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quarta-feira, 30 de maio de 2018

DESABAFO AO CORRER DO PENSAMENTO


Quando se relega a qualidade, permite-se que emirja a mediocridade. É assim nos governos, nos partidos políticos, nas instituições públicas e até mesmo nas privadas, se bem que aí a conversa seja outra! São tantos os interesses que se movem: por uns euros a mais no salário ou por uma posição de alguma relevância, nem conta dão da sua impreparação. Interessa é abrir o caminho e ultrapassar, se necessário for, espezinhando, difamando, rebaixando, denegrindo por meios subtis ou mesmo descarados, a imagem e a qualidade de outros. De facto, os olhos da incompetência turvam. 


Da minha bancada da vida, assisto a processos onde parece valer tudo, desde a compra de pessoas, passando pela promessa e terminando na vingança servida de forma fria e até cruel. Corrupção pura de alto-a-baixo que já enoja. Mas há quem se dê bem no jogo de sombras. Se são felizes, não sei!
Por outro lado, os conflitos que deveriam ser funcionais acabam por assumir um carácter disfuncional. Entre o crescimento e afirmação, empresarial ou qualquer outro, e o interesse pessoal, o quadro disfuncional tende a prevalecer em relação àquele. Pouco interessa que uma instituição, qualquer que ela seja, fique ferida, pois mais importante é o caminho da sobrevivência pessoal. É o domínio do egoísmo, da angústia e de uma certa raiva que não permitem amar de verdade a instituição para a qual trabalham. Tampouco as pessoas. Neste contexto, os amigos ou colegas não existem, melhor dizendo, tornam-se descartáveis depois de utilizados. 
Laurence J. Peter (1919/1990) continua a vir à colação quando se fala de competência vs incompetência: “numa hierarquia, todo funcionário tende a crescer até o seu nível de incompetência”. Pois é. Poderiam ter bons desempenhos no seu galho de trabalho ou de influência, mas aspiram mais, mais e mais, ao ponto da ambição cegar as limitações que transportam. Não esperam que sejam, paulatinamente, reconhecidos, antes, por ínvios caminhos, tentam chegar à frente e conquistar posições, mesmo que os castelos sejam de areia. Os outros, os castelos de verdade, dão muito trabalho, porque implicam, antes de tudo o resto, conhecimento, depois, dedicação, perseverança, capacidade criativa, bom senso, seriedade, honestidade, humildade, um enorme respeito pelos outros e uma grande obediência a princípios imutáveis e a constantes valores éticos. 
Joseph Roth (1894/1939), jornalista e escritor, sublinhou que “não existe nobreza sem generosidade, assim como não existe sede de vingança sem vulgaridade”. É isto mesmo, em tantas situações, assisto à vulgaridade, à incompetência altifalante e a uma sede de vingança. Para quê, quando a vida é tão curta? Uma nova mentalidade, precisa-se! 
Ilustração: Google Imagens.

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