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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

AS "LARGAS DEZENAS DE MILHÕES DE EUROS" E AS OUTRAS PRIORIDADES!


Há dias escutei o secretário da Educação dizer que a dívida do governo ao associativismo desportivo rondaria "largas dezenas de milhões de euros". Não fiquei espantado, porque sei da existência de vários anos de atraso nos compromissos assumidos em vários domínios. Ora, poderia aqui equacionar estas dívidas que sufocam associações e clubes relativamente aos seus planos de actividade; e poderia, também estabelecer e confrontar um rol de prioridades invertidas, desde o caso dramático do sistema de saúde, onde o "caos" está denunciado, até ao sistema de educação, onde as faltas são muitas, passando pelo sistema social onde o desemprego e a fome campeiam. Mas isso corresponderia chover no molhado, tantas foram as vezes que a questão das prioridades políticas, económicas e sociais foram equacionadas. Fico, por isso, pela política desportiva, de resto, uma vez mais. E a pergunta que me assalta é tão somente esta: o que tem andado o secretário da Educação a fazer desde que tomou posse? É que vai para três anos de mandado e não se lhe conhece uma única atitude, uma ideia, um projecto, qualquer coisa que determine passos para um futuro diferente. De memória, a única coisa que me ficou destes três anos, foi o "despedimento" de três directores regionais do desporto.

Um dorme...


O que significa que esta secretaria anda aos papéis, não sabe onde está, onde quer chegar e que passos políticos terá de dar para chegar a um qualquer objectivo. O sistema, se já era mau, tende a ficar pior, por ausência de uma qualquer estratégia política. O secretário continua a empurrar com a barriga a montanha de problemas que os seus antecessores geraram, apesar de, repetidamente, avisados. É tal o desnorte que anunciou, há poucos dias, embora com o cofre vazio, o apoio ao automobilismo, deixando claro que se trata de um "(...) sinal de que o Governo apoia este fenómeno que galvaniza tantas pessoas". "Fenómeno", palavra que aplica sempre que aborda o desporto, só se for do "Entrocamento" (não percebo onde está o fenómeno) e quanto ao "galvanizar tantas pessoas" deveria o secretário saber que é sua missão, não uma política de espectadores, mas uma política de prática desportiva efectiva destinada a milhares. 
... outro não sabe o que fazer!
Apenas fala do "fenómeno"!
Seria desejável que este responsável político tivesse duas preocupações essenciais no seu mandato: primeiro, pagar o atrasado, pois que se trata de contratos-programa assumidos e que devem ser liquidados, libertando muitos dirigentes desportivos que acreditaram na boa-fé e hoje andam de corda ao pescoço, já não bastassem as agruras sentidas nas suas vidas; em segundo lugar, a definição de uma política de fundo, consubstanciada em Decreto Legislativo Regional acompanhado de um Regime Jurídico do Financiamento ao Desporto,  que está muito para além do designado Plano Regional de Apoio ao Desporto (PRAD). Pois bem, se não sabe para onde caminha como poderá definir os apoios? Alguém saberá o que o secretário pretende para o desporto educativo escolar, sobre o qual tem responsabilidades acrescidas? Alguém conhecerá a sua posição relativamente ao sistema desportivo e dentro deste a sua posição no que concerne à área profissional (empresarial)? Alguém conhece as políticas de interface entre a escola e o associativismo? Alguém domina o que ele pretende para a política de utilização das infraestruturas? Alguém sabe, em pormenor, o que ele pretende do rendimento elevado, da participação nacional e internacional? Se algum documento existe (seria lamentável que não existisse) talvez seja apenas do conhecimento interno. Para o exterior nada se sabe ou melhor, conhecem-se as demissões, as dívidas, as pressões, as protecções e os sistemáticos lamentos, desde o que se passa no desporto escolar ao desporto de natureza federada. Pouco mais do que isso. 
Eu sei que o labirinto é extremamente complexo. O secretário está no centro e por onde caminhe esbarra com uma saída fechada. O monstro que criaram ultrapassou a criatura! Mas é seu dever procurar a solução que, obviamente, ultrapassa uma legislatura. Para corrigir o desvario, se a intenção não for drástica, qualquer governo precisará de alguns anos. Mas tem de caminhar em um sentido sob pena dos problemas eternizarem-se. O que me parece é que este secretário não tem unhas para tocar esta guitarra. 
Ilustração: Google Imagens.

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