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domingo, 1 de junho de 2014

UM PROBLEMA DE GRANDEZA


O Dr. Carlos Pereira decidiu sair da vice-presidência do PS-Madeira. Aplaudo essa decisão e explico porquê. Mas antes quero separar a questão política da questão pessoal. Tenho pelo Dr. Carlos Pereira uma profunda amizade alicerçada em poucos mas bons anos de convivência, troca de experiências e de conhecimentos. Nele vejo um dos melhores quadros da nossa Região, pela sua inteligência, capacidade técnica, hábitos de estudo, visão global dos problemas e um sentido prospectivo que poucos podem vangloriar-se de ter. Aliás, durante muitos anos de actividade política conheci muitas pessoas capazes, que sustentavam o que diziam pelo conhecimento, conheci gente apaixonada que fez da política um serviço à comunidade, amigos que me convidaram e com quem tive o prazer de trabalhar e de colaborar, mas não me lembro de um com as qualidades do meu Amigo Carlos Pereira. Esta é, em síntese, a minha leitura no quadro pessoal. No quadro específico do exercício da política o Dr. Carlos Pereira é um parlamentar de mão-cheia. Que o digam os seus adversários políticos. Rápido no raciocínio, acutilante, um produtor de notáveis sínteses, com humor qb e ironia que apaga qualquer outro se lhe apresente. Habituei-me a ver no Carlos uma cabeça arrumada, com os números da verdade e não os que interessam à verdade conveniente, um conhecimento que está muito para além das ilhas e que, por isso, sempre que fala provoca uma generalizada urticária nas outras bancadas. 


Ora, muitas vezes, perguntam-me, mas quando é que "vocês" têm um candidato no qual possamos acreditar? Muitas vezes, também, respondo a essa questão de duas maneiras: não podemos ir à olaria fazer uma candidato à medida de cada um dos interesses, ou, não se pode estar à espera da última moda para fazer o fato novo. É isso. As pessoas, às vezes, colocam-se nessa área de comodidade, ou porque não vão com a cara, ou com o tom discursivo, ou porque a imagem global não é geradora de credibilidade e, por isso, mandam logo um candidato para a lista dos que não interessam. Se é verdade que nem sempre é assim, eu sei, também é verdade que não é fácil contrariar o sentimento que a sociedade adquiriu e consolidou. Por razões diversas existem, fabricado ou por falta de jeito, pessoas cujas característica pessoais, históricas, de comunicação e outras, por mais que se esforcem, não chegam lá. E, neste caso, é preciso ter noção disso, eu diria espelho, e do que este reflecte, ter a GRANDEZA de abrir espaço para quem esteja mais bem colocado. A "grandeza" de colocar de lado os interesses pessoais e de grupo e a "grandeza" de admitir que a Região e os seus 260.000 habitantes merecem melhor do que têm tido ao longo de quase quarenta anos. Se o sujeito A não consegue, por maior que seja a sua determinação, mandará o bom senso e a humildade política que crie as condições para que tal venha a acontecer. 
Ademais, um partido político só tem razão de existir para ser governo e nunca para gerir espaços que não vão além de um metro quadrado (mesa da Assembleia). Essa dimensão maior, essa dimensão de ver a Região e não a mesa, não se confina a uma lista candidata a isto ou àquilo, porque podem cair, fruto do trabalho, uns cobres na algibeira. O exercício da política é muito mais do que isso, implica ver longe, ter sentido de responsabilidade, conhecimento sustentado na investigação, capacidade de leitura histórica local, nacional e universal, princípios e valores democráticos e humanistas.
Espero que haja "GRANDEZA" suficiente para que a "Mudança" que se apregoa para fora, comece por uma "Mudança" interna. Não de exclusão, até porque todos não são de mais, mas de colocação das peças nos sítios certos de onde resultem ansiadas vitórias.
Ilustração: Google Imagens.

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