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quarta-feira, 4 de outubro de 2017

"QUEM NASCE TORTO, TARDE OU NUNCA SE ENDIREITA"


"(...) tomaremos as medidas que entendermos necessárias ao nível do partido, do governo e das autarquias (...)", sublinhou o porta-voz da Comissão Política do PSD, Dr. Tranquada Gomes. Ora, das autarquias não estou a ver como, só daqui por quatro anos; do partido, obviamente, que essa é uma questão interna, sobre a qual só aos seus militantes diz respeito. Em Congresso, ou não! Quanto ao governo, aí a história é outra. Para já é caso para dizer que "quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita". Existem claríssimos erros de "casting". Desde a primeira hora. Sempre me pareceu que o critério não foi o da competência política, mas os amigos e quem está a seguir. Na Saúde, nesta legislatura, já vai no terceiro governante, na Inclusão e Assuntos Sociais, na segunda figura e, agora, o governo volta a ser mexido e de que maneira! Era perceptível que o Dr. Rui Gonçalves, secretário das Finanças, há muito começara a arrumar a secretária, porque a sobrevivência do PSD-M precisa(va) de mostrar obra, inaugurando, já não digo todos os dias, mas todas as semanas. O síndrome jardinista. Precisa de gastar  (diferente de investir) onde julga ser possível agradar às pessoas. Que se dane a dívida, que ela seja de cinco ou de seis mil milhões, os fornecedores que esperem, porque a obra pública e a "política inauguracionista" deve, pensam, estar em primeiro lugar. Há que encher o olho. E neste aspecto, escaldado, porque assistiu e participou, em silêncio, na loucura que conduziu a uma dívida de 6.3 mil milhões de euros, o Dr. Rui Gonçalves sempre me pareceu uma figura, tarde ou cedo, a descartar. Até porque o processo "Cuba Livre" deixou marcas.


Para aquela secretaria deverá entrar um "yes men", um contabilista e não um secretário político! Alguém que abra os cordões à bolsa, como aconteceu na Câmara do Funchal, onde diziam existir saldo positivo mas, afinal, o rasto de um calote superior a cem milhões foi assustadoramente detectado. De resto, como nas restantes autarquias. Quem vier a seguir que pague! Penso que será por aí que o Dr. Miguel Albuquerque tentará disfarçar o desastre da sua governação. Está aos olhos dos eleitores que acompanham de perto o processo político que, genericamente, o governo é fraco, porque dali não sai e nunca saíram rasgos inovadores que invertessem o ciclo megalómano e fizesse crescer e desenvolver a Região. Isto não vai, obviamente, todos percebemos, com o "geossítio do mês" ou com a exportação de tabaibos. Isto para não falar da Economia e Turismo  sector vital onde todos os madeirenses e portosantenses têm razões de queixa, entre outras, pela pouca-vergonha das ligações aéreas. Ou, então, com os traços daquele processo das ribeiras da responsabilidade do secretário dos Assuntos Parlamentares e Europeus. O crescimento e o desenvolvimento em um espaço insular, limitado a todos os níveis, necessita de inteligência política, de uma sustentada visão sobre o futuro, coisa que está visto e revisto que os que estão de turno não conseguem operacionalizar. Está tudo pelas pontas e o aforismo também bate certo: "casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão". Doravante, pressuponho que o caminho seja esse, vão voltar a "pregar as facturas no tecto". Há um evidente desnorte e uma claríssima angústia por não saberem porque ponta começar! E quando a legislatura já leva dois anos e é o que se vê, pergunto, o que esperar dos próximos dois?
A Madeira está a pagar, com juros, do meu ponto de vista, quarenta anos de um poder absolutíssimo. Os madeirenses e portosantenses foram enganados com a ideia da obra pública, em doses incomuns, como se o território habitável da Região fosse dez vezes superior ao que é. O retrato está aí, sofrimento político e sucessivas mudanças de protagonistas. Mas tudo isto assenta em uma razão mais profunda: saberá o próprio governo para onde caminha? O contexto diz-me que anda a reboque diário das situações, das pressões e das "cartas do leitor". Tudo isto poderia ter sido evitado, embora de nada valha "chorar sobre leite derramado". Melhor teria sido, disso estou convencido, se os madeirenses e portosantenses tivessem compreendido que a inovação é sempre trazida por quem está fora, que apresenta, até por necessidade de afirmação, projectos baseados em estudos sustentados. Se a alternância tivesse sido a norma, julgo eu, que outra seria a história para contar. Talvez a acomodação ao poder e a falta de visão não tivessem acontecido. De resto, finalmente, isto não vai com estéreis guerras autonómicas e com lutas sem sentido com a República. Vai com competência. 
Ilustração: Google Imagens.

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