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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O DESESPERO E A CONVERSA FIADA DO PRESIDENTE


Muito gostaria de perceber, o que resultou de proveito para a Região tantas e tantas viagens realizadas, pelo Presidente do Governo Regional, segundo dizem, pelos fóruns europeus? Quanto foi investido e qual o retorno dessas reuniões? O que foi dito e o que ficou resolvido? Porque é que um governante falta a um Conselho de Estado, mas está sempre disponível para apanhar um avião para uma qualquer reunião europeia? Estranho. Governar não é isto. Se uma governação exige contactos, pois bem, deles deverão resultar necessárias consequências. Se isso não se verifica, então, poder-se-á dizer que foi tempo perdido e dinheiro muito mal gasto quando tanta falta faz para a solução de necessidades primárias. Ora, quando a população vive em desespero, não aqueles a quem a fortuna bateu à porta, pois há cada vez mais ricos, mas os outros, os das margens que são muitos milhares, os que, diariamente, vivem confrontados com o drama do desemprego e da pobreza, arrastados que andam para o biscate, para a economia paralela como forma de desenrasque, e para, certamente, outros expedientes socialmente condenados, pergunta-se, o que faz este governo liderado pelo Dr. Alberto João Jardim? Rigorosamente nada! É chocante saber que 23.617 jovens madeirenses, entre os 15 e os 24 anos estão fora da escola, fora do mercado de trabalho e distantes de qualquer actividade formadora. São dados do Instituto Nacional de Estatística. Resta-lhes a emigração, a fuga para o desconhecido que, pela limitação das habilitações, constitui um passaporte para o trabalho escravo. Face a este quadro leio as declarações do secretário da Educação que não se considera chocado com os resultados dos alunos submetidos a exames nacionais, isto é, nem tem uma posição firme relativamente aos exames, nem lhe tira o sono o desastre. Que pobreza!



Mas há mais. É chocante assistir, em sectores chave, à luta dos enfermeiros pelo direito ao exercício da profissão na terra onde se formaram, à falta de respeito pelas remunerações que deveriam auferir e que, lamentavelmente, os conduz à partida para outros espaços. É chocante ver médicos desencantados, com mais horas de trabalho e menos remuneração. É chocante o que se passa com os professores. É chocante ter conhecimento de tantos licenciados a quem lhes oferecem € 300/400,00 por mês a recibos verdes. É chocante ter conhecimento de famílias amontoadas no mesmo quarto (vide edição do DN-Madeira de ontem) de forma sub-humana, enquanto outras, sobretudo nos bairros sociais, dividem um apartamento para duas e três famílias, porque o desemprego não permite o "luxo" de ter uma habitação. E, perante tudo isto, que apenas é uma amostra do pano esfarrapado que por aí anda, o presidente viaja, viaja e viaja; o presidente perora e perora sobre a revisão constitucional; escreve aleivosidades no JM; diz que as greves são uma "palhaçada"; concede entrevistas (hoje, mais uma, na RTP-Informação), mas não se digna comparecer no Parlamento Regional para prestar contas aos eleitos pela população. De resto como é seu dever porque da Assembleia depende.
Que fazer, talvez seja a pergunta. Mudar esta gente, penso ser a resposta. Rua, porque já é demais tanta inércia, tanta ausência de projecto, tanta aldrabice discursiva, tanta falta de vergonha na cara, tanta mentira, tanta arruaça, tanta ofensa a todos quantos não comungam da opinião do UI (único importante), tanto desgoverno porque mais preocupados andam com planos internos, com a contagem de espingardas para continuarem o regabofe. Rua, sobretudo pelo devir das nossas vidas de madeirenses e portosantenses, pelos que sofrem, pelas famílias, pelos idosos, pelos pequenos e médios empresários, pelos jovens a quem as portas da esperança e da confiança todos os dias se fecham. Rua, deve ser a palavra de ordem e os eleitores que definam o seu futuro. Espanta-me, por isso, o agachamento de muita gente, o ar translúcido que demonstram, a incapacidade e pouca seriedade de algumas instituições patronais que continuam a preferir a vénia à postura de frontalidade responsável. Importante não é a miséria e as dificuldades de uma economia desgraçada, mas se x jantou na Academia do Bacalhau da Venezuela! Um espanto. Rua!
É tempo de reflexão profunda e de um grito, antes das badaladas da meia-noite de 31 de Dezembro. No dia 01 de Janeiro, com este Orçamento de Estado, coitados dos portugueses em geral e dos madeirenses em particular.
Ilustração: Google Imagens.

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