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sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

"SE FOR PRECISO TRABALHO 20 HORAS POR DIA"


A frase é do Dr. Miguel Albuquerque, presidente do governo regional, ao terminar esta semana onde 40 militantes foram convidados a sair pela porta dos fundos! Mas esse é um problema interno que só ao partido diz respeito. A questão que aqui coloco é outra. No jantar de Natal, do PSD, o presidente do governo falou do crescimento económico que se verifica na Madeira, da baixa da taxa de desemprego e da promessa de investimento na área social. Ora bem, o sentimento que nutro é que pode trabalhar sem descanso, que a marca negativa que ficou destes dois últimos anos parece-me irrecuperável.


No exercício da política, julgo eu, findou o tempo de enganar as pessoas através das palavras. O planeamento, no adro das igrejas, à saída das missas, foi chão que deu uvas e à gritaria em cima dos palcos, seja em que circunstância for, a maioria do povo olha com os olhos enviesados da desconfiança. Hoje, o eleitor valoriza muito mais a sinceridade, a humildade, a transparência e a competência para ir ao encontro das pessoas, do que propriamente foguetes lançados ou as frases assassinas que dizem. Os "soundbiyes" para ficarem no ouvido perderam fulgor! Uma grande parte do povo já não vai por aí, e tanto assim é que, por maior número de palcos e de situações intencional e estrategicamente criadas, a verdade é que, factualmente, em 2013 e em 2017, nas eleições autárquicas, o resultado foi inequivocamente desfavorável a um poder que tem sido absoluto. E se juntarmos a esses resultados os estudos de opinião (sondagens) publicados, prova-se, também, que o soberano povo entende que a hora é de novos protagonistas e de novas políticas. O Dr. Miguel Albuquerque não tem esta leitura, entende que o combate político deve continuar a assentar nas premissas de ontem, exactamente ao jeito jardinista. Isto é, através do discurso truculento e do combate à distância que, depois, pia fininho.
Então vejamos. Falou do crescimento económico, mas todos sabemos que este está a ser impulsionado pelas medidas do governo da República que, concomitantemente, fez baixar a taxa de desemprego, embora continue pior que a taxa nacional. Os madeirenses e porto-santenses sabem que não ficam a dever nada às políticas regionais, por clara inexistência das mesmas, mas às políticas da República que tiveram e têm repercussões na Região. Os indicadores são tantos e inegáveis. Um certo, embora ainda distante do desejável, desafogo na carteira das pessoas, fez disparar o consumo interno, logo um assinalável crescimento que está a impulsionar, moderadamente, todo o sistema empresarial. Quais foram as medidas deste governo regional? Não me lembro de uma! Presente, tenho, as sucessivas mudanças de personagens no governo, em uma dança de cadeiras sinónima de instabilidade no plano da governação.

Terceiro vector: o investimento na área social. Trata-se da bengalinha que dá jeito quando a governação anda com a proa debaixo de água. O presidente fala mas não se compromete. Será desta que os madeirenses e porto-santenses terão um IRS, já não vou mais longe, pelo menos igual ao dos Açores? Será que serão implementadas medidas defensoras do sistema empresarial e da correspondente empregabilidade? Será que os mais vulneráveis, sem andarem a pedinchar nas instituições, passarão a dispor de um valor anual, já não peço mais, igual ao dos Açores? Será que é desta que os mais pobres beneficiarão, mensalmente, no quadro do Orçamento Regional, de um complemento de pensão? Será que todos passarão a ter todos os combustíveis, já não vou muito longe, exactamente igual ao dos Açores? Será que é desta que os cerca de 1000 idosos à espera de vaga em um lar verão a luz ao fundo do túnel? Será que, nos próximos dois anos, o sistema de saúde deixará a situação de caos organizacional, gestionário e financeiro? E mais e mais...
É por isso que o povo já não vai em paleio. Mais do que as designadas "obras públicas", com inaugurações a preceito, banda e discursos, o povo quer a solução de outros problemas que têm a ver com a sua vida, com alguma felicidade enquanto por aqui andarem. Quem desviar olhar desta realidade, como diz o povo, "está feito ao bife"!
Ilustração: Google Imagens.

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