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sábado, 9 de abril de 2016

"GOVERNO DE ANGOLA COMBATE OS POBRES, NÃO A POBREZA"


Rafael Marques, jornalista angolano e considerado activista dos direitos humanos, concedeu uma entrevista à jornalista Sandra Cardoso (DN-Madeira) na qual escalpeliza a situação política angolana. Um texto para ler e, a partir das suas declarações, mergulhar no inferno dos interesses de uma clique angolana que luta pela sua riqueza enquanto o povo definha. Não conheço em toda a sua extensão a pouca-vergonha da governação angolana, mas há muitos e muitos anos que transporto o sentimento de uma ditadura disfarçada.    


Pergunta a jornalista: "Li recentemente uma reportagem sua na morgue de um hospital em Luanda, onde dava conta de uma mortalidade assustadora. A situação social no país degradou-se em relação ao ano passado, por exemplo? Rafael Marques: "Um jornal dava conta de 500 enterros nos cemitérios de Luanda só num dia, eu passei cinco horas e vi 235 corpos a sair da principal morgue de Luanda. Temos neste momento mais mortes do que no Afeganistão, no Iraque e na Síria por dia. Estamos a voltar aos tempos da guerra, que foi muito violenta. Depois de 14 anos de paz e depois de Angola ser projectada como a economia que mais crescia no Mundo durante seis anos, temos uma catástrofe humana. O problema não é para quem vem gastar o dinheiro nas lojas da Avenida da Liberdade, é para pessoas sem acesso a tratamento básico para a malária.
O país precisa mais de ajuda humanitária para acudir à emergência do que monetária? Como se pode dar ajuda humanitária a um país onde o Governo negligencia o seu povo, abandona-o. Tem de haver reformas profundas e aqueles que são responsáveis pela situação têm de ser responsabilizados criminalmente. Sou contra este empréstimo do FMI, que só vem dar legitimidade ao poder. Todos os que vieram esconder o dinheiro em Portugal é que deviam estar a fazer o resgate. O dinheiro é para os angolanos pagarem enquanto quem guardou aqui o dinheiro, um dia vem para Portugal como se nada fosse, como se fossem gente de bem (...)".
Enquanto isto acontece, li, recentemente, no "Negócios" que Isabel dos Santos (filha do Presidente Eduardo dos Santos) ocupa a 408ª posição na lista dos mais ricos do mundo, compilada pela Forbes, este ano. (...) Isabel dos Santos surgiu, pela primeira vez, na lista dos mais ricos do mundo da Forbes em 2013, ocupando a 736ª posição. Doze meses passados e a empresária passou a ocupar a 408ª posição, com uma fortuna avaliada em 3,7 mil milhões de dólares (2,7 mil milhões de euros), 1,7 mil milhões de dólares a mais do que no ano passado".
Como é que isto é possível em um país com assimetrias tão evidentes? Percebe-se! 
De uma edição do Jornal de Notícias, de 2013, reproduzo: "(...) Filha do presidente angolano José Eduardo dos Santos, a história de Isabel é considerada "uma janela rara para a mesma e trágica narrativa cleptocrática que estrangula os países ricos em recursos em todo o mundo".
Ilustração: Google Imagens. 

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