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sábado, 3 de maio de 2014

CÂMARA DO FUNCHAL... ENTÃO OS OUTROS É QUE SÃO DEMAGOGOS?


A Câmara do Funchal deve mais de € 94.000.000,00. Já se sabia, só que a maquilhagem das contas, sobretudo nos últimos anos, "possibilitaram" o discurso do lucro. E neste quadro, o Dr. Miguel Albuquerque, ex-presidente da Câmara, na edição de ontem do DIÁRIO, em sua defesa, fugiu a falar de um único número e não ficou por aí, considerou o actual presidente "demagogo", adiantando: "(...) Alguém devia lembrar ao homem que as eleições terminaram no passado mês de Setembro e que lhe cabe assumir as responsabilidades inerentes ao cargo, sem desculpas ou bodes expiatórios de circunstância. É evidente que para administrar uma Câmara como a do Funchal, não basta os exercícios de retórica balofa". Retórica balofa? O seu dever é explicar como é que chegou a saldos positivos. Apenas isso. Os funchalenses não querem saber se as dívidas são de curto ou de longo prazo, se estão consolidadas ou não. O que querem saber é se, no conjunto, a Câmara deve ou não € 94.000.000,00 e que se esse montante estrangula ou não a actividade da autarquia e os projectos definidos para o Funchal. Querem saber mais, se houve ou não engenharia financeira e se, tal como sublinhou o Dr. Paulo Cafôfo, estamos ou não perante "erros, empolamentos e um embuste político". Isso é que interessa saber. Porque, quanto ao resto, parafraseando Vasco Santana, auditorias há muitas!


O Dr. Miguel Albuquerque parece que segue aquela estratégia do sujeito que tem, apenas como património, uma casa avaliada em € 200.000,00, apresenta, mensalmente, receitas ligeiramente superiores às despesas, tem um saldo positivo no final do ano de € 10.000,00, mas tem dívidas "consolidadas" na banca no valor de um milhão. Para mim está falido! Ora, este mero e comezinho exemplo parece adaptar-se às contas do Dr. Miguel Albuquerque. Contenta-se com € 10.000,00 de saldo teórico, dorme bem e quem fica a olhar para ontem são os bancos e, no caso em apreço, o actual executivo que herdou uma situação de nítido estrangulamento. A dívida é a dívida e ponto final. Os truques e as engenharias financeiras não escondem os 94 milhões em dívida. Quer ele queira ou não, trata-se de um EMBUSTE dizer que a Câmara deu lucro, pois isso gera uma falsa ideia junto da população. E a prova que está comprometido são as suas declarações marginais a roçar a zona primária da política: "(...) Paulo Cafôfo, cuja obra pública até agora foi trocar o carro preto pelo carro azul, numa tentativa de disfarçar a sua notória incapacidade executiva (...)". Ora a questão é muito mais grave e complexa e não permite fait-divers, conversa de treta e distrações na tentativa de levar a que as pessoas olhem para o acessório e não para o essencial.
Aliás, tudo isto, para mim, não é estranho. Fui Vereador da Câmara durante doze anos e sei tudo quanto deixei escrito em sucessivas actas, no que concerne ao Plano e Orçamento e às Contas de Gerência. Muito escrevi sobre esta matéria de forma inconsequente. Mas deixei escrito. A maioria absoluta do PSD votava e pronto, restava-nos a hipótese de deixar escrito o produto das análises. Os tempos são outros. Perderam a Câmara e estou convencido que os funchalenses não conhecem missa-meia.
Ilustração: Google Imagens.
NOTA
Li, na edição de hoje do DN-Madeira, declarações do Dr. Pedro Calado, ex-vereador do PSD com a responsabilidade das Finanças da Câmara Municipal do Funchal. Fala de "desculpas infantis" e de "desconhecimento da realidade da cidade", face ao anúncio de uma dívida de € 94.000.000,00. Outra coisa não seria de esperar de quem deixou o município atolado em dívidas. Mas diz uma coisa certa: É que "o povo está com os olhos abertos". Eu diria, desde que colocou a milhas quem por lá andou trinta e tal anos.

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