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terça-feira, 23 de julho de 2013

A MOÇÃO DE CONFIANÇA A CAVACO


Li o discurso o Presidente da República (em exercício) e, a páginas tantas, fixei-me e reli esta parte: "(...) Desde o início do século XXI, temos caminhado aos avanços e recuos: a um período de grandes ilusões segue-se sempre um período de forte austeridade. Ao fim de mais de uma década, ainda não encontrámos forma de nos libertar deste ciclo vicioso (...)". Reparemos bem, ele não falou do Século XX, onde foi, num período determinante da nossa recente História, primeiro-ministro durante dez anos. Não falou de um período que se impunha a estruturação do futuro através da reorganização do Estado e da defesa de grandes projectos estruturantes em vários sectores que propiciassem o crescimento e o desenvolvimento. E dispôs de milhões para isso vindos da então magnânima Europa. Vinte e tal anos depois seria tempo, hoje, do País estar a desfrutar de outros equilíbrios e de uma outra riqueza que não tem. Ele foi primeiro-ministro entre 1985/1995, só que faz todos os possíveis por se esquecer desse período, porque sabe que os erros do passado repercutem-se no futuro, da mesma forma que os projectos bem sucedidos acabam por gerar, no futuro, quadros auspiciosos. Só no sector educativo, em dez anos, nomeou cinco ministros! Se, hoje, a nossa estrutura económica, financeira e social é muito débil, é porque estamos a pagar, com juros, os erros de natureza estratégica cometidos há vinte e tal anos. Os erros não são de 2000 para cá, mas dos anos 80 do século passado para cá!


É estranho, ou talvez não, o Presidente da República anunciar que o governo vai apresentar uma "moção de confiança". No mínimo é esquisito. Compete ao governo tomar tal iniciativa e anunciá-la, nunca o Presidente. Parece-me óbvio. No entanto, destacou na sua intervenção: "(...) Os partidos da coligação apresentaram ao Presidente da República garantias adicionais de um entendimento sólido para alcançar estes objectivos e a informação de que o Governo irá solicitar à Assembleia da República a aprovação de uma moção de confiança e aí explicitará as principais linhas de política económica e social até ao final da legislatura. (...)". Deste texto se pode concluir que ele já sabia, antes das reuniões que visaram o tal "compromisso", das intenções do governo, o que permite várias leituras a este processo. Seja como for, não lhe competia fazer tal anúncio, ainda por cima quando tal moção, no plano da votação final, não é mais do que uma censura ao contrário, pois a existência de uma maioria política só poderá determinar, neste caso, "confiança no governo". Eu diria que será mais uma moção de confiança a Cavaco do que propriamente uma moção de confiança ao governo. 
Li o discurso o Presidente da República em exercício e, a páginas tantas, fixei-me e reli esta parte: "(...) Desde o início do século XXI, temos caminhado aos avanços e recuos: a um período de grandes ilusões segue-se sempre um período de forte austeridade. Ao fim de mais de uma década, ainda não encontrámos forma de nos libertar deste ciclo vicioso". Reparemos bem, ele não falou do Século XX, onde foi, num período determinante da nossa recente História, primeiro-ministro durante dez anos. Não falou de um período que se impunha a estruturação do futuro através da reorganização do Estado e da defesa de grandes projectos estruturantes em vários sectores que propiciassem o crescimento e o desenvolvimento. E dispôs de milhões para isso vindos da então magnânima Europa. Vinte e tal anos depois seria tempo, hoje, do País estar a desfrutar de outros equilíbrios e de uma outra riqueza que não tem. Ele foi primeiro-ministro entre 1985/1995, só que faz todos os possíveis por se esquecer desse período, porque sabe que os erros do passado repercutem-se no futuro, da mesma forma que os projectos bem sucedidos acabam por gerar quadros auspiciosos. Só no sector educativo, em dez anos, nomeou cinco ministros!  Se, hoje, a nossa estrutura económica, financeira e social é muito débil, é porque estamos a pagar, com juros, os erros de natureza estratégica cometidos há vinte e tal anos. Os erros não são de 2000 para cá, mas dos anos 80 do século passado para cá! 
Em uma outra passagem da sua intervenção destacou: "(...) As circunstâncias actuais eram particularmente propícias para que se fizesse um esforço sério para instaurar em Portugal uma cultura política de diálogo e de compromisso semelhante à que existe na generalidade das democracias europeias. Recordo que, na União Europeia, 75% dos países de média dimensão, como Portugal, são governados com base em entendimentos políticos entre um leque partidário alargado (...)". Pois, mas esses entendimentos têm por base percentagens eleitorais resultantes de eleições, tal como, em Portugal, existe um entendimento entre duas forças políticas do centro-direita. O Presidente (em exercício) mistificou a situação portuguesa, confundiu-a intencionalmente, culpabilizando, não culpabilizando, os socialistas por não aderirem ao "compromisso", numa espécie de uma por ele desejada "união nacional" de outros tempos. Mais, ainda, como pode o Presidente pedir uma "cultura política de diálogo e de compromisso" quando a coligação, politicamente maioritária, durante dois anos, pura e simplesmente ignorou e massacrou o partido socialista? Razão tem o Professor Viriato Soromenho-Marques quando sintetiza: "Hoje, Cavaco tem ainda menos autoridade do que o pouco poder que lhe restava. Tornou-se num actor sem relevância nem credibilidade".
Ilustração: Google Imagens.

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