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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O "POVO SUPERIOR" VIROU "MATULA DEMOCRÁTICA"


O artigo de opinião, da autoria do Dr. Jardim, publicado na edição de anteontem do JM, é um hino à loucura política. A páginas tantas lê-se: "(...) Chegou-se ao cúmulo de voltar aos tempos da monarquia constitucional e da I República. Compram-se votos com pacotes de leite e sacos de arroz (...)", como se essa, no seu partido, não fosse prática corrente, para além dos materiais de construção. Mas, pior do que isso, o artigo classifica de "matula democrática", que significa corja, súcia, bando de vadios, todos aqueles que, no seu entendimento, "(...) encolhem irracionalmente os ombros e só pensam em "mudar", sem sequer se incomodarem a verificar se as "promessas" que lhes fazem têm qualquer viabilidade e seriedade. É a maneira boçal de se sentirem "soberanos". Isto é, a média de 51,1% da população eleitora nos sete concelhos ganhos pela oposição, fazem parte da "matula democrática", melhor dizendo, da corja, da súcia e de um bando boçal de vadios! Nessa larga percentagem estão, pressuponho, empresários, representantes da Igreja, médicos, engenheiros, advogados, professores, arquitectos, homens e mulheres de ciência, até ao mais humilde e pobre eleitor. Mais, ainda, disse que "(...) o eleitorado demonstra uma notável falta de memória, "vinga-se" nos que de momento sejam poder, numa manifestação clubista primária (...)". Evito ler os seus artigos de opinião mas, de quando em vez, espreito os seus descuidados e infelizes arrazoados. É que ele podia discorrer sobre a situação política nacional, defendendo-se e equacionando o quadro político geral, com elevação, sustentabilidade, humildade e sobretudo com dignidade. Mas não, lê-se aquilo e fica-se com a sensação de um homem apavorado, picareta falante, que escreve sem pensar, com sistemáticas contradições discursivas como se não tivesse espelho para se olhar, um homem em claro desespero para manter-se na crista da onda, quando este já não é o seu tempo. Para ele a "matula democrática", essa malandragem deveria manter o sentido de voto, deveria ajoelhar-se aos seus pés em sinal de agradecimento, deveria ir às urnas e ali depositar o voto no homem que se considera providencial. Bom seria vê-los todos, agora e eternamente, pelos séculos fora, agradecidos, vergados e, tal como antigamente, de chapéu na mão. Por isso abomina essa "(...) "matula democrática"...

Não acorda para a realidade!
hei... estamos em 2013....

Escreveu: "(...) Metade do eleitorado está-se "nas tintas"!... Mas já não "está nas tintas" para reivindicar, para protestar, para exigir, para berrar, para greves, alienando as responsabilidades que tem na situação a que Portugal chegou e, numa leveza de consciência idiota, lançando as culpas da sua irresponsabilidade sobre "os políticos". 
"Consciência idiota", digo eu, porventura por não ter berrado mais cedo em função do completo desnorte vivido na Madeira! "Consciência idiota" salientou, todavia, quando as percentagens atingiam os 60%, quando as maiorias absolutíssimas constituíam quase "prato do dia" dos actos eleitorais, tal consciência era sinónima de "povo superior", e as abstenções não tinham significado de maior, porque as pessoas não votavam porque sabiam que estava ganho! Era o argumento assumido. Que tristeza de discurso e de pensamento democrático. Depois, parecendo ter escrito o texto entre uma soneca e outra face à descontinuidade do pensamento, falou da "inveja e das marcas de séculos de exploração, que fazem a "matula democrática" sentir complexos de inferioridade e em reconhecer o que de positivo foi feito ou mesmo o Bem de que pessoalmente tenham beneficiado". Um naco de prosa que manifesta o tal desejo de vê-los todos, agora e eternamente, pelos séculos fora, agradecidos, vergados e, tal como antigamente, de chapéu na mão. Por isso abomina "(...) a "matula democrática" (...) que a desinformação alimenta e que Instituições responsáveis (?) deixam correr, a "matula" faz a sua catarse dos complexos e das invejas, ao votar em "promessas" que sabe ou devia saber absolutamente loucas e estrategicamente dolosas". Isto é, a média de 51,1% da população eleitora nos sete concelhos ganhos pela oposição, fazem parte da "matula democrática", melhor dizendo, da corja, da súcia e do bando boçal de vadios! Nessa larga percentagem estão, pressuponho, empresários, representantes da Igreja, médicos, engenheiros, advogados, professores, arquitectos, homens e mulheres de ciência, até ao mais humilde e pobre eleitor.
No meio daquela prosa aos trambolhões, uma frase por si escrita tem o meu total apoio: "(...) O regime político falhou e tem de ser removido". Nem mais e, sublinho, por muitos anos. É o homem que se atira para lá quando, por cá, é o centro de um sub-regime democrático. Assume a lógica política de sempre, onde sobressai a culpabilidade dos outros, isto é, pontapeia a bola para longe como se fossem nulas as suas responsabilidades de presidente do governo durante trinta e tal anos. Na sua essência, aquela frase acaba por ser a negação da própria Autonomia. Dir-se-á que o saudosismo do passado continua a correr-lhe nas veias quando fala da "abrilada" e de um "suicídio tão estúpido" que a população cometeu ao escaqueirar o seu partido. De facto, Dr. Jardim, este seu regime falhou, tem de ser removido e essa remoção já começou e parece-me imparável. 
Regresso ao princípio, à "compra de votos com pacotes de leite e sacos de arroz", apenas para deixar a pergunta: mas quem, ao longo de anos a fio, distribuiu benesses, gerou um associativismo subsidiodependente, entregou materiais de construção e cabazes de géneros alimentícios dias antes dos actos eleitorais? Quem, nos actos inaugurais, permitiu à fartazana "comes e bebes" para o povo? Quem inaugurou na véspera dos actos eleitorais? Penso que está a provar o "veneno" que distribuiu!
Ilustração: Google Imagens.

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