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sábado, 10 de novembro de 2018

BRINCAR COM OS EMIGRANTES


O vice-presidente do governo da Região da Madeira visitou a África do Sul, cidade do Cabo. Acabei de ler, no DN-Madeira, que, segundo o governante, os objectivos foram "plenamente cumpridos". E quais foram, em síntese: "ouvir as preocupações", "contacto com as gerações mais novas", "envolvimento da comunidade com a Região", "reunião com o Deputado Many Freitas", "verificação da actividade empresarial dos madeirenses", "aferir a necessidade de valorizar o ensino do Português", "transmitir a proximidade entre o governo regional e a comunidade abrindo a porta aos problemas dos emigrantes", "necessidades dos mais carenciados" e "contacto com o Cônsul Geral". Perante isto, só me ocorre concluir que continuam a brincar com os emigrantes.

Só faltou o habitual ramo de flores
junto de Bartolomeu Dias.
Revisitei os textos deste meu blogue (em parte são um pouco da história da minha vida) porque todos aqueles objectivos assumidos como "plenamente conseguidos", faz agora 20 ANOS (regressei no dia da abertura da Expo-98) foram todos, um por um, aqueles e muitos mais, motivo de uma visita partidária à África do Sul. Naquele texto (2016) refiro: "Não concedo o benefício da dúvida, tantas foram as promessas ao longo de quarenta anos. Os emigrantes têm dado jeito para deles se falar, para reunir e manter uma agenda de preocupações, todavia, por aí ficam as boas intenções e as palavras circunstancialmente ditas. Aliás, pergunto, quantos congressos foram realizados, quantas actas escritas e rubricadas, quantas visitas o presidente do governo da Madeira empreendeu às comunidades (até para se despedir...), quantos jantares e discursos foram realizados com mil e uma promessas, quantos secretários andaram pelas comunidades visitando clubes, associações de caridade, academias, paróquias e participando em festas populares? Resultado? Zero respostas aos problemas (...)". 
E de que valeu o Encontro das Comunidades Madeirenses realizado, no Funchal, em 2015? Zero! Mas, na altura, foi salientado pelo secretário que tutelava as comunidades: "(...) este encontro visa, em primeiro lugar, vos ouvir" (...) porque é importante "ouvir as vossas opiniões e sobretudo as vossas sugestões no que diz respeito ao futuro da Região e a sua relação com as nossas comunidades". Perguntar-se-à quais as consequências práticas desse encontro e de tudo o que está lá para trás? É caso para dizer que andam a brincar com os emigrantes. Só ouvem. Chega. Se não têm meios para resolver os problemas, alguns graves e profundos, julgo que ao contrário do que disse, o governante é que deveria ouvir os emigrantes dizerem: "não aceitamos que nos ponham os pés em cima". Por educação, não o disseram!
Regresso ao texto que publiquei em 2016: "(...) Fico por aqui porque me invade um sentimento de tristeza face a tanto folclore realizado (encontros e congressos) mas sem um fio condutor e uma consequência visível. E conto-vos uma brevíssima história que espelha o abandono. Estávamos em Valência (desta feita em uma visita à Venezuela) onde fomos recebidos no Centro Social Madeirense. À hora de almoço esperava-nos toda a direcção. Vieram os discursos e à despedida, um dos directores olhou-nos e disse de forma amiga mas directa: "não façam como muitos que aqui vêm mamar um almocinho e depois nada feito"! 
Ilustração: Google Imagens.

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