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domingo, 11 de outubro de 2015

PRESIDENCIAIS. MARCELO, "UM JOGADOR E ÁRBITRO AO MESMO TEMPO".


Quando ouvi o Professor Marcelo dizer: "(...) Cumprirei o meu dever moral de pagar a Portugal o que Portugal me deu", perpassou-me, de imediato que, enquanto cidadão português, a mim nada me deve, nem directa, no plano pessoal, nem indirectamente, no plano dos meus impostos. Sobre esta matéria li um comentário bem humorado do meu Amigo José Manuel Lira Caldeira que aqui reproduzo: "já revistei o rol dos fiados e verifiquei que não me deve nada". Exactamente o que se passa comigo. Ora, o Professor Marcelo tem todo o direito (e ainda bem) de candidatar-se à Presidência da República. Ficou tudo clarificado. Acabou a história de "ser árbitro e jogador ao mesmo tempo" como salientou o Professor Sampaio da Nóvoa, também candidato. Simplesmente porque, por razões éticas e de valores, disse este académico, "não se pode comentar presidenciais quando já se sabe […] que se é candidato”. E Marcelo fê-lo todo o tempo, pelo que razão tem Sampaio da Nóvoa ao sublinhar que "(...) nos últimos meses estávamos a assistir a um jogo que não era muito bonito, do ponto de vista democrático e (...) creio que em democracia o que conta muito é também a ética e os valores. Não se pode fazer de conta (...) não se pode comentar presidenciais quando já se sabe, e isso é uma decisão tomada há muito tempo, que se é candidato".

SAMPAIO DA NÓVOA
uma candidatura que nasce do Povo para o Povo.

O agora candidato Marcelo Rebelo de Sousa usou e abusou da sua condição de comentador da actualidade política. Sentou-se em várias cadeiras, entre outras, a de observador de acontecimentos, a de partidário ao comparecer e tomar posição em iniciativas de campanha eleitoral do PSD/CDS, tal como, recentemente, compareceu à "festa do Avante" do PCP. 
Não vejo mal que, a convite, tivesse intervindo na designada "universidade de Verão" dos jovens social-democratas. Da mesma forma, enquanto independente, Sampaio da Nóvoa, por convite, discursou no Congresso do PS. Quantos, sem qualquer filiação partidária ou mesmo tendo-a, são convidados e pontualmente discursam e apresentam os seus pontos de vista? Faz parte da participação cívica. O caso do Professor Marcelo é completamente diferente, sublinha o Professor Sampaio da Nóvoa, "por razões éticas e morais". Mas, enfim, esses aspectos a ele dizem respeito. Marcelo sente-se bem nesse papel e a mim compete-me, apenas, apreciar este seu jogo calculista de quem há muito demonstra saber colocar as peças visando um hipotético xeque-mate. 
Conheço o Professor Marcelo da televisão. O Professor que sabe tudo: tanto fala de livros, como de bastidores da política, como de futebol. Para tudo tem resposta e, muitas vezes, certezas. Dá-me a ideia que lê todos os jornais, tem uma boa lista de contactos telefónicos, e, ao Domingo, puxa a culatra atrás e aqui vai disto! Também dá notas. Eu, mero observador, quando tenho alguma paciência para escutá-lo, determino também uma nota que nem lhe concederia ir à oral para esclarecer posições. Mas isso sou eu cidadão anónimo. Respeito, porém, outras posições de um certo endeusamento. O que para mim vale sete, para o outro pode valer dez e até mais! Não entro por aí. O que me custa aceitar é ouvir pessoas com responsabilidades políticas e outras darem como facto consumado a eleição para Presidente da República. Ao terminar um ciclo de dez anos de um presidente claramente partidário (Cavaco Silva), parece que nada aprenderam, para repetirem a dose com um outro da mesma família política e que, à luz das posições passadas, não tem condições objectivas para jurar cumprir e fazer cumprir a Constituição. A costela partidária é determinante nos momentos cruciais. Sempre foi assim.
Aliás, no momento que atravessamos, onde a crítica aos partidos políticos, com razão, sublinho, têm vindo a subir de tom, lógico seria ter na Presidência alguém que brote da sociedade, sem vínculos a ninguém, a nenhuma estrutura e que seja portador de um discurso sereno, de defesa dos mais elementares valores humanistas, portanto, que não esteja prisioneiro de grupos com profundas raízes lenhosas. Marcelo está prisioneiro. Sampaio da Nóvoa não está prisioneiro. Marcelo é o "sócio" número 3" do PSD; Nóvoa não tem filiação partidária, portanto, depende, apenas, das suas convicções de homem experiente na vida.
Desde o primeiro momento assumi que votaria no Professor Sampaio da Nóvoa. Mantenho-me fiel à leitura inicial. Agora mais que nunca. E aqui deixo um vídeo da leitura de Paulo Portas sobre Marcelo Rebelo de Sousa. Hoje, certamente, dará, irrevogavelmente, o dito por não dito. Só que esse não é o meu caminho e as palavras estão registadas.

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