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domingo, 9 de março de 2014

OPOSIÇÃO PSD NA CÂMARA DO FUNCHAL DE TRAMBOLHÃO EM TRAMBOLHÃO POLÍTICO


Tenho acompanhado a história das manifestações dos trabalhadores da "Quinta do Lorde" à porta da Câmara Municipal do Funchal, segundo me apercebo, devido ao facto do Vereador Dr. Gil Canha ter apresentado uma providência cautelar, relativamente ao complexo construído no Caniçal. Não vou aqui tecer considerações sobre a decisão política que autorizou tal "investimento", o que é e o que não é parque natural da Madeira, as decisões do Tribunal, as legítimas posições das organizações ambientalistas, os conteúdos das providências cautelares, simplesmente porque não estudei este dossier. E quando não se conhece os fundamentos o melhor é estar calado. Agora, sei que o Dr. Gil Canha é Vereador eleito da Câmara Municipal do Funchal, que é um cidadão tal como qualquer outro da nossa terra que desfruta dos mesmos direitos e deveres de se pronunciar sobre o que pensa ser a defesa do património. O facto de ser vereador no Funchal, como é óbvio, não o impede de ter uma opinião sobre as restantes partes do território da Madeira, no caso em apreço, relativamente ao concelho de Machico. Eu que vivo no Funchal, tenho de analisá-lo sobre as suas decisões políticas no concelho onde resido, concretamente, se está ou não a defender a cidade de acordo com o programa apresentado pela "coligação Mudança". Tudo o resto passa-me ao lado. Os tribunais que decidam. Por isso mesmo, tais manifestações de trabalhadores à porta da Câmara do Funchal não fazem qualquer sentido, simplesmente porque a Câmara do Funchal nada tem a ver com o assunto. 


Ora bem, a manifestação, direito inquestionável dos trabalhadores, poderia ter sido feita frente à residência do Dr. Gil Canha, frente ao escritório do seu advogado, frente ao Tribunal, frente à Câmara de Machico e a tanto espaço no Funchal, mas não, pela segunda vez, de forma organizada, teve lugar à porta da Câmara. Do meu ponto de vista, considero desajustado, o que levanta, no mínimo, a suspeita de ter uma orquestração política. A ideia que me ficou foi a de que o local escolhido não é por acaso e que está muito para além da situação com a qual se confrontam os trabalhadores da Quinta do Lorde. E porquê, que razões me levam a assim pensar? Não me parece inocente a conferência de imprensa dos vereadores do PSD na Câmara do Funchal, no qual acusaram o Vereador Dr. Gil Canha de "tiques de autoritarismo, tiques de trauliteiros (...). Há um comportamento do Gil Canha que não é democrático e de bom-senso", assumiram. "(...) É alguém que demonstrou agir para "obter vantagens pessoais", na posição pública sobre a Quinta do Lorde" e não "na defesa da legalidade, do urbanismo e ambiente". Quais, não percebi. E daí o pedido de demissão de Vereador da Câmara do Funchal. Ora, não é o seu comportamento político na Câmara do Funchal que está em causa, é a sua atitude enquanto cidadão, que ao apresentar uma providência cautelar relativamente a uma obra em um outro concelho, em defesa daquilo que considera ser a defesa da legalidade, que justifica o pedido ao presidente da Câmara do Funchal para que defina se mantém a confiança política no Vereador em causa. Estranho? Não, não tem nada de estranho. O habitual entre aqueles que ainda não perceberam o que é ser oposição com firmeza e dignidade. Custa-me ver algumas pessoas envolvidas nisto. Os Vereadores do PSD-Madeira na Câmara só teriam a ganhar se, pelo silêncio, tivessem transmitido a ideia de condenação de manifestações à porta da Câmara, quando esta não é tida nem achada no processo em causa. Façam-nas quando a Câmara do Funchal estiver em causa. Da conferência de imprensa realizada só deu a entender que, afinal, bem poderiam estar na primeira linha dos manifestantes empunhando os cartazes. E, já agora, se o Ministério Público vier a assumir uma providência cautelar de acordo com o que foi notícia no PÚBLICO e transcrito no blogue de Luís Calisto? Será que vão realizar uma conferência de imprensa? A atitude dos vereadores do PSD é demasiado óbvia. Mas, atenção, o direito de manifestação, repito, é inquestionável, o aproveitamento da situação é que me parece questionável. Simplesmente porque não bate a bota com a perdigota. Para além do mais, um "investimento" que seria de grande sucesso empresarial, construído em reserva da Rede Natura 2000, pergunto, que razões levarão à necessidade de uma rápida venda a um grupo árabe? Será o Dr. Gil Canha responsável pela situação dos promotores e dos trabalhadores? Do meu ponto de vista, não é. Certamente que existirão outras responsabilidades. A história dirá.  
Ilustração: Google Imagens.

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