nome dos interesses de outros. Amanhã, nas ruas, terão uma resposta.
Ilustração: Google Imagens.

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