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quinta-feira, 17 de abril de 2014

AS PROMOÇÕES NAS FORÇAS ARMADAS EVIDENCIAM MEDO


Mais de quatro mil militares dos três ramos das forças armadas vão ser promovidos. Segundo o ministro da Defesa, as promoções são uma "condição fundamental da cadeia de comando e especificidade que justifica a diferença de tratamento" dos militares, face a outros servidores do Estado. O assunto vinha a ser trabalhado há já algum tempo, mas não deixa de ser curioso o facto desta situação ser concretizada a poucos dias das comemorações dos 40 anos de Abril. Coincidência? Não. Trata-se de um facto politicamente óbvio e relevante, se tivermos em consideração o crescente mal-estar nas Forças Armadas, com sucessivas reuniões das associações representativas e, ainda, as declarações do General Garcia Leandro que manifestou, numa entrevista à Antena 1: (...) a inquietação pelo estado de espirito dos militares. É a desesperança, classificou. Na origem do descontentamento no seio das Forças Armadas, referiu questões como a saúde da família militar e as horas extraordinárias. "Os militares sentem que não se lhes dá a devida importância". E disse mais, referindo-se ao governo: "(...) "Caiu-lhes ao colo o Estado, que não conhecem". (...) "Se fosse ministro da Justiça era mais fácil (…) mas ao mesmo tempo é muito bom, porque eu não percebendo nada disto tenho mais capacidade para fazer reformas", terá dito o ministro da Defesa Aguiar-Branco ao General Garcia Leandro.


Daí que entenda que exista, na oportunidade destas promoções, um quadro de algum receio, ainda para mais quando a Associação 25 de Abril está desde há muito em rota de colisão com o governo e, particularmente, com a Assembleia da República. Mas, atenção, vejo com bons olhos as promoções dos quadros militares. O que não entendo é a "especificidade" dos militares relativamente a outros sectores da sociedade. Alguns exemplos: pela Lei de Bases do Sistema Educativo, os professores são considerados "um corpo especial da Administração Pública" e, no entanto, continuam com as suas carreiras congeladas. E a pouca-vergonha que andam a fazer aos médicos, aos enfermeiros e a todos os funcionários públicos? Logo, estas justas promoções dos militares trazem água no bico e podem estar associadas a uma palavra: MEDO. E, neste aspecto, pensará o governo, mais vale prevenir do que remediar. Trata-se de um doce revestido de matéria que acalma as tensões. Não sei por quanto tempo. Todavia, de uma coisa estou certo, é que os outros sectores também vão saltar e irão questionar: porquê os militares e não também nós?
Ilustração: Google Imagens.

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