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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

CARLOS PEREIRA MERECE!


O Dr. Carlos Pereira não é um político de aviário. Não apareceu nestas eleições porque estava a seguir na listinha dos "boy's" ou para contentar uma qualquer facção. A sua luta vem de longe, com muitas contrariedades pelo meio e muitas sacanices de gentinha sem escrúpulos que fizeram abalar a sua vida profissional. Por aqui, fecharam-lhe portas ao jeito de para aquele nada. O poder, do tipo "duracel", foi mais forte e cumpriu, na íntegra, o que sempre, perversamente, soube fazer: "para os amigos tudo, para os inimigos nada e, para os restantes, aplique-se a lei". Carlos Pereira não se deu por derrotado e fez dessa tentativa de espezinhamento as forças necessárias para seguir o seu caminho profissional e o das suas convicções político-sociais. Tenho presente todas as suas lutas por uma sociedade melhor. Mas muito mais do que isso: tenho presente o político, que me habituei a seguir, que não fala de cor, que não manda para o ar umas frases feitas, antes estuda os problemas e apresenta soluções. Com o devido respeito por todas as candidaturas, ninguém se iguala à consistência política de Carlos Pereira. Quando uns falam de assuntos que são de junta de freguesia ou de câmara municipal, ele fala do País e da Região nas vertentes política, económica, social e cultural que a todos afecta; quando uns prometem "Autonomia Sempre" quando, na verdade, devolveram-na ao Terreiro do Paço, Carlos Pereira fala do resgate da obra maior do 25 de Abril, a possibilidade de sermos nós, madeirenses, autonomamente, com responsabilidade, a desenharmos o nosso futuro; quanto uns falam de anos de experiência (sempre repetida, diga-se), Carlos Pereira apresenta-se com a experiência sempre actualizada e portadora de futuro; enquanto uns chegam ao parlamento nacional e piam muito baixinho (sempre voaram e piaram baixinho), Carlos Pereira, a propósito das listas, deu um recente exemplo: diálogo sim, imposições não; enquanto uns se dizem a 100% com Passos Coelho, Carlos Pereira diz-se a 200% contra toda a matreirice política, as sucessivas ofensas aos madeirenses, a incapacidade para resolver o drama da dívida, o aniquilamento da classe média e a pobreza que mata a democracia. 


Carlos Pereira fez uma opção. Teve a serenidade e a inteligência de assumir José Régio:

"(...) Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!"

Fez a opção mais difícil. Compaginou a carreira profissional de Economista com a luta pelos outros, pela comunidade a que pertence. E o tempo tem, por um lado, lhe dado razão, por outro, a satisfação do reconhecimento público. Quem o ofendia meteu a viola no saco, foi silenciado pelos factos, pelo conhecimento e pela eloquência do seu discurso. Não escrevo assim porque sou seu amigo; escrevo porque reconheço as suas capacidades de liderança e a sustentabilidade da sua matriz política. Sou amigo de tantos outros, em todos os partidos tenho respeitosos amigos e deles não falo. Distingo o Carlos político como Homem de profundas convicções, de tolerância, de diálogo, que sabe escutar, que sabe se relacionar com as pessoas, de sorriso franco, de raciocínio rápido e de uma sensibilidade social que me entusiasma. Nele votarei e convido os que por aqui passarem a votarem nesta figura. O Carlos Pereira merece.
Ilustração: Google Imagens.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

VOTO ANTÓNIO COSTA. VOTO CARLOS PEREIRA.


Não se trata de uma questão apenas partidária, trata-se, fundamentalmente, de uma análise ao "menu" eleitoral. A questão partidária tem um peso, obviamente que sim, sobretudo no domínio ideológico, nos princípios e valores que me guiam, mas não se sobrepõe à consciência dos melhores caminhos para Portugal, em geral, e, para a Madeira, em particular. 


Ora bem, quando assisto a gente que mascara a verdade, mente, conjuga o verbo roubar em todos os tempos, gente subjugada a interesses que não são os do povo sedento de justiça, sinto o impulso para os combater. A minha arma é a do voto, porque não tenho memória curta. Sei o empobrecimento que fizeram, sei quanto dizimaram a classe média, sei o que fizeram à Educação, à Saúde, à Justiça, aos empresários, aos aposentados e pensionistas, aos jovens, ao povo em geral com taxas e taxinhas a dobrar, sei que quem está habituado a mentir tende a continuar a fazer o contrário do que promete, portanto, só me resta dizer BASTA.
Voto António Costa porque já deu provas bastantes da sua qualidade, enquanto ministro e enquanto presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Ganhar três eleições em Lisboa, sempre com votações superiores às anteriores, significa que o Povo respeita-o; voto Carlos Pereira porque sendo o nosso problema regional fundamentalmente económico e financeiro, é o candidato mais bem preparado para defender as nossas causas. O seu livro "A Herança" constitui um testemunho inequívoco da sua preparação e da sua luta por uma sociedade madeirense onde não exista mais direitos do que justiça.
Domingo próximo tenho essa arma nas minhas mãos, a do voto, onde exprimirei o sentimento de revolta pelo que fizeram ao País, deixando-o ainda mais pobre do que quando o receberam.
Ilustração: Google Imagens.

domingo, 27 de setembro de 2015

COMENTADORES E ANALISTAS TODOS BEM NA VIDA. NADA OS AFECTOU OU AFECTA! PARABÉNS.


Regresso ao assunto: as sondagens. Não propriamente aos resultados que, diariamente, nos oferecem. Não me deixo influenciar por elas. Tempos houve que as entendia como um indicador a ter em consideração. Hoje, depois de várias leituras, denúncias e, sobretudo, tendo em consideração as opções dos eleitores no dia do acto eleitoral, deixei de considerá-las até como tendência. Parece-me (posso estar totalmente equivocado) existir um coeficiente de correlação de Pearson, entre as empresas que operam neste âmbito e outros interesses maiores que não descortinamos. Prefiro aguardar pelo veredicto do povo. Coisa que tantos comentadores e jornalistas não fazem. Preferem embarcar nas ditas, como quadro real, quando se sabe da discrepância entre a hipotética vontade do povo e os resultados finais. Da mesma forma que, presumo, ser muito pouco científico fazer uma redistribuição das tendências de voto a partir (dizem) dos quase 30% de indecisos. Ontem, apesar do esbulho da dupla política Passos Coelho/Paulo Portas ao longo de quatro anos, uma empresa já lhes dava 10% de vantagem.



Mas não é apenas isso que me parece pouco sensato e honesto. O que vem a seguir, na sequência dos números das sondagens, considero contraproducente. Refiro-me a toda a especulação que é feita por jornalistas e comentadores. A partir da incerteza de uma sondagem que pode se transformar em um erro primeiro, dão-se ao luxo de fazer as mais variadas projecções políticas: se o bloco central é possível, se Costa irá ou não juntar-se a este ou àquele, se o PSD/CDS estará na disposição de aliar-se àquela ou outra força política, a possibilidade de uma maioria de esquerda ou de direita, como é que o Presidente da República se posicionará, se os actuais líderes partidários se demitem ou não em caso de resultado negativo, quem está na linha para os substituir, enfim, inúmeras situações que mais me parecem uma fábrica de enchidos! Os verdadeiros problemas do País, o balanço de quatro anos de governação, o estado do País com uma dívida sempre a crescer, o empobrecimento, o desemprego real e não o que nos é apresentado, o crédito malparado que continua em crescimento (670.000 famílias em causa), a emigração de mais de 400.000 portugueses, os dramas na saúde e na educação, tudo isto não é relevante. Importante é o que Costa disse e o que Passos/Portas anunciaram. Ficam, assim, pela rama ou pela espuma e, depois, com uma distinta lata, alguns elaboram textos e produzem comentários, muitas vezes corrosivos à actuação dos partidos políticos, como se alguma vez tivessem experimentado viver o âmago de um partido em todo o seu funcionamento, desde a verdade dos seus projectos, às dificuldades e angústias na penetração das suas mensagens. Muitos, porventura, nem os seus programas leram. E mais, parecem-me todos bem na vida e que nada os afecta(ou).
Perante isto, eu que me sinto esclarecido, na imprensa escrita, perante alguns, mudo de página; na televisão, mudo de canal, para qualquer outro que me dê tranquilidade, paz, sossego e que não me tente violar a consciência.
Ilustração: Google Imagens.

sábado, 26 de setembro de 2015

ELE DISSE: "EM DEMOCRACIA AS COISAS DEBATEM-SE"! SIM!?


