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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

POBRE ESCOLA QUE DEPENDE DESTES POLÍTICOS


Mudei de canal e dou com o secretário regional da Educação a perorar numa conferência de imprensa. Outro desastre. Quase menos cem professores contratados, sublinhou, mas o mais caricato foi a definição dos cinco grandes objectivos para 2013/2014 (DN): criar uma "Carta de Convivialidade"; apostar na Educação para a Segurança e Prevenção de Riscos; criar o Plano Regional de Educação Rodoviária; educar para os media; e manter o reforço da carga horária na Língua Portuguesa e Matemática. Espantoso! Tudo tiros para fora do alvo. O habitual numa secretaria que, lamentavelmente, vai para o terceiro ano de mandato sem apresentar uma única ideia para a Educação. Apenas rotinas, já não digo sequer generalidades, mas banalidades. Uma simples e inocente pergunta: essa história da educação para os media terá alguma coisa a ver com o Jornal da Madeira? Ora, quando a Educação precisa de pensamento acerca do futuro, necessita de uma estratégia portadora de futuro, o secretário responde ou avia, uma vez mais, com o registo próprio de uma mercearia que abre às oito e fecha às dezanove! Não falou das soluções para os problemas que o sistema padece, dos problemas da rede escolar, dessa coisa pavorosa que se designa por "escola a tempo inteiro", das questões curriculares, dos exames no primeiro e segundo ciclos, da falta de quase tudo nas escolas, desde o simples papel higiénico ao pagamento das dívidas em atraso, da angústia dos professores que lidam com uma estúpida burocracia, desde a turma ao seu processo de avaliação de desempenho, da pobreza que invade as escolas, de uma acção social educativa que continua a ser indecorosa, dos apoios que são mitigados e a destempo, de uma autonomia que apenas figura no papel, enfim, transmitiu aquilo que pouco ou nada interessa, porque administrativo e normal, e passou ao lado da verdade da escola que temos e da escola que deveríamos ter. De um caminho a percorrer! Apetece-me, perguntar: este secretário foi sindicalista de quê e de que sector? Pobre escola que depende de políticos assim!

Pensa em quê?

Começo pelo Ministério da Educação. Anteontem segui pela televisão a visita de Nuno Crato a uma escola. Ouvi o que disse. Uma lástima. Tentou transmitir a ideia de que tudo se encontrava a 100% para o início do ano escolar, sublinhando, ao contrário do que tem sido hábito no nosso País. As peças de reportagem apresentadas de seguida acabaram por demonstrar exactamente o contrário. Toda a comunicação social de ontem foi unânime em contrariar o ministro. Eu que fui docente toda a minha vida profissional senti uma revolta. Oxalá estivesse, mas a verdade é que não está, desde a colocação de professores, às turmas com trinta alunos, aos manuais, até àquilo que, pensava eu, não voltar a assistir, isto é, no primeiro ciclo, professores na mesma sala com dois níveis de estudo (2º e 3º anos juntos ou 3º e 4º). Para o ministro está tudo em ordem, apesar de trinta e tal mil professores excluídos, aulas em contentores, crianças de seis e sete anos obrigadas a permanecer na escola com cargas curriculares violentíssimas, entre as 09:00 e as 17:30 horas, e uma quase total ausência de investimento. Ele sorria perante crianças dançando à frente dele e do Primeiro-Ministro que se mostrou orgulhoso. No essencial, o espectáculo de uma Educação transformada em número de circo para consumo mediático. Uma pouca-vergonha política. 
Mudei de canal e dou com o secretário regional da Educação, no meio de outros, a perorar numa conferência de imprensa. Outro desastre. Arengaram a existência de menos cem professores contratados, mas o mais caricato foi a definição dos cinco grandes objectivos para 2013/2014 (destaque do DN-Madeira): criar uma "Carta de Convivialidade"; apostar na Educação para a Segurança e Prevenção de Riscos; criar o Plano Regional de Educação Rodoviária; educar para os media; e manter o reforço da carga horária na Língua Portuguesa e Matemática. Repito: espantoso! Tudo tiros para fora do alvo. O habitual de uma secretaria que, lamentavelmente, vai para o terceiro ano de mandato sem apresentar uma única ideia para a Educação. Apenas rotinas, já não digo sequer a evidência de generalidades, mas de banalidades. Uma simples e inocente pergunta: essa história da educação para os media terá alguma coisa a ver com o Jornal da Madeira? Ora, quando a Educação precisa de pensamento acerca do futuro, necessita de uma estratégia portadora de futuro, o secretário responde e avia, uma vez mais, com o registo próprio de uma mercearia que abre às oito e fecha às dezanove! Não falou das soluções para os problemas que o sistema padece, dos problemas da rede escolar, dessa coisa pavorosa que se designa por "escola a tempo inteiro", das questões curriculares, dos exames no primeiro e segundo ciclos, da falta de quase tudo nas escolas, desde o simples papel higiénico ao pagamento das dívidas em atraso, da angústia dos professores que lidam com uma estúpida burocracia, desde a turma ao seu processo de avaliação de desempenho, da pobreza que invade as escolas, de uma acção social educativa que continua a ser indecorosa, dos apoios que são mitigados e a destempo, de uma autonomia que apenas figura no papel, enfim, transmitiu aquilo que pouco ou nada interessa, porque administrativo e normal, e passou ao lado da verdade da escola que temos e da escola que deveríamos ter. De um caminho a percorrer!
Pensa em quê?
Menos 96 professores, porque, salientaram, se verificou também menos 2.136 alunos matriculados. Uma aldrabice política. Poderia aqui apresentar alguns números que provam a falácia política, a não existência de uma correlação entre a diminuição de matrículas e a dispensa de docentes. No essencial o que existe é uma opção economicista. Prefiro não entrar por aí, pela questão dos números, pois faria o mesmo papel do secretário. O que sei e defendo é que esta lamentável diminuição de matriculados, por causas sociais várias e preocupantes, poderiam, no plano exclusivo do sistema educativo, constituir uma oportunidade visando uma melhor escola: menos alunos, mais docentes, maior investimento na intervenção precoce aos primeiros sinais de desconformidade no ritmo de aprendizagem, liberdade para os estabelecimentos de educação e ensino se organizarem e concretizarem os seus planos pedagógicos, enfim, de tanto que poderia e deveria ser implementado o secretário ofereceu duas mãos cheias de nada. Apetece-me, perguntar: este secretário foi sindicalista de quê e de que sector? Pobre escola que depende de políticos assim! Regressarei a este assunto.
Ilustração: Google Imagens. 

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