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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A ESCOLA GONÇALVES ZARCO SUBSTITUI-SE À ASSEMBLEIA LEGISLATIVA


A Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco, numa organização do grupo disciplinar de História, está a promover uma iniciativa intitulada "40 anos de Abril, 40 eventos para comemorar a liberdade", anunciou a edição de anteontem do DIÁRIO. É caso para dizer que a Escola e os seus professores responderam aos eleitos do povo na Assembleia Legislativa da Madeira, com iniciativas educativas e de memória, aspecto que os deputados do PSD-Madeira querem fazer ignorar. Excelente. Sem subterfúgios, sem agachamentos, sem silêncios comprometedores, a ESCOLA, como lhe compete, avançou para a reprodução da memória, para os princípios e valores que Abril trouxe. Trata-se de uma importante iniciativa, no quadro da formação política dos alunos e até de muitos professores, nascidos depois de Abril. Muitos desconhecem e não sentiram o Estado Novo, a verdade única, a ausência de liberdade, o medo, as perseguições movidas pela Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE), depois, Direcção Geral de Segurança (DGS), não sabem porque não viveram as agruras de uma guerra colonial devastadora de vidas e de famílias, não sabem e não sentiram a tristeza da emigração, não sabem porque não viveram a pobreza e o analfabetismo, não sabem o que foi a exploração e a colonia, não sabem porque não viveram a subjugação ao Governador do Distrito da Madeira, não sabem porque não viveram sob o domínio da Junta Geral do Distrito, finalmente, não dominam a deriva pós-Abril que alguns senhores, arvorados em donos da Autonomia, fizeram desta terra conduzindo-a à falência.


Abril está por explicar aos mais novos e até aos professores recentemente formados. Está por explicar, em pormenor, a existência do ciclo dos novos colonos, aqueles que disfarçados de autonomistas não são mais do que novos colonos. Está por explicar os ideais de Abril, a pureza dos princípios e aquilo que alguns vieram a fazer, de tal forma que, subvertendo, capturaram a sociedade e viabilizaram os seus interesses. É isto e muito mais que tem de ser explicado, de forma aberta, em tons de formação política. Porque a Escola tem de ser política. A Escola não deve ser partidária. Essa formação, entre muitas outras no âmbito da cidadania, são fundamentais para gerar cidadãos livres, com opinião, seja ela qual for, mas com opinião, sobre tudo quanto os rodeia. Cidadãos que não se verguem a uma verdade quando a verdade é múltipla. Cidadãos capazes de dizer NÃO quando a campainha toca na sua consciência de pessoa livre. Mais do que muita coisa livresca que a escola tenta transmitir, muita que é apenas para debitar no dia da avaliação e para de imediato esquecer, os princípios e os valores a partir da História contada, acabam por eternizar-se e conduzir à formação de uma matriz de Homem livre e não autómato capaz de despertar para a VIDA. Parabéns pela iniciativa, por dois motivos: primeiro, porque foi a Escola onde trabalhei durante muitos anos; segundo, porque estão a dar uma bofetada de luva branca a uma Assembleia que deseja esconder ABRIL.
Ilustração: Google Imagens.

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