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sábado, 7 de setembro de 2013

POLÍTICA DO VALE TUDO E A "VICIAÇÃO E FRAUDE" NAS ELEIÇÕES


Ele inaugura pedaços de estrada e visita obras realizadas à pressa, ele, intencionalmente, confunde campanha eleitoral com actividades de governo, ele substitui-se aos candidatos e fala como se fosse, ele aproveita e dispara para onde está virado, ele manda a empresa de electricidade da Madeira suspender o fornecimento de energia à Fundação a que pertence(u), como se tivesse competência para tal e a empresa, servilmente, agacha-se como se a "fundação" não fosse um consumidor rigorosamente igual aos outros, ele fala de ausência de gratidão, talvez porque sabe quantos lhe devem o lugarzinho no governo, na Câmara, na Junta, nos institutos ou nas direcções regionais. Tudo isto que estamos a assistir, embora não sendo novo, acaba por transmitir a ideia de um "manicónio" político a céu aberto. Contam que um antigo psiquiatra Dr. Aníbal Faria, muito antes de 1974, quando lhe perguntaram sobre o número de doentes da sua especialidade, terá respondido: ponham arame farpado em redor da ilha! Dir-se-á que saímos desse quadro e entrámos em um outro mais complicado que o anterior, porque mais refinado, construído na ilusão de uma democracia que apenas enfeita a vida, porque a ditadura dos actos continua a subsistir. Antes era proibido atentar contra a verdade do poder criado, a prisão, a perseguição e o castigo tornavam-se em um calvário, hoje a liberdade permite expandir os sentimentos, todavia, para esses, quando mordem os calos do poder, há um quarto escuro, uma prateleira onde se arrumam os que pensam de forma diversa. São, socialmente, ostracizados. Antes, os cidadãos recebiam o boletim de voto em casa para irem deitá-lo na urna; hoje, manipulam, como querem e entendem, através da monumental engrenagem que envolve câmaras, juntas, inaugurações, Jornal da Madeira, palcos e festas para tudo, com discursos ao povo sem contraditório.


Vale tudo nesta "Madeira Nova". E à medida que o tempo passa, mais visíveis são os sinais do aperto. Por desespero, porque sentem que tal como um peixe que escorrega entre as mãos, o poder também se esvai pela degradação da imagem pública que foram construindo. E porque isso acontece, tentam apertar o cerco, condicionar, multiplicar a pressão e utilizar todos os meios ilegítimos para sobreviverem no plano político. Porquê, perguntar-se-á? Que interesses escondem? Que redes tentaculares existem para que assim se comportem, demonstrando não terem pejo algum em serem apontados como gente política sem escrúpulos? A campanha eleitoral autárquica vai entrar no momento decisivo. Imagino o que por aí vai acontecer. A este propósito, vale a pena ler, na íntegra, a entrevista ao Dr. António Fontes, publicada na edição de hoje do DN-Madeira. Leiam-na aqui. Deixo aqui um excerto:
"(...) Queixas em nome de uma força da oposição ou enquanto cidadão? Enquanto cidadão. Retirei a queixa da Net, subscrevi e mandei para a CNE. Hoje (quarta-feira) recebi a deliberação, tomada em plenário de 27 de Agosto, que vem condenar, reconhecer, uma vez mais, que o JM viola os deveres de neutralidade, imparcialidade, o que constitui ilícito criminal. Isto é a novidade, relativamente às anteriores - violação grosseira das leis eleitorais, designadamente o decreto lei de 85-D/75 de 26 de Fevereiro - e que há que tomar medidas provisórias. A CNE reconhece que depois das eleições não há nada a fazer. Por isso, adverte o JM no sentido de tratar as candidaturas de forma igual, sob pena de cometer um crime de desobediência, previsto no 348 do Código Penal.
Essa deliberação é suficiente? A nível nacional, por alegado pagamento, que Luís Filipe Menezes fez de contas de munícipes, fez-se um chinfrim de todo o tamanho. Aqui, estas decisões vão sendo tomadas e ninguém sabe o que é feito das participações ao MP.
O MP não faz o que deve? Onde está o MP? São ilícitos criminais que estão a ser cometidos no JM, nesta e em campanhas anteriores. O MP tem o dever de fazer queixas. Creio que terá feito. Mas o resultado até ao momento foi zero. Ninguém sabe, o resultado a nível da CNE. Não se sabe se participou ao MP, aos tribunais os crimes cometidos pelo JM. Se há ilícitos criminais, têm de chegar aos tribunais criminais.
As suas críticas são ao MP, à CNE ou a ambos? São muito mais ao MP, porque oficialmente tem de tomar conhecimento disto e abrir processos, de inquérito ou crime ao JM. Mas falo na CNE porque eles é que tomam as deliberações e têm de fazer chegar ao MP.
Mas aqui está metido também o senhor Presidente da República (PR), como garante daquela coisa muito sofisticada, o funcionamento regular das instituições. Isto é funcionamento desregular das instituições democráticas. Onde anda o senhor PR? Antes dele, onde anda o senhor Representante da República? Ele dirá, certamente, que não tem competências. Mas eu acho que ele tem olhos e, certamente, chegam ao Palácio de São Lourenço exemplares do JM. (...) Como é que é feito? De variadíssimas formas. Não é só viciação do voto dado, que é fácil, uma segunda cruz considera o voto nulo, é também fazer votar pessoas que não vão às urnas, muitas delas até já morreram. Isto passa-se em grandes freguesias do Funchal (...)".
De facto, onde anda o Presidente da República, o Representante da República e todas as outras instituições que sabem o que se passa e não actuam? Esta é a questão.
Ilustração: Google Imagens.

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