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terça-feira, 16 de janeiro de 2018

SERIA PREFERÍVEL, MENOS VISITAS, MENOS PALAVRAS E MAIS GOVERNO


Será que a Madeira ainda tem presidente do governo? A governar não se dá por ele. A máquina parece que funciona mesmo sem o líder e sem alguns outros secretários. O sistema está montado, diariamente, cada um oleia a dita, umas palavrinhas aqui e outras ali, uma afinada orquestra na Assembleia e o número fica feito. É pouco. Às vezes tenho a percepção de uma permanente campanha eleitoral. Uns beijinhos aos velhinhos, umas idas às "casas do povo", uma presença em momentos mais ou menos festivos, convívios e umas inócuas palavrinhas de circunstância é o que está a dar. O Senhor Presidente da República parece ter tido influência. Só que ele não governa, acompanha, sugere e critica quando entende que o deve fazer. O daqui, nas funções que desempenha, só faltam umas selfies, tem tantos dossiês que o deveriam preocupar, porém, a imagem que fica é a de pouco ter a ver com isso. O vice-presidente e os secretários que resolvam.


O problema é que os secretários demonstram andar aos papéis. Atente-se no sector da Saúde, onde, lamentavelmente, pelas mais variadas razões, é notícia menos agradável, quase todos os dias; atente-se no sector da Educação que, tal como um reloginho abre e fecha a horas, repete e repete os erros, sem qualquer rasgo de inovação e de pensamento estruturante portador de futuro; atente-se nos Assuntos Sociais, cuja Senhora Secretária, sempre sorridente, anda por aí a cumprimentar com o chapéu alheio (a Segurança Social é Nacional), desdobrando-se em visitas, todavia, sem uma visão da importância deste vital sector, mormente ao nível das políticas de família, do trabalho com dignidade, da pobreza, da habitação, por aí fora. Teci considerações sobre estes três pilares da governação, e os outros? Que dizer da Economia e das Finanças, por exemplo? Basta estar atento ao que dizem os empresários e a tudo aquilo que é motivo de peças jornalísticas e até de "cartas dos leitores". 
Não escrevo apenas pelo sentido crítico face ao meu posicionamento político-partidário. Faço-o enquanto cidadão, pela constatação dos factos, até porque esta cor política está há 42 anos no poder com maioria absoluta. Era tempo para a Madeira ser outra, não nas estradas e outros equipamentos, o mais fácil de concretizar (desde que haja dinheiro, empreiteiros não faltam), mas no equilíbrio e justiça social, nos diversos sectores estruturantes, na abertura ao mundo, na mentalidade e na capacidade de trazer o futuro ao presente. A Madeira continua com uma Autonomia de papel, com um Estatuto que se fica pelas palavras, é preciso dizê-lo, do ponto de vista institucional, de quase um Estado dentro do Estado, com muita gente em serviços, alguns absolutamente dispensáveis e onde uma clique que se apoderou dos sectores estratégicos faculta a ideia de que tudo é realizado pelo bem-estar do povo. A prova está aí, nos desequilíbrios, nos gastos supérfluos, no não atendimento das prioridades, na gritante e muitas vezes escondida pobreza, na despesa pública e no preocupante desordenamento territorial. Hoje, questiono, ninguém é capaz de prognosticar a Madeira a dez, quinze, vinte anos! Simplesmente pela ausência de rigoroso planeamento. A Administração da coisa pública é feita ao dia, à semana e ao mês. Com alguma benevolência, de orçamento em orçamento, porém desarticulado de um objectivo maior. Preocupante.
E enquanto isto acontece, a agenda dos governantes e do grupo parlamentar da maioria continua preenchida com uma ida ali, outra ao virar da esquina, umas palavras de circunstância, umas decisões em plenário sobretudo para apoios associativos, porém, aquilo que se me afigura determinante muito pouco acontece. Ora bem, seria preferível menos visitas, menos palavras e mais governo.
Ilustração: Google Imagens.

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