Quarenta anos depois, o Dr. Alberto João Jardim, em artigo de opinião, assumiu: "(...) Em Democracia as coisas debatem-se". Tanto tempo para chegar a esta conclusão. Foram anos de desprezo pela Assembleia Legislativa da Madeira, sucessivas legislaturas que registaram a sua presença apenas no debate do "Programa de Governo" e "Orçamentos da Região", discursando sempre a solo, sem qualquer hipótese de debate com os vários grupos parlamentares, quarenta anos de Jornal da Madeira, pago pelos contribuintes, mas sem articulistas da oposição, quatro décadas que fugiu ao debate na rádio e na televisão, anos a fio a utilizar os palcos das inaugurações e das festas, desde a da cebola até à da pecuária, quarenta anos de ofensas aos cidadãos, universitários, investigadores e especialistas de vários sectores por terem opinião e desejarem o debate e, depois de todo este sumário percurso, escreve que "em Democracia as coisas debatem-se"! Um quadro destes não revolta o cidadão mais atento, porque sabe o que a casa sempre gastou e gasta, mas diz muito da degradação do exercício da política e do cansaço dos cidadãos. Hoje, "refugiado" no alto do "quebra-costas", controlando à distância as suas tropas, ainda se atreve, tal como Frei Tomás, a atirar mas com pólvora seca. 


Com tanto problema estrutural na Madeira, achei um mimo aquele pedido para que seja esclarecido antes de votar: “Por favor, os senhores partidos do regime político-constitucional ainda vigente, expliquem aos Portugueses esta de o preço do petróleo ter vindo para à volta de metade, e o preço dos combustíveis não descer para o consumidor. Para onde vai o dinheiro?” Não teve em conta que os madeirenses também podem questionar, no seu tempo de governante, que posições assumiu relativamente aos combustíveis e, por outro lado, face à dívida contraída, para onde foi o dinheiro? Enfim, o problema é que deixou descendência. Esse é que é o drama!
O comportamento político do actual elenco que governa a Região também apresenta tiques de incompreensão no quadro do debate em democracia. Tentou passar a imagem da "renovação", também comportamental, mas os traços marcantes de uma aprendizagem feita ao longo da história, estão lá. Passemos os olhos de relance sobre as secretarias regionais, atentemos no que se passou e passa na Saúde, fixemo-nos um pouco no sistema educativo que é uma espécie de máquina velha, com falta de peças e de inteligência para colocá-la a produzir para o futuro, a da Economia que, entre algum folclore inútil, ignorou a Assembleia, ao pedir aos deputados que se deslocassem à secretaria para uma sessão de esclarecimento sobre o polémico subsídio de mobilidade, a dos Assuntos Sociais e Inclusão de onde não se vê sair qualquer projecto estruturante face ao dramatismo de muitas famílias, antes se assiste, diariamente, à política do penso rápido e, segundo li, do copy paste (Machico). Por aí fora até ao presidente, que, tentando falar grosso, se manifestou "chocado" com comentários "xenófobos", "maldosos", "egoístas" e "imbecis", como se não tivesse de conviver com outras opiniões não convergentes com a sua. Mesmo tendo razão, a forma como se dirigiu evidencia que a marca está lá, talvez mais besuntada de um creme de frescura, todavia, de qualidade não recomendável. O acto de governar envolve bom senso no relacionamento com o povo e implica saber contornar as dificuldades, por um lado, sem hipocrisia, por outro, com as palavras da sensatez. No essencial, sem margem para aquilo que possa ser considerado ofensa. É peça a peça, pedra a pedra, facto a facto, que vamos percebendo que é impossível mudar quando a matriz está marcada por princípios e por valores que vêm de muito longe!
Ilustração: Google Imagens

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

ENSINAR A PENSAR


Há dias tive uma conversa muito interessante com um Psicólogo. Falámos de sistema educativo e de escola. A páginas tantas convergimos em um pensamento comum: esta escola não desperta a curiosidade, tampouco estimula o pensamento. PENSAR é coisa que, raramente, a escola provoca. Há "matéria para dar" porque há programas para cumprir. O aluno anda ali, de sala para sala, para ser avaliado, porque os professores também o são, de diversas maneiras. Fazer PENSAR parece que dá muito trabalho, é coisa esquisita, quando decorar, mesmo sem compreender, se torna prioritário em função do débito de "conhecimento" no dia do teste. Ainda hoje sei de cor algumas definições que não me serviram para nada, rigorosamente para nada, para a minha vida, inclusive, a profissional. Estou a lembrar-me de uma que meti na cabeça para, numa festa de estudantes, imitar o professor de anatomia e fisiologia: o "retículo endoplasmático" (organelo exclusivo de células eucariontes, formado a partir da invaginação da membrana plasmática). Dizia eu, exactamente, com a entoação e velocidade de palavras do professor-debitador: "o retículo endoplasmático é um dispositivo de armazenamento das substâncias proteicas. Consiste num grande sistema de vesículas e canais (...)", por aí fora. Valeu-me zero. Sabíamos os ossos todos, descrevendo-os, pormenorizadamente. E quando a cantilena falhava, regressávamos ao princípio como para tomar embalagem! Valeu-me zero na minha vida profissional. 


Hoje, crianças do final do primeiro ciclo, decoram e decoram. Já estudam os ossinhos todos, identificando-os. Coisa que era de anos muito mais avançados, já constitui matéria do 4º ano. A paranóia é tal que os alunos do 1.º ciclo que não obtenham aprovação em inglês podem ficar retidos na 4º ano, de acordo com um despacho publicado esta terça-feira. E o exame de Cambridge do 9.º ano pesará 20 a 30% na avaliação final. Ainda ontem li uma peça no DN-Madeira: "A EB1-PE do Estreito da Calheta (Madeira) implementa no presente ano lectivo uma experiência inovadora no âmbito do seu projecto curricular, assente na introdução aos fundamentos das linguagens de programação computacional (...)". Reparem... programação computacional! Sinceramente, tenho dificuldades em compreender esta oferta educativa incluída no projecto de escola. Entretanto, no meio da loucura colectiva, onde ninguém pára para PENSAR, foge o tempo para ser criança, para aprender, sim, mas para observar e PENSAR. São palavras do Filósofo Immanuel Kant (1724/1804): "Espera-se que o professor desenvolva no seu aluno, em primeiro lugar, o homem de entendimento, depois, o homem de razão, e, finalmente, o homem de instrução. Este procedimento tem esta vantagem: mesmo que, como acontece habitualmente, o aluno nunca alcance a fase final, terá mesmo assim beneficiado da sua aprendizagem. Terá adquirido experiência e ter-se-á tornado mais inteligente, se não para a escola, pelo menos para a vida. Se invertermos este método, o aluno imita uma espécie de razão, ainda antes de o seu entendimento se ter desenvolvido. Terá uma ciência emprestada que usa não como algo que, por assim dizer, cresceu nele, mas como algo que lhe foi dependurado. A aptidão intelectual é tão infrutífera como sempre foi. Mas ao mesmo tempo foi corrompida num grau muitíssimo maior pela ilusão de sabedoria. É por esta razão que não é infrequente deparar-se-nos homens de instrução (estritamente falando, pessoas que têm estudos) que mostram pouco entendimento. É por esta razão, também, que as academias enviam para o mundo mais pessoas com as suas cabeças cheias de inanidades do que qualquer outra instituição pública." - In Ensinar a Pensar.
Estimular o pensamento desde as primeiras idades seria muito mais rico e portador de futuro do que cumprir currículos e programas completamente desajustados da realidade e das necessidades. Quando uma criança assume junto dos pais que a escola é uma prisão e isto não faz despoletar, na escola, um sinal de alarme; quando os professores se sujeitam à doentia rotina ao jeito de "a minha parte está feita"; quando nos confrontamos com ministros, secretários e quejandos a quem lhes falta capacidade para perceber que a sementeira e a colheita estão dependentes da preparação do terreno; quando tantos decisores não conseguem entender que a consistência de um edifício depende do seu alicerce, enfim, pessoalmente, resta-me assistir a este filme de péssima qualidade, embora tentando, sempre que possível, meter o pauzinho na engrenagem.
Ilustração: Google Imagens.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

AS OITO MENTIRAS DE PASSOS COELHO NO DEBATE DAS RÁDIOS


Tal como há quatro anos, também nesta campanha eleitoral está decidido a mentir sobre o passado e a esconder sobre o que pretende para o futuro. Foi o que voltou a fazer no debate da passada quinta-feira.


Contra a mentira e a aldrabice política, pela Madeira, uma equipa de gente séria.

1.ª MENTIRA: “Generalizámos os doze anos de escolaridade obrigatória. Foi uma medida que o PS prometeu em 2005 mas que nunca saiu do papel.”
A escolaridade obrigatória foi sempre e continuará a ser uma aposta do PS. Foi um Governo Socialista que aprovou em 2009 a legislação que implementava a escolaridade obrigatória de 12 anos. Passos Coelho não só “esqueceu” este facto como omitiu que, à data, nem o PSD, nem o CDS-PP aprovaram aquela iniciativa legislativa.
A verdade é que este Governo nada fez para que, no ano letivo 2012/2013, os 12 anos de escolaridade obrigatória fossem uma realidade: limitou-se a aplicar a lei criada pelo PS em 2009.
O Partido Socialista não recebe lições do PSD e do CDS-PP em matéria educativo. Foi o último governo PS a subir a taxa escolarização no ensino secundário aos 17 anos de 62% em 2005 para 81% quando a coligação entrou em funções. Uma subida de 19 pontos percentuais.
2.ª MENTIRA: “(…) por exemplo, em medida de estágios, faz com que, no final desse processo, cerca de dois terços dos jovens que fizeram os estágios tenham emprego.”
Ao contrário do que Passos afirma, e de acordo com o Tribunal de Contas, em 2014, apenas 33% dos estagiários foram integrados após a conclusão do estágio. Ou seja, concluído o estágio, apenas um em cada três estagiários ficaram empregados voltando os outros dois à condição de desempregados.
3.ª MENTIRA: “Fomos nós que aplicamos essa condição de recursos no Complemento Solidário para Idosos e por via da aplicação dessa condição de recursos, evidentemente, houve menos pessoas a receberem o Complemento Solidário para Idosos.”
O CSI tem, desde a sua origem, uma rigorosa condição de recursos que não foi alterada por este governo. O que este Governo fez foi cortar o valor desta prestação, em janeiro de 2013, e aumentar a idade de acesso de 65 anos para 66 anos, no início de 2014. Foi assim que retirou o apoio a dezenas de milhares de idosos pobres.
4.ª MENTIRA: “(…) nós conseguimos sempre cumprir as metas do défice (…)”
Este Governo incumpriu todos os anos as metas do défice previamente fixadas. Em cada ano de governação as metas do défice foram sendo ultrapassadas em resultado da política austeritária que duplicou os montantes previstos no memorando.
À retórica de Passos Coelho opõe-se a realidade. As metas para o défice que constam do primeiro documento oficial que o governo apresentou (DEO 2011/15 – agosto de 2011) não foram cumpridas. Em 2012, o défice deveria ter sido de 4,5% e foi de 5,6%; em 2013, deveria ter sido de 3% e foi de 4,8%; em 2014, deveria ter sido de 1,8% e foi de 4,5%; e em 2015, deveria ser de 0,5% e será de 3,2%, de acordo com a previsão do FMI.
5.ª MENTIRA: “Conseguimos criar emprego para recuperar a destruição durante o período mais forte de crise”
O governo destruiu 445 mil empregos durante o período mais forte de crise, antes dos chumbos do Tribunal Constitucional. O que Passos Coelho vai conseguir é entregar um país com menos 200 mil empregos que quando entrou em funções. A perda seria ainda superior se se considerassem os programas ocupacionais que este governo usa para mascarar as estatísticas do emprego.
Se a comparação for feita com a estratégia definida pelo governo no início do mandato (de novo, DEO 211/15 de agosto de 2011) temos hoje menos 300 mil empregos.
6.ª MENTIRA: “Tivemos, mesmo no contexto do memorando de entendimento, de reduzir o tipo de benefícios na área da educação e da habitação. (…) O que é que nós fizemos? (…) até alargamos os benefícios existentes quer naquilo a que chamamos as despesas de natureza familiar, mas também na área da educação”
Depois de estar no Governo mais de três anos, Passos Coelho avançou com aquilo a que chamou de “Reforma do IRS”. As alterações que introduziu no último ano de governação em nada se assemelham com uma reforma.
A verdadeira reforma do IRS foi introduzida por Vitor Gaspar, quando introduziu alterações no IRS para aumentar este imposto. Quem não se lembra, e quem não sentiu na sua vida, o “enorme aumento de impostos” de Vitor Gaspar?
Passos Coelho consegue vir dizer aos portugueses que alargou os benefícios fiscais na área da educação, quando introduziu uma alteração que exclui dos benefícios fiscais com “despesas com a educação” as verbas gastas pelas famílias com material escolar?
7ª MENTIRA: “(…) Tratado [Orçamental] que supostamente o senhor acha que o Partido Socialista fez mal em ter aprovado no Parlamento, foi isso que extraí do debate que o senhor fez na altura com o seu antecessor (…)”
António Costa não só não se mostrou contra a ratificação do Tratado Orçamental no Parlamento português como sempre disse que cumpriria o Tratado Orçamental. António Costa defende, sim, uma revisão do Tratado que permita atender aos efeitos assimétricos da moeda única.
António Costa foi sempre coerente. Portugal não deve assumir, no plano europeu, uma lógica de confronto nem de submissão, mas de alianças e parcerias que permitam construir posições comuns no interesse de Portugal e da Europa. O mais recente exemplo é o documento conjunto com os socialistas espanhóis, “Um novo impulso para a convergência”, que foi aprovado no último congresso dos socialistas europeus.
8.ª MENTIRA: “ (…) houve necessidade de harmonizar o nível de comparticipação que era dada pelo Estado ao ensino artístico especializado, tendo o mesmo financiamento para toda a gente. Não vamos gastar menos dinheiro com o ensino artístico do que nos anos anteriores”
O governo de Passos Coelho, numa alegada harmonização do financiamento a atribuir ao ensino artístico especializado, promoveu um claro desequilíbrio territorial, impondo um corte de financiamento em muitas instituições e, consequentemente, obrigando à retirada de muitos alunos desta modalidade de ensino.
A pouco mais de quinze dias do início do ano lectivo, o governo demarca-se da sua obrigação de salvaguardar todo o ensino público, impedindo alunos de frequentar o ensino artístico especializado e colocando graves constrangimentos financeiros às instituições.
Para Passos Coelho harmonizar é sinónimo de cortar!

terça-feira, 22 de setembro de 2015

"OS SAPATEIROS E O RABECÃO" E "O DIA SEGUINTE"


"Já tenho a minha idade, uma grande mão-cheia de cabelos brancos e molhos de rugas. Mas com isto tudo não perdi, felizmente, a capacidade de me indignar. Com os factos mas, sobretudo, com a desfaçatez e o desplante com que são apresentados até porque tenho o hábito de, mais que às grandes discussões, dar atenção às pequenas coisas de aparência inocente, às vezes depois ‘justificadas’ como lapsos, mas sempre com uma fortíssima componente ideológica.



Já não suporto ouvir nem ver o primeiro-ministro. Não suporto que faça da mentira permanente o seu modo de vida político. O país está pior, nós estamos bem pior, a realidade é o oposto do que ele propagandeia – mas, como se todos fossemos uns idiotas estúpidos, ele finge explicar com um ar falsamente compungido, que tem muita pena mas não há alternativa, a tentar disfarçar o olhar cinzento, distante e frio.
E também já não se pode ver nem ouvir o resto do governo, a começar pelo seu vice “As mulheres sabem que têm que organizar a casa e pagar as contas a dias certos, pensar nos mais velhos e cuidar dos mais novos”. E este é mesmo o retrocesso civilizacional que ele quer. Mulheres tornadas novas fadas-do-lar, subservientes, que não trabalhem fora de casa, que não partilhem decisões, que não tenham intervenção política, que sejam civicamente amorfas. Ah! e já agora – que nem pensem decidir sobre uma dolorosa, mas necessária, interrupção de gravidez.
E depois vem o Crato, a Assunção, o Poiares, a Maria Luís, o Lomba, o Barreto Xavier, o…, o…, o… – numa infindável sucessão de gente que faz da arte de ‘bem nos levar à certa’ o seu mister! (...)"

NOTA
Excerto de um artigo de opinião da Drª Violante Saramago Matos, publicado na edição de ontem do DN-Madeira. Ler texto completo, aqui.
Ilustração: Google Imagens.

O DIA SEGUINTE


"Sejam quais forem os resultados, a política portuguesa muda muito no dia seguinte às eleições.
Se o PAF ganhar, haverá pela primeira vez em Portugal um forte reforço da direita política e ideológica, cimentada por uma poderosa coligação de interesses económicos. Na verdade, esse reforço já existe, mas devido à forma como correu a campanha de 2011, a sua legitimidade e liberdade de acção estavam coagidas. Pode não conseguir cumprir o seu programa não escrito e a sua agenda escondida, mas uma onda de arrogância política abrirá caminho para muitos ajustes de contas.
Os alvos serão os sociais-democratas do PSD, os democratas-cristãos do CDS, os socialistas de esquerda, os sindicatos, os reformados e pensionistas, os trabalhadores da função pública, os municípios que não sejam do PSD, os trabalhadores com direitos, os desempregados de longa duração, etc."
NOTA
Excerto de um artigo de opinião do Dr. José Pacheco Pereira, publicado na última edição da revista Sábado. Ler texto completo, aqui.
Ilustração: Google Imagens.

NA ABERTURA DO ANO ESCOLAR CONVÉM TER PRESENTE...


Por cá, temos lugar para o talento? pergunta a jornalista Sara Sá, na edição da revista VISÃO de 3 a 9 de Setembro de 2015. Na infografia que acompanha o texto, quatro palavras: CURIOSIDADE, LIBERDADE, IRREVERÊNCIA e ENTUSIASMO. Tudo o que o sistema educativo português não tolera. Simplesmente porque a irreverência e a liberdade, perturbando (erradamente) aquilo que são os cânones de funcionamento da "aula", coarctam a curiosidade e o entusiasmo. E porquê? Porque a escola está configurada para o currículo e para o programa. E o programa tem de ser dado, interesse ou não e que uma significativa parte seja ou não para esquecer. Os exames é que interessam. É assim e ponto final. Daí que tenha razão o Professor Pedro Neves, da Universidade Nova: "No sistema de ensino português há a tendência para normalizar e os alunos geniais costumam ser classificados de aborrecidos". Saliento eu, porque curiosidade, liberdade, irreverência e entusiasmo não fazem parte do pensamento e da matriz organizacional da Escola. Para que isso fosse possível teriam de seguir a investigação em Ciências da Educação. Já aqui publiquei um texto a este propósito e regresso ao mesmo:


"(...) Deborah Stipek, docente da Faculdade de Educação da Universidade de Stanford, trabalhou o seu estudo ao longo de 35 anos. A autora do estudo denuncia o facto de os jovens serem treinados para obterem bons desempenhos em testes e afirma que é aberrante uma educação centrada em resultados mensuráveis e em rankings. E acrescenta que a preparação para exames sufoca a formação de uma personalidade madura e equilibrada. Deborah sublinha o facto de o sistema de exames produzir especialistas em provas enquanto prejudicam vidas que poderiam ser promissoras. Em suma, "um ambiente escolar competitivo, voltado para testes e exames é prejudicial à aprendizagem. E quem o afirma é a revista Science que tem por título "Educação não é uma corrida". Escutemos a pesquisadora: "O sistema actual baseado no desempenho em testes, pode prejudicar muito a formação de grandes pensadores. Esta forma de ensino promove um verdadeiro extermínio de grandes mentes. A maneira como a educação é organizada na actualidade faz com que potenciais vencedores do Prémio Nobel sejam perdidos mesmo antes da educação básica, já que o modelo de ensino massacra qualquer outro interesse que não seja o cobrado nos exames". (Publicado pelo Prof. José Pacheco na revista Página da Educação).
Ilustração: Google Imagens.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

ABERTURA DO ANO LECTIVO: TUDO NORMAL NO QUADRO DA ANORMALIDADE!


Segui algumas reportagens sobre a designada "abertura do ano escolar". A palavra-chave, desde o governo a outros actores do sistema educativo, foi "normalidade". Eu complementaria: tudo normal no quadro da anormalidade. O secretário da Educação até disse que, para o ano, vai começar mais cedo. Digo eu: a anormalidade, certamente. 


Ora, quando se multiplicam mudanças de paradigma organizacional, de currículos e programas, quando o sentido de "aula" segmentada está em declínio, dando lugar ao estudo de "fenómenos complexos", os decisores políticos preferem manter um sistema, que sendo de ontem, já não se encaixa no tempo do nosso tempo. Preferem o toca-entra-toca-sai, alunos passivos e receptores da "matéria", professores que debitam, testes, exames, avaliações e, naturalmente, retenções. Quem estuda um pouco as políticas educativas apercebe-se que já não é por aí o caminho. Esse, por maiores que sejam as horas disponíveis para apoios suplementares, só conduzem ao insucesso e ao abandono. Tudo isto está estudado por quem investiga e transporta pensamento. Ao contrário da normal anormalidade, deveríamos hoje estar a assistir, embora tardiamente, ao agarrar do fio à meada, no sentido da construção de um novo tempo para garantir resultados a prazo. O fio dos sete anos como garantia de resultados de excelência à entrada no ensino superior. Portanto, laborar sobre os mesmos erros só pode significar, a prazo, resultados idênticos aos de hoje. 
Como li algures (Professor José Pacheco), temos crianças do Século XXI, orientadas por professores do Século XX, mas com as metodologias do Século XIX. Assim não vamos longe. Se todos mudam porque raio continuamos a insistir em não querer avançar? Só pode dar "erro"! 
Ilustração: Google Imagens.

domingo, 20 de setembro de 2015

A INCOMENSURÁVEL LATA DE PAULO PORTAS


Paulo Portas pediu hoje aos eleitores que votem na coligação PSD/CDS-PP visando um "Governo maioritário" e acusou o PS de ter um programa "ultraliberal" (...) "Nós somos social-democratas ou democratas-cristãos e, por isso, temos autoridade para dizer isso: é realmente um programa ultraliberal, que cabe numa folha de Excel, tem muito pouca sensibilidade social, afeta prioritariamente as pensões mais baixas". Exclamo: ao ponto que a falta de vergonha na cara chegou! Quem mais proporcionou apoios à protecção social dos portugueses e que, por isso, foi criticado, é agora apontado como "ultraliberal", como gente mais à direita da direita personificada pelo PSD/CDS, como "aventureiros e radicais", por exemplo, no que concerne à Segurança Social.


Paulo Portas, líder de um partido que, face à análise factual do seu comportamento político, há muito abandonou a democracia-cristã, deveria ler a opinião do Professor Diogo Freitas do Amaral, personagem que foi presidente fundador do CDS e único português Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas (1995-1996), relativamente a esta última legislatura liderada por Passos Coelho: "(...) Cortou salários e pensões, levou inúmeras empresas à falência ou a grandes despedimentos. Cortou no acesso à saúde e às prestações sociais. Aumentou muito mais do que o previsto o flagelo do desemprego. E, mesmo assim, não conseguiu atingir, em Maio de 2014, os principais objectivos iniciais do "Memorando"de 2011 -  nem na dívida pública, nem no défice orçamental, nem no crescimento económico, nem na descida do desemprego" (...) "exijo que o PS mantenha o código genético que lhe imprimiu Mário Soares: Democracia, Europa, Estado Social. Tudo numa linha moderada de progresso e nada numa linha radical de regresso ao Estado Liberal, hoje, infelizmente, protagonizada pelo PSD que não nasceu com essa vocação" (...) "justiça social em democracia e na Europa, hoje, só com o PS". - Revista VISÃO, 10 a 16 de Setembro de 2015, pág. 52.
Não vou aqui tecer mais comentários. Os leitores que concluam.
Ilustração: Google Imagens.

sábado, 19 de setembro de 2015

HINO À ALEGRIA



O Hino à Alegria, ou Ode à Alegria, é o nome do poema escrito por Friedrich Schiller, em 1785, e cantado no quarto movimento da 9.ª sinfonia de Beethoven. Vale a pena seguir.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

UMA CAMPANHA DE PROXIMIDADE EM DEFESA DA REGIÃO



Nunca assisti a uma campanha com tanta proximidade como a que o candidato Carlos Pereira (PS) está a realizar. Com encargos reduzidos, Carlos Pereira e a sua equipa têm vindo a calcorrear os concelhos da Madeira e Porto Santo, não para cumprir o número político diário, mas para falar com as pessoas. Diariamente sigo, no site do PS-Madeira, as imagens e as suas propostas. E quanto às propostas, não se perde em assuntos que são de Junta ou de Câmara, antes tem vindo a apresentar e a comprometer-se com as grandes questões regionais que só podem ter solução na Assembleia da República e no futuro governo da República. 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

"É PRECISO TER LATA" - DISSE ANTÓNIO COSTA


"É preciso ter lata", disse o Dr. António Costa sobre uma das posições do Dr. Passos Coelho. De facto, o líder do PSD pareceu-me de cabeça perdida, tal foi a agressividade e arrogância demonstradas, inclusive, resvalando para assuntos marginais, distantes das preocupações que os portugueses têm relativamente ao seu futuro. Fiquei com o sentimento que este homem vive em um país que não é o meu. A dívida aumentou cerca de trinta mil milhões, mas para Passos Coelho isso não parece ser relevante; aquilo que é sentido na rua, o desespero de milhares de famílias pelo agravamento das condições sociais, parece não comovê-lo; o IRS aumentou dezasseis vezes, mas isso é de pouca monta para as carteiras dos portugueses. Ah, falou de uma "quase bancarrota", mas, incoerentemente, admitiu, julgo que pela segunda vez, que a Europa passou por "uma das crises mais sérias do pós-guerra". Então, pergunto, Sócrates não foi o culpado de tudo? O resto tratou-se de um filme já conhecido, à excepção da análise à questão dos refugiados.


Ora bem, Passos Coelho, do meu ponto de vista, não merece a mínima confiança. A mentira foi sempre a sua arma, desde o que prometeu em 2011 até ao que veio a se verificar ao longo dos quatro anos de mandato. A determinada altura ouvi esta de Passos Coelho: "O senhor diz tudo e o seu contrário", como se tivesse moral para assim falar, olhando para o seu histórico de promessas não cumpridas. Este facto levou António Costa a dizer-lhe: "O senhor não acerta nos seus números como pode acertar nos dos outros?"
Por mim estou esclarecido: entre a mentira, a aldrabice do discurso político e a subserviência a interesses estrangeiros que não acautelaram, nestes últimos quatro anos, a dignidade do povo português, obviamente que aguardo por uma solução de esperança para Portugal que não passe por esta Coligação.
Finalmente, duas palavras para os que conduziram o debate: não gostei.
Ilustração: Google Imagens. 

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

D. JANUÁRIO TORGAL FERREIRA - A PALAVRA DE UM LUTADOR PELO BEM-ESTAR DO POVO



"Estaríamos perdidos se a Coligação continuasse à frente do País".
D. Januário Torgal Ferreira, Bispo Emérito das Forças Armadas e Segurança de Portugal. Entrevista ao Jornal I.
Conheço D. Januário. Tive a honra e felicidade de passar parte de uma tarde com esta figura do topo da hierarquia da Igreja. Um Homem observador, de análise profunda, frontal nas palavras, onde socialmente sangra espeta o dedo na ferida para que os demais acordem. Como me soube ouvi-lo entre brigadeiros, generais e almirantes, abertamente, sem o receio das palavras por cruas que fossem. Enquanto uns se acoitam no politicamente correcto, D. Januário não pede fé e caridade, pede que a sociedade acorde, corrija e ponha os pontos nos i. 
Disse: "(...) O que me escandaliza é que toda esta governação viva à nossa custa. Não tenho dúvidas de que António Costa tem toda a razão, mesmo podendo ter as suas debilidades. Já o vi governar no Ministério da Administração interna, vi-o em Lisboa, conversei com ele mais do que uma vez. Há uma respeitabilidade como tenho com qualquer pessoa" (...) "Estaremos perdidos se a coligação continuar à frente do país."
Ilustração: Google Imagens.

DRAMÁTICO - FOGEM DA GUERRA E MORREM


Não suporto as imagens que todos os dias nos chegam. Famílias que fogem da guerra, da perseguição e da intolerância, que acabam, dramaticamente, por morrer. Chocantes as caras das crianças, muitas de colo, muitas outras visivelmente assustadas. Revoltante a forma como está a acontecer o esbatimento da fome e das condições sanitárias. Não suporto a hipocrisia de muitos Estados no quadro do auxílio aos que, humanamente, fogem e tentam agarrar o direito à vida e à felicidade. Aperta-nos o coração e fere a inteligência.
Ilustração: Expresso (Reuters), com a devida vénia.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

A "PRAGA DO ABANDONO ESCOLAR"! PAROLES... PAROLES... PAROLES...


Todos os anos a mesma lengalenga: "aumentar os casos de sucesso em cada escola, reduzir a “praga do abandono escolar” e combater a indisciplina". São as palavras que estão mais à mão e que qualquer leigo na matéria também é capaz de dizer. Não estranho que na abertura do ano escolar, o presidente do governo e o secretário da Educação tivessem tocado a mesma tecla, a "educação de excelência". Palavras e apenas palavras de circunstância. O problema, aliás, não está nas palavras, mas nos conceitos. E quanto aos conceitos, lamentavelmente, nada disseram! 


Na abertura oficial do ano escolar, esperava-se uma intervenção com pensamento estruturado e já agora "renovado". No essencial, que sistema querem e qual a escola que desejam para o futuro. Ficar pela espuma, pela superfície ou pelas palavras que não trazem qualquer conceito, enfim, na prática, corresponde a zero. Significa, no máximo, que procederão a acertos marginais, os quais, no entanto, não modificarão aquilo que é a característica de uma escola ultrapassada no tempo. Uma abertura do ano escolar com aquelas características, significa que o governo, esta manhã, foi à Escola Francisco Franco, cumprir um "número político". Não mais do que isso.
Ora, se não sabem por onde começar, perguntem à Universidade, perguntem aos investigadores, perguntem aos autores, perguntem aos professores e aos sindicatos. Perguntem na Assembleia aos partidos. Viajem, visitem e perguntem aos responsáveis por sistemas e escolas de sucesso. Perguntem. Desçam da "torre de marfim" e perguntem. Interroguem-se! 
Quase 150 dias de governação é tempo mais do que suficiente para dizerem o que pretendem construir, de forma paulatina, é certo, mas segura, qual o caminho que desejam seguir. Falar da "praga do abandono", de "uma educação de excelência", do sucesso ou da indisciplina implica ser profundo, desde o reconhecimento das causas sistémicas, até à estrutura organizacional da escola. A abertura do ano escolar deveria ter servido, fundamentalmente, para deixar, mesmo que de forma ainda insipiente, a mensagem de preocupação relativamente a um sistema que há muito não funciona e, por isso mesmo, apresenta o tal insucesso, abandono e desinteresse. Paleio e números políticos não adiantam. E sendo assim, estou certo que este será mais um ano de repetição do passado. E quem repete o passado não pode almejar resultados substancialmente diferentes desse passado. Certo?
Ilustração: Arquivo próprio.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A MENTIRA E A ALDRABICE EM TEMPO DE CAMPANHA ELEITORAL


O que mais me custa em uma campanha eleitoral é ter de escutar a mentira oferecida em doses industriais de braço dado com a falta de vergonha na cara. É que já não se pode ouvir o senhor "irrevogável", Dr. Paulo Portas, falar de troika e de "bancarrota", como não consigo ouvir o Dr. Passos Coelho, todos os dias, passando culpas como se não tivesse sido primeiro-ministro entre 2011 e 2015. O Dr. António Costa tem razão quando diz que a troika só se irá embora quando estas duas personagens também forem. 


Sobre a troika, no sentido da sua contextualização histórica, socorro-me do jornalista do Expresso Nicolau Santos: "o pedido de ajuda aos credores internacionais começa com o chumbo do PEC 4, em 2011, com um conjunto de medidas "que poderiam evitar o pedido de resgate". O leitor que oiça o depoimento que aqui partilho do jornalista Nicolau Santos. Aqui: https://www.facebook.com/joaoandreescorcio/posts/10206178988848681
Mas há mais. O Engº José Sócrates recebeu um país com um défice de 6,83%, após dois governos PSD/CDS, numa altura em que não havia crise alguma nem problema algum na economia e nos mercados. Em 2008, quando terminou o seu primeiro mandato e se apresentou a eleições, o governo de José Sócrates tinha baixado o défice para 2,6% (2007 e 2008), sendo o primeiro em muitos anos a cumprir as regras da União.
A sensação que fico é que há ali, na Coligação, uma explicável fome de poder. O Dr. Passos Coelho já se esqueceu que foi o PSD que criou o famigerado "pagamento especial por conta" que estrangulou os pequenos e médios empresários; que foi a ex-líder social-democrata, que esteve na origem da ruinosa titularização das dívidas fiscais e contributivas ao Citigroup, e que a situação não foi pior tal ficou a dever-se à política de receitas extraordinárias. Isto para não ir mais longe, ao tempo do Professor Cavaco Silva (PSD), enquanto Primeiro-Ministro, (que hoje se arroga defensor do equilíbrio das contas) onde se verificaram os défices orçamentais mais elevados (em 1993, -8,9% do PIB). O Dr. Passos Coelho esquece-se que o défice inferior a 3% foi concretizado sem colocar em causa o apoio social que conheceu, a partir de 2005, um dos maiores e mais consistentes incrementos junto dos mais carenciados da sociedade. Lembro-me, por exemplo, da baixa no preço de 4.000 medicamentos que significou uma poupança para os portugueses de 726 milhões de euros; o Complemento Solidário para Idosos, instrumento poderoso para atenuar a pobreza, na altura, para 200.000 portugueses; o apoio pré-natal; o Salário Mínimo que cresceu 20% nos anos de liderança do PS; o Abono de Família, uma das prestações mais importantes que cresceu 25% no mesmo período. Tratou-se, aliás, do maior aumento de sempre conjugado com o 13º mês desta prestação social; a Acção Social Escolar, baseado nos escalões do abono de família, e que veio a beneficiar milhares de alunos e suas famílias; o apoio à parentalidade, onde a licença passou de cinco para dez dias de licença, acrescido de mais um mês caso o pai ficasse com a criança; a reforma da segurança social permitindo safar o País que se encontrava no abismo para uma situação de garantia de futuro.
Mais, ainda: o PSD esquece-se da conjuntura internacional, essa crise fabricada externamente, que arrastou todo o Mundo, uns países mais do que outros, para uma situação deveras complexa, com os défices a crescerem e a estrangularem as contas públicas. Parece que os olhos continuam sedentos de poder, pelo que não deixam ver que a Espanha chegou, no período anterior à crise, a ter um superavit e logo a seguir à crise, chegou aos 11,4% de défice; a Inglaterra aos 12%, França aos 7,7% e por aí fora. Perante isto, falem e debatam as propostas para o futuro e deixem a mentira e a aldrabice.
Ilustração: Google Imagens.

domingo, 13 de setembro de 2015

HÁ MULHERES E HOMENS DE ENORME QUALIDADE NA POLÍTICA. O DEVER DO CIDADÃO É ESCOLHÊ-LOS.


Vive-se um tempo de descrença política. Há uma certa fúria contra os políticos. Há razões para tal, face às atitudes, às mentiras, às aldrabices várias, aos discursos falsos, às promessas não cumpridas, aos casos de Justiça, às obras megalómanas e não prioritárias, aos assaltos à carteira da maioria dos portugueses, enfim, há razões para que todos nos sintamos de pé atrás, quando nos contam, apenas, metade da história. Ainda ontem quando Passos Coelho e Paulo Portas, de visita a um mercado, foram vaiados e confrontados com os lesados do BES e, segundo escutei, por professores, tal aconteceu e, certamente, voltará a acontecer ao longo da campanha, é porque o discurso da mentira foi dominante nestes quatro últimos anos. As pessoas revoltam-se porque exigem decência e transparência no relacionamento e porque se sentem defraudadas nas suas expectativas, por mínimas que sejam. Aos lesados da fraude chamada BES, Passos Coelho acabou por arengar que "se não têm dinheiro para ir lá [tribunal] eu organizarei uma subscrição pública para os ajudar a recorrer ao tribunal". Uma declaração que poderá vir a incendiar ainda mais as relações que são tensas. Porque o que lhe compete não é, depois de ter dito que o BES era uma instituição segura, falar de peditórios, mas exercer a influência política necessária para que o problema tenha uma solução em tempo aceitável. Ao contrário de apaziguar, julgo que incendiou. Basta de peditórios, tantos que seriam necessários. Exigem-se políticas sérias e honestas. É para isso que os actos eleitorais servem.


E, depois, como se aquela posição de Passos Coelho não bastasse, Paulo Portas, "o irrevogável", veio sublinhar que eles (oposição) são assim, que há pessoas a mando de alguns partidos que aparecem para gerar a confusão. Ainda pior, como se o essencial dos problemas apresentados se resolvessem com tiradas daquelas. E o "irrevogável" senhor, mentindo, foi mais longe: "(...) quem chamou estrangeiros, lhes deu poder e autoridade para influenciar as políticas em Portugal foi quem levou o país à bancarrota e chama-se Partido Socialista". Esquece-se que chumbou o PEC IV, esquece-se da crise internacional gerada fora do País e que se tornou avassaladora em toda a Europa, esqueceu-se das suas declarações sobre o "sisma grisalho" relativamente às agressões aos reformados e pensionistas: "(...) Num país em que grande parte da pobreza está nos mais velhos e em que há avós a ajudar os filhos e a cuidar dos netos, o primeiro-ministro sabe e creio que é a fronteira que não posso deixar passar" (...) "Não quero que em Portugal se verifique uma espécie de cisma grisalho, que afectaria mais de três milhões de pensionistas, uns da Segurança Social, outros da Caixa Geral de Aposentações". A verdade é que a fronteira foi ultrapassada, Aceitou o rebuçado de vice-primeiro-ministro e todos conhecemos a história daí para a frente. São, portanto, espécies com a mesma plumagem. Se um diz mata o outro manda esfolar.
Embora assim seja, o que conduz a população à descrença e à tal fúria contra os políticos, considero um erro colocar todos os políticos no mesmo saco. Não são todos iguais. Há Homens e Mulheres na política de um valor extraordinário. Depois, toda a nossa vida depende das boas ou más políticas. Daí que as estruturas políticas sejam importantes. Não as podemos secundarizar. É por isso que, agora, somos chamados a julgar os actores e as políticas dos últimos quatro anos e a eleger os actores e as políticas que se nos afigurem como as eventualmente melhores para os próximos quatro anos. 
Ilustração: Google Imagens.

sábado, 12 de setembro de 2015

O PROBLEMA É ESTE, CONTINUAR A SER FLAGELADO OU LIBERTAR-SE DO AGRESSOR


Ontem tive a oportunidade de participar no comício do PS-Madeira, que contou com a presença do Dr. António Costa candidato a Primeiro-Ministro do governo de Portugal. Gostei. Há já algum tempo que não vivia uma manifestação com alma, plena de opções políticas que brotam de dentro, sentidas e com uma plateia estimada em 700 pessoas que não conversavam para o lado, antes, atentamente, escutavam e aplaudiam. Gostei, porque as palavras ditas encaixaram-se em um perfeito contraponto ao que todos vivemos nestes últimos quatro anos. Em síntese, escutei a palavra da esperança em contraste com a mentira e a aldrabice política a que fomos sujeitos pela coligação PSD/CDS. Fomos e continuamos a ser bombardeados com a teoria do caos, da bancarrota, do Sócrates, do nós ou a desgraça! Ontem, uma vez mais, toda essa lengalenga destinada a perturbar a consciência colectiva e a enganar os incautos, como se nada tivesse acontecido em 2008 no plano internacional, foi esmiuçada através dos dados da realidade sentida. O candidato Carlos Pereira desenvolveu os dossiês que preocupam os madeirenses, a dívida, a pobreza, o desemprego e o ininteligível "agachamento a Lisboa" que o PSD-Madeira tem vindo a protagonizar, facto que explica o vazio de ideias e a incapacidade de negociação. António Costa, em uma intervenção arrebatadora, com o sentimento de que isto não pode nem deve continuar, falou de um governo, o actual e o único que entregará o país mais pobre do que quando o recebeu. 


Ora bem, pode-se muito bem dizer que, primeiro, o que está em causa é a eleição de Deputados à Assembleia da República. É verdade que sim. Mas também não se pode ignorar que a presente situação exige a definição, no actual quadro da correlação entre forças partidárias, de quem desejamos ver como Primeiro-Ministro. Uma coisa está intimamente, ligada com a outra. Ou os portugueses dispersam votos ou tentam um novo rumo; ou fazem uma escolha que dê lugar à esperança, ou correm o risco de entregar o País aos mesmos que, fazendo da mentira uma arma política, desejam mais quatro anos para completarem o processo de empobrecimento que corresponde à grande subserviência aos poderes acoitados em Bruxelas e em outras paragens financeiras! O problema é este, continuar a ser flagelado ou libertar-se do agressor. E neste quadro, com todo o respeito que tenho por outras candidaturas e pelos seus esforços no sentido de tornar justo o que de mais injustiça existe e que os nossos olhos de actores-observadores retêm, trata-se de um momento de importante opção. Na Madeira, esta é a minha leitura, o Dr. Carlos Pereira (PS) e a sua equipa é quem pode ser, pela negociação inteligente mas frontal, e porque é o único com estudos divulgados no âmbito da Economia e das Finanças (o nosso calcanhar de Aquiles), a figura que precisamos para romper com esta situação de "agachamento" do Dr. Miguel Albuquerque (que já disse que está a 100% com Passos Coelho). Referiu, ainda ontem, o candidato Carlos Pereira "que quem não se sente não é filho de boa gente". É verdade. Depois de tanta maldade, de deputados na República em permanente silêncio durante trinta e tal anos, pergunto, se pode existir algum benefício da dúvida, ainda por cima por parte de candidatos que só agora chegaram à política, a quem não se lhes reconhece background necessário face ao momento que atravessamos. Na República, depois de escutar as últimas três intervenções de António Costa (debate arrasador com Passos Coelho,  a entrevista conduzida por Vítor Gonçalves e, ontem, no comício do Funchal), entendo que é a figura que devolverá a esperança aos portugueses que residem no Continente e aos portugueses das Regiões Autónomas. A sua experiência política de Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Ministro dos Assuntos Parlamentares, Ministro da Justiça, Ministro de Estado e da Administração Interna e Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, conferem-lhe o saber e a sensibilidade para alterar este rumo que, se nada acontecer, nos conduzirá a uma colónia de outros.
Ilustração: Arquivo próprio.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

COSTA GANHOU


Passei os olhos pela generalidade dos principais órgãos de comunicação social e todos dão a vitória no debate ao candidato Dr. António Costa. Mesmo no online dos semanários a supremacia do candidato do PS não deixou dúvidas. Porém, relativamente a uns, fiquei com a sensação que tiveram dificuldade em aceitar tal facto, mas, de qualquer forma, assumindo que Passos Coelho não esteve bem. Até uma jornalista, julgo da Rádio Renascença, esta manhã, sublinhou que, agora, decisivo, decisivo, será o debate exclusivamente na rádio. Porque aí, disse, não se vêem os incómodos, a expressão e a empatia transmitida. Aí serão as palavras que contarão. Espantoso! Outros comentadores centraram as suas apreciações naquilo que gostariam que o debate tivesse sido e não aquilo que acabou por ser. Ora bem, qualquer debate deve ser analisado em função do que aconteceu, face às perguntas colocadas e às respostas obtidas e não por aquilo que o espectador, através das suas preocupações e posicionamentos particulares, repito, gostaria que tivesse sido. Por exemplo, eu, com particular interesse na política educativa, não tendo escutado uma palavra sobre esse importante sector, logo, a avaliar pelo que li e escutei de alguns comentadores, o debate não teria correspondido. Mas não vou por aí, porque o que está é causa é a apreciação global do debate. 


Um debate, por maior entusiasmo e expectativa que possa gerar, sendo tantos os temas que a todos nós preocupam, acaba por ser imprevisível nos caminhos que toma. Há inúmeras variáveis que estão em causa, desde a pertinência das questões à atitude dos candidatos que, naturalmente, tendem a conduzi-lo para a sedução dos eleitores. Um debate nunca é aquilo que a expectativa pessoal gera, mas uma realidade construída em torno de objectivos eleitorais. E é neste quadro, defendo eu, que se deve analisar a prestação dos candidatos. Ah, leio, deveria ter sido mais propositivo, mais esclarecedor relativamente ao futuro e menos agarrado ao passado recente! Pois, entendo, mas também não seria lógico, neste debate, ignorar esse passado recente, não trazendo à colação a turbulência social que gerou. E quando um candidato, neste caso António Costa, tocou, sucessivamente, nas feridas que andam a sangrar, o que ele está a querer demonstrar é que a sua proposta política é diferente. 
Obviamente que gostaria de ouvi-los sobre esta Europa, sobre o Euro, sobre a questão dos refugiados, a solução para a dívida, o grau de pobreza, as privatizações a eito, o sistema educativo, enfim, sobre temas que nos preocupam, mas regresso ao início, os debates não são aquilo que, individualmente, desejamos, mas aquilo que acabam por ser. Eu quero lá saber se Costa irá agradecer o apoio de Sócrates ou se Passos ou Costa, em caso de derrota, colocarão os seus lugares à disposição! Preferia tê-los ouvido sobre outras questões. Mas foram essas as perguntas dos jornalistas.
Finalmente, tenho como certo que para cerca de 3,4 milhões de espectadores, a maior audiência de sempre, muita coisa ficou esclarecida. E se a questão se resume a quem ganhou, a votação online, à hora que desliguei o televisor, era de 70% de vantagem para António Costa. Até a direita política se rendeu, com o comentador Marcelo Rebelo de Sousa, a assumir: ''Costa ganhou''.
Ilustração: Expresso, online.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

MAIS 200 PROFESSORES PARA O DESEMPREGO


Disse, ontem, o secretário regional da Educação da Madeira, que 200 professores vão para o desemprego. A justificação é a mesma de sempre: há menos alunos. Falácia, pura e simples. Já alguém disse que "não há professores a mais, o que existe é sistema educativo a menos". Mas para o governo da Madeira, provam-no os indicadores sociais e a mentalidade, a ignorância, perversamente, sempre constituiu um desígnio, ao propalarem "coisas" no sentido de uma preocupação pelo sucesso, ao mesmo tempo que cerceiam as condições básicas que conduzem a esse sucesso. Eles bem sabem porquê! Eu desconfio. Tenhamos presente o estado do sistema, quarenta anos depois, consequência de governos que nunca evidenciaram saber e compromisso com o futuro. Agora, repetem a meia-verdade da natalidade para poupar nos encargos de hoje, mas que se tornará, amanhã, em uma pesadíssima herança. Já é uma pesada herança. Há muito que está explicada a falta de investimento no sistema educativo e a transferência para o sector privado das obrigações que devem ser públicas. Ademais, o secretário regional e a sua equipa deveriam ler os estudos, entre outros, os do economista James Hechman, Prémio Nobel da Economia, sobre os custos directos e indirectos na Economia de uma má política educativa. Estudos que nos transmitem a certeza de que se torna menos oneroso, em todos os aspectos, rever o sistema em função do conhecimento científico já produzido que, no essencial, nos diz que não podemos estar na escola do Século XXI com a estrutura e o pensamento do Século XIX.


É evidente que a taxa de natalidade baixou consideravelmente. "Portugal registou no ano passado a taxa de natalidade mais baixa da União Europeia, de 7,9 crianças por mil habitantes, inferior à da mortalidade (10,2), revelam dados publicados pelo Eurostat". Todavia, esta fragilidade poderia e deveria tornar-se em uma oportunidade para colocar em causa todo o sistema, no sentido da criação das condições básicas do sucesso. Repito, todo o sistema, desde o número de alunos por estabelecimento de educação e ensino aos novos conceitos de aprendizagem. Porém, o que acontece não é isso, quando retiram professores ao sistema e mantêm a mesma estrutura organizacional de um "modelo" moribundo que repete e agrava o erro a todos os níveis. 
Obviamente que isto não quer dizer que todos os que se habilitam, no plano universitário, para a docência, obrigatoriamente, tenham de ser enquadrados pelo sistema público. Todos sabemos que há limites, com altas ou baixas taxas de natalidade. O que está em causa é uma outra coisa: é a retirada de centenas de professores mantendo um sistema organizacional caduco que tem produzido insucesso e abandono e que, no futuro, outra coisa dele não se poderá esperar senão resultados semelhantes. Heckman comparou a educação aos alicerces de um prédio: "se a base for ruim, o edifício desmoronará". E a verdade é que está, permanentemente, a desmoronar, porque os decisores políticos continuam a fazer contas de poupança no lado da despesa, fugindo à interpretação dos efeitos multiplicadores no futuro de cada euro investido nas idades mais jovens. É semelhante à palha que um sujeito foi retirando ao burro até que este acabou por morrer, numa altura em que o dono do burro, espantado, exclamou: logo agora que ele já estava a se habituar! Pois, há gente que ignora que os professores são o eixo fundamental de uma escola e que os alunos devem ser o centro das políticas educativas.
Mas há mais. Paradoxalmente, no plano Constitucional, a Educação constitui um direito. No plano da vida concreta, as famílias são chamadas a pagar tudo ou quase tudo: livros e material escolar, com uma grande parte das despesas não entram nas contas do IRS (despesas de Educação); pagam um disparatado IVA na maioria dos produtos; suportam, mais tarde, escandalosas propinas na universidade, transportes, alimentação, alojamento, enfim, perguntar-se-á, se a Educação ainda é um direito? Depois, para tapar os buracos da fragilidade da governação, por aqui surgem as autarquias a colmatar insuficiências (e bem, já que outros não evidenciam essa sensibilidade), oferecendo os manuais e o material escolar. E o governo não percebe isto? E o dinheiro não vem do mesmo saco público? Ora bem, administrar e gerir uma política educativa é muito mais do que entrar às 9 horas e sair às 18:00! É muito mais do que cumprir uma agenda protocolar. É muito mais do que aparência! 
Ilustração: Google Imagens.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

SINAIS DE ESPERANÇA



Todas as candidaturas merecem-me respeito. Sou, inclusive, contra a expressão "arco da governação", aliás, como aqui já escrevi. Todavia, Portugal atravessa um momento de grande complexidade que exige uma mudança clara na governação. E olhando para as tendências que o povo manifesta pelas sondagens(!), das duas, uma: ou existe uma grande concentração de votos no Partido Socialista ou o povo corre o risco de entregar a Passos Coelho e Paulo Portas mais quatro anos de sacrifícios que, hoje, se sabe, pelos indicadores, que de nada valeram. Outras terão de ser as políticas económicas, financeiras, sociais e culturais. Na Madeira, onde o Dr. Miguel Albuquerque já disse estar a 100% com Passos Coelho, portanto, também com Paulo Portas, do meu ponto de vista, a solução está em garantir que a repetição do filme da dupla austeridade severa não se repita. Há necessidade de negociar as políticas de tal forma que a Madeira saia a ganhar. Por isso, a minha opção, clara e inequívoca, é o voto na equipa do Dr. Carlos Pereira (PS).   

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

QUEM TEM MEDO DE JOSÉ SÓCRATES? QUE SEJA BEM-VINDO À CAMPANHA ELEITORAL!


Parece que não existe nada para debater em função das grandes opções para Portugal. A Coligação PSD/CDS, denota que não quer falar a verdade aos portugueses e, talvez por isso, demonstra receio em debater. Ela sabe que a receita a aplicar, no caso de vitória eleitoral, será a mesma dos últimos quatro anos, daí que prefira apontar baterias para o medo sobre aquilo que dizem ser o regresso ao passado. Os comentadores e não só, esses, quase todos da mesma área política, parecem mais preocupados com a participação ou não do Engº José Sócrates na campanha eleitoral, através dos meios que estão ao seu dispor. De Marcelo Rebelo de Sousa a Marques Mendes o frenesi é enorme. Querem-no longe da campanha, como se ele estivesse privado dos seus direitos de cidadão, como se a sua presença incomodasse o PS, como se os portugueses fossem uma cambada de figurantes que não sabem fazer a destrinça entre o julgamento de quatro anos de governação, de permanentes maldades políticas, e um outro eventual julgamento que à Justiça diz respeito.


Por seis anos de governação política os governos do Engº José Sócrates já foram julgados nas urnas. Bem ou mal, foram. Não discuto a deliberação maioritária do Povo. A minha opinião constitui, apenas, uma opinião. O povo votou em 2011, e chumbou a proposta política do PS, portanto, é a vez da Coligação PSD/CDS estar no "banco dos réus" da política. Do meu ponto de vista, porque respeito os direitos dos cidadãos, sejam eles quais forem, tenham ou não tido responsabilidades governativas, José Sócrates deve participar na campanha. Ele tem a sua verdade, ela deve ser conhecida, e não apenas a do âmbito da Justiça, mas toda a história entre 2008/2011 que não é totalmente conhecida. Há peças do puzzle que devem ser escamoteadas. Ou será que a Coligação, jogando com o medo, acaba por ter medo daquilo que pode configurar a "narrativa" do ex-primeiro-ministro? 
Por outro lado, a menos de um mês das eleições, sabe-se, pela experiência, que uma larga maioria tem já o seu sentido de voto definido. O julgamento está feito. Porventura, uma minoria aguarda por mais alguns dados. E neste espaço de indecisos, creio, José Sócrates pode constituir uma peça-chave. Democraticamente, não vejo como condenar ao silêncio um cidadão no pleno gozo dos seus direitos cívicos, ainda por cima, quando não existe, na Justiça, uma acusação pública baseada em factos que o conduza a julgamento. E que existisse! Aliás, o que conta é a audiência de julgamento. Por isso, digo: seja bem-vindo à campanha eleitoral. O povo tem o direito de conhecer todos os meandros da recente história política, não a história que é vendida, mas aquela onde existe ponto e contraponto. Que não se depreenda deste texto que estou a fazer um juízo de valor de inocência sobre os tais "indícios" de crime. Apenas estou a defender que José Sócrates goza desse direito à palavra e que essa palavra pode ser determinante para conhecermos o contraponto político. Nem o Dr. António Costa deve sentir-se incomodado, nem os líderes da Coligação, Dr. Passos Coelho e Dr. Paulo Portas, bem como todos os restantes candidatos, devem ficar apreensivos. Afinal, pergunto, não são essas pessoas que, lamentavelmente, costumam dizer "à Justiça o que é da Justiça e à Política o que é  da Política?"
Ilustração: Google Imagens.

O RELATÓRIO DIOCESANO NA BRUXELAS ROMANA


No intervalo entre o II e o III Actos da peça que iniciei no último Dia Ímpar, surgiu um aparatoso anúncio publicitário: os bispos madeirenses vão até Roma, na protocolar visita “ad limina”, isto é, aos túmulos de Pedro e Paulo. E achei por bem aproveitar a notícia para aperceber-me da séria relevância (assim deveria sê-lo) desta digressão periódica. O seu objectivo é prestar contas ao Papa acerca da vida de cada diocese. Aí apresentam os bispos portugueses um relatório (exaustivo, deveria sê-lo) sobre o estado da respectiva “Nação Diocesana”. Assim sendo, bem poderia comparar-se esta viagem àquela que os Primeiros-Ministros fazem a Bruxelas para dar conta da saúde financeira, do estado social, da execução orçamental, enfim, da real situação do seu país.


Não sabemos que levarão na bagagem os nossos prelados regionais. Não consta que tivessem proposto à consideração dos órgãos representativos dos diocesanos o referido Relatório. Seria de suma importância tomarmos conhecimento, senão do texto integral, ao menos dos “itens” principais, a hierarquização dos problemas que à Igreja local se põem ou, por que não, propor as adendas de certos temas de interesse público para a cristandade regional.
Não é difícil imaginar os arcos triunfais de cada dossier, sob as quais passarão as lusas mitras, como também é perfeitamente alcançável o estilo rendilhado das iluminuras que ilustram as páginas untuosas, coloridas, como os vitrais das catedrais góticas, com que descreverão os bispos madeirenses a epopeia da Fé e do Império na sua diocese. Não faltarão os encómios do Congresso dos 500 anos ( pelo que se viu, melhor seria titular de Congresso dos 400 ou 300 anos, tal a premeditada orientação de ocultar a história da diocese, no que de mais próximo tem dos nossos dias. Hão-de descrever a religião-espectáculo, as grandes procissões, a participação episcopal nos arraiais de verão e, de inverno, nas Missas do Parto, com a avalanche de cristãos a inundar os adros, as avenidas, as praças públicas. Não faltarão as referências aos afectos e edificantes relações dos bispos com o governo regional que lhes fez igrejas, sacristias e casas paroquiais.
Quanto ao mais, eles não levarão nada nem ninguém na bagagem que sirvam de testemunhas. Ó perfeito segredo dos deuses, contando de antemão com “advogados” seus, nossos conterrâneos, bem colocados nas cúrias e congregações ou dicastérios (tribunais) do Vaticano! Certamente, não virá a tona de água uns resíduos sequer do Jornal da Madeira e da sua entrega ao poder político regional. Pelo contrário, até dirão: “Foi o Espírito Santo que nos soprou a inspiração para nos retirarmos a tempo, isto é, antes da visita “ad limina”. Perante o Papa da inclusão, esquecerão os nossos bispos de relatar a mais sádica exclusão a que sujeitaram uma paróquia, esquecer-se-ão de auto-incriminar-se por se recusarem hã mais de 40 anos administrar o Crisma nessa igreja e –oh suprema amnésia ! --- passará em branco e negará , talvez, o actual bispo que não deixou a Imagem Peregrina entrar no adro dessa mesma igreja. Que dir-lhes-á o Papa da inclusão e das periferias quando (e se) lhe disserem que mantêm um padre suspenso há décadas sem julgamento, nem sequer processo canónico formado?
Quanto ao prelado reformado, lembrar-se-á o senhor que, de parceria com o governo, mandou a PSP em peso ocupar um templo católico, durante 18 dias e 18 noites? Certamente, tecerá como uma novela “brasileira” o caso de um tal padre Frederico, pederasta relapso, evadido da cadeia e comparado pelo próprio bispo a Jesus Crucificado e, por tal, nunca foi suspenso da diocese?...
Perpassa-me pela retina a reacção do Papa Francisco perante tamanha profanação, sobretudo porque foi ele, Francisco Papa, que deu ordens terminantes para denunciar aos tribunais judiciais os superiores hierárquicos que encobrissem casos destes. Acabou de falecer, imprevistamente, o cardeal polaco Joseph Woselonwky, de 67 anos, cujo processo estava já pronto para julgamento.
Enfim, espero que aos dois antístites madeirenses, não se lhes aplique, nesta viagem, aquele rótulo com que o Papa Francisco criticou, no ano transacto, certa hierarquia, a quem chamou “bispos de aeroporto”.
Vamos aguardar que novas trarão os nossos residentes embaixadores pontifícios. Integrar-se-ão, enfim, no caminho novo (porque antigo e autêntico) que traçou o Papa Francisco ou posicionar-se-ão ao lado dos 17 cardeais da Oposição, de que nos falou hoje Anselmo Borges, na sua crónica semanal do “Diário de Notícias” de Lisboa?
De Bruxelas sabe-se sempre qual o teor da apreciação que os órgãos decisores europeus fazem dos relatórios nacionais. Veremos se algum lampejo surgirá da “Bruxelas Romana” a iluminar ou a rasurar certas páginas do Relatório Diocesano. O nosso bispo disse que iria oferecer aos túmulos de Pedro e Paulo as suas orações pelos madeirenses. Esperamos mais, o que nunca aconteceu, de há 8 anos a esta parte: ACÇÃO. Eis o lema de Francisco Papa, Acção!
5.Set.2015
Martins Júnior
Ilustração: Google Imagens.
NOTA
Texto publicado no blogue Senso&Consenso, do Padre Martins Júnior